Cacilda! Fizeram o moto-perpétuo!

Calma. Quando eu começo um post falando a palavra moto-perpétuo metade dos leitores “pé no chão” arrancam seus cabelos e já preparam o dedo para por em riste na minha cara dizendo que isso é impossível. De fato, estou ciente que o moto perpétuo, ou moto-contínuo é uma impossibilidade teórica.

Infelizmente, à luz da Ciência atual, a ideia de um moto contínuo é uma impossibilidade, porque violaria, necessariamente, ou a primeira, ou a segunda lei da termodinâmica. A primeira lei estipula a conservação da energia, afirmando que a energia pode mudar de forma mas não pode ser criada nem desaparecer. Por isso, segundo este conceito, nenhum dispositivo pode fornecer, de forma permanente, mais energia do que recebe. A segunda lei tem diversas formas, mas basicamente, afirma que o calor não pode fluir de uma fonte fria para uma fonte quente, sem que lhe seja fornecida uma energia externa. Ou que a entropia (a desordem) de um sistema isolado não pode decrescer.

Mas será mesmo?

Os dogmas da ciência podem e devem questionados. Se não o fizéssemos ainda pensaríamos que o sol gira em volta da Terra e não teríamos nem descoberto a energia nuclear.

Milhares de pessoas já dedicaram suas vidas a conseguir isso, alguns alegaram que conseguiram, para depois serem desmascarados com enganos, burrice simples ou fraudes. Um dos mais famosos perseguidores do moto-contínuo do mundo, foi ninguém menos que o Leonardo Da Vinci. Artista, gênio, visionário, encarnação passada do Chuck Norris, e mais um monte de adjetivos fodaços que você puder imaginar.
Leonardo da Vinci, abordou este tema e desenhou alguns dispositivos engenhosos, que, à primeira vista, até parecia que podiam funcionar, mas ele acabou por desistir. Da Vinci não conseguiu fazer a maquina que funcionasse para sempre. Talvez porque em seu tempo, em mil quatrocentos e setenta e bolinha, o conhecimento científico era rudimentar, e fazer algo mais espacialmente legal poderia ser considerado bruxaria, te render uma retratação publica, uma negação a Satã e se bobear, de brinde, uma fogueirinha básica.

Hoje, um homem diz que fez a tal maquina. Um homem que certamente vai te lembrar um misto de Donatello com Leonardo Da Vinci, chamado Reidar Finsrud. O cara é um artista noroeguês (foda aliás) que diz que fez, no porão do seu estúdio, a tão sonhada maquina. E para (nossa) surpresa já convenceu físicos que ela funciona mesmo. Desarme-se dos preconceitos e veja o vídeo com a mente aberta.

Ele pode estar errado e a maquina não ser de moto perpétuo? Claro que pode. E é nesta parte que a pesquisa está hoje.

O video da máquina de Reidar é parte deste documentario aqui:

Pra falar a verdade, eu estou cagando se esta maquina do cara tem movimento perpétuo ou restrito a uns dez mil anos. O que eu acho lindo neste projeto é o visual quase renascentista, com essa esfera de aço polida rodando, pêndulos… Meu, isso é muito lindo.

Pessoalmente, minha convicção é que a maquina se trate de um sistema muito bem calibrado de otimização de energia. Mas duvido que ela gere energia ou mesmo que seja perpétua. Afinal, se você tem partes móveis, você tem fricção, e se você tem atrito, você tem uma conversão de mecânica em energia térmica. Isso significa que, eventualmente, mesmo que leve um tempo (baixa fricção), ela tende a abrandar. Agora, também me parece que os ímãs com o tempo tendem a perder eficiência e isso certamente afetará a maquina de alguma forma, mas provavelmente não estaremos vivos para ver algo assim acontecer.

Por outro lado, me parece que a bola deveria a princípio, rodar ali cada vez mais rápido, não manter a mesma velocidade.Se o movimento perpétuo é uma impossibilidade, é ainda menos provável que o engenho manteria a mesma velocidade. Isso porque ao manter constante a velocidade implica que a máquina está a produzindo energia suficiente para superar o atrito. E é óbvio que o atrito aqui não é zero, pois a bola não levita no vácuo.

Se o atrito não é zero, então máquina deve estar a produzindo uma quantidade de energia que corresponde exatamente às perdas com o atrito. Mas não vejo como que o cara calibra uma porra dessas sem ser um imortal.
Tudo bem, talvez seja somente uma burrice minha, mas as perdas de atrito se manifestam com a produção de calor. Se a maquina estiver funcionando a frio, isso é, não produzindo calor, já vai ser algo acachapante. Se for este o caso, então, é extremamente improvável que a maquina esteja conseguindo anular o atrito natural do sistema. Se é uma máquina normal, gerando atrito mesmo, a bola deveria desacelerar. Assim, se a bola acelerar, os pêndulos ficarão mais e mais agitados, e todo o sistema avançará para uma produção maior de energia.

Na real, acho que é bom ter o pé atras com essas alegações extraordinárias. O fato do cara guardar sua maquina no cofre e não liberar os planos para geral pelo mundo construir a sua e verificar já me deixa incomodado, porque guardando segredo em cofre, até o David Blaine me convence que ele faz energia do nada. Não sei até que ponto este documentário não é uma obra de ficção. Agora esta na moda esses documentários que vendem ficção com sabor de realidade, (vide o das sereias, que ate hoje tem gente acreditando) e pode ser apenas uma piada de um senso de humor bizarro, um senso de humor noroeguês, talvez.

Seja realidade ou ficção, seja a maquina uma obra prima do engenho humano e a prova cabal que o ser humano é capaz de “pensar fora da caixa”, o que eu digo é o seguinte: O cara é um puta escultor! Se ele também é um inventor nesse grau aí, ele deve ser o Da Vinci reencarnado.

Quem me deu a ideia deste post foi o meu amigo Victor Resende.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Tem um episódio do Fronteiras da Ciência que aborda o tema do Moto Perpétuo, e quem tiver interesse no assunto eu recomendo ouvir:

    http://dstats.net/download/http://www6.ufrgs.br/frontdaciencia/arquivos/Fronteiras_da_Ciencia-T04E27-MotoPerpetuo-02.09.2013.mp3

    Os professores fazem até uma observação bem pertinente, que se o moto perpetuo for realmente feito, a menor implicação dele seria a geração de energia, porque ele abalaria as bases da física e do conhecimento do universo.

    E se o cara não libera o equipamento ou como construí-lo então fica muito difícil acreditar nele.

  2. Ahhhh, isso que desanima, poxa, o cara tem potencial pra mudar tudo ai esconde o negócio numa geladeira? Só isso já me faz não botar fé no negócio, já pelo menos patenteou isso? Não dá para botar fé mesmo.

    • Creio que não seja patenteado, porque os escritórios de patente negam toda patente que sugira que é possível o moto perpétuo. Veja o documentário que eles falam sobre isso. Ao que parece, o cara esta com o treco no cofre pq teme que roubem ou danifiquem a maquina.

  3. Mas e a energia que foi gasta para criar as peças de toda a máquina, inclusive a extração dos minérios e retificação das peças… Se o balanço de energia empatasse daqui por diante, já teria um delta negativo considerável devido a confeccção da máquina.

    E quem está fornecendo a energia para o funcionamento indiretamente é gravidade a Terra que também com o tempo tende a se comprimir mesmo que infinitesimalmente e irá desestabilizar o equilíbrio da máquina.
    E os imãs também irão descalibrar a máquina pois seus íons irão se aquietar no limite tendendo ao infinito. E a medida que o interior metálico da Terra resfriar também diminuirá a interação e modificará o equilíbrio do campo com os imãs.

    Bom, deve ter mais coisas para ponderar, claro, posso também estar errado…

  4. Incrível!, eu faço faculdade de engenharia e há um tempo atrás nós tivemos que fazer algo parecido, claro que nós inclusive o professor sabia que a parada não ia funcionar, mas a ideia era a seguinte : se realmente fosse possível fazer um motor assim que fosse capaz de geral eletricidade para qual finalidade vc o colocaria para fazer? , tinha que fazer uma coisa bem feita mesmo não funcionando e fazer um relatório valendo pontos + 1000 reais. Como você mesmo disse Philipe eu tenho certeza de que ela não gera energia , mas acho que se ela for real e que se for feita em escala maior, talvez seja possível, mas eu também concordo que ela nao fiquei ali girando eternamente em um certo momento eu acho que o negocio vai parar.

    • ORA, SE A ESFERA SE DESGASTAR COM OS MOVIMENTOS, TROCA-SE A ESFERA. E OS TRILHOS DA MESMA FORMA. QUAL É O PROBLEMA?
      EU ACHO É QUE NÃO TERÁ FORÇA E NEM VELOCIDADE PARA GERAR ENERGIA. POIS A MÁQUINA FUNCIONAR COMO UM BRINQUEDINHO SÓ? E CARO NÉ???? ISSO ESTÁ IGUAL AO CARA QUE INVENTOU O MOTOR A AR… SIM, E AI???? A MÁQUINA PAR QUE SERVE, SE NÃO TEM FORÇA? GRATO STOESSEL

  5. O desgaste material é uma coisa, o desgaste energético (que envolve o atrito) é outra coisa. O desgaste material é quase inevitável, por isso, só se leva em consideração mesmo a questão energética. Pessoalmente, acho que esse cara é a mesma coisa que uma criatura famosa da mitologia nórdica: Troll.

  6. Já vi alguns vídeos no YouTube mostrando motos-contínuos com rodas girando com o magnetismo gerado por Neodímios (impossível de saber se é verídico). O que eu acredito realmente é que existem maneiras de se fazer máquinas extremamente eficientes à ponto de durarem anos, talvez séculos se auto movimentando. Mas a partir do momento em que colocamos o “peso” de um gerador, por exemplo, mesmo respeitando as escalas já não seria algo viável.

    A questão é exatamente a que foi dita no post, imãs se desgastam e uma hora ou outra perderão o magnetismo. Continuo com a teoria de que pelo menos gerar energia de forma viável com um moto-contínuo é ainda algo impossível.

  7. Indo de achômetro só de olhar a máquina parece estar utilizando energia da rotação do planeta, vejam efeito Coriolis e também o pêndulo de Foucalt. As leis da física permanecem tranquilas.

  8. Parabéns pelos posts, muito interessante e bem escrito sempre!.

    Olha isso aqui: http://www.rarenergia.com.br/
    Os caras parecem que falam sério, tenho um amigo que já visitou as instalações deles.

    Não acredito que irá funcionar, pra mim isso contraria as leis da física, mas…

    Abraços,

    Maurício

  9. Ímas poderosos contêm muita energia armazenada. Certamente essa máquina está utilizando essa energia, de uma maneira eficiente, claro, como um relógio que pode ficar anos funcionando com uma bateria, mas uma hora ela acaba.

  10. E verdade.estou a tentar encontrar documentos para apatente…mas ninguem me houve.pourque e por ser pobre?se nao der certo vou continuar a ser pobre e vou mostrar a todos como é.com dinamo de bicicleta…nao para

  11. amigos, tentem isso, e se tiverem algum exito de um retorno,ok? imaginem uma camara com um gas, que a partir de um diferencial de temperatura, ele se expanda ou se liquefaça, ok? ai, independente do tamanho do aparelho, se o gas ficar liquido por diferença de temperatura na parte de cima, ele pesará e fara descer, encontrando temperatura maior em baixo, expandira novamente. o principio e simples , mas ai fica por conta ok? 50 kilos de gas expandido, e so uma nuvem, mas ele liquefeito, sao 50 kilos de peso, no sentido e na posiçao que vc determinar pela diferença de temperatura, que pode ser usada assim: o proprio gas de geladeira, gela o congelador e aquece o radiador, gera calor e frio em um unico sistema, o que pode ser usado neste circuito que estou expondo. Isso e só coisas que ja existem e teem funcionamento comprovado, so falta usa-los de maneira conjunta. se interessar pesquizem e verão se e possivel ou nao. abraços.

  12. muito interessante. o impulso dos imãs move os 3 pêndulos e ao mesmo tempo impulsiona a bola. o que define se a máquina é ou não um moto perpetuo e a circunferência percorrida pela bola e o posicionamento dos imãs nos pêndulos. essas duas variáveis são calculadas de modo a fornecer exatamente a mesma quantidade de energia perdida com o atrito. Isso resulta em variáveis mecânicas como o pêndulo, variáveis magnéticas e variáveis cinéticas que podem diminuir os erros de precisão de cálculo dividindo-os entre vários aspectos e assim minimizando-os. Isso amplia e muito o funcionamento da máquina pois ela se alto balanceia. Na minha opinião ele conseguiu chegar o mais perto possível num ambiente gravitacional. Claro que não é um moto-perpétuo pois o atrito fará a bola de metal ser corroída pelos trilhos e vice-versa assim como ocorrerá perda gradativa do magnetismo dos imãs e corrosão dos pêndulos. Bom, acho que ele está colocando a prova seu invento sem interferência e mantido em funcionamento para verificar sua eficácia. existem muitas máquinas aparentemente perpétuas e a dele, para ser realmente considerada uma melhoria, terá de manter o balanceamento de forças com o mínimo de atrito possível em relação a outros protótipos.

  13. Mesmo absolutamente sem atrito ainda assim há perda, se houver interação gravitacional. O Planeta Terra, por exemplo, está desacelerando a Lua, e ela é uma bola no vácuo. Nem mesmo assim se pode falar em conservação de 100% da energia.

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