Argentino ganha prêmio Petrobrás de arte sem nem ter mandado a foto da sua obra

Foi isso mesmo que você leu no título, véi! O argentino lá ganhou o prêmio da Petrobrás sem nem sequer ter mandado a foto do trabalho dele.

Meu prezado leitor;

Ante tamanha bizarrice, apelo para sua paciência em entender um pouco do que aconteceu ao invés de concluir de cara o que parece óbvio:

TEM 171 aí! 

Na verdade, o Brasil é um país tão ridículo em certas (muitas) coisas que eu chego a me constranger de pensar que talvez seria ate melhor se fosse um ato deliberado de má fé. Mas parece ser um simples caso de burrice em enésima potência.

Vamos à notícia, direto do portal do Edir Macedo:

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O artista argentino Enrique Ježik ficou surpreso com a notícia de que receberia o equivalente a R$ 223 mil (US$ 100 mil) por ganhar o Prêmio ArteBA-Petrobras de Artes Visuais, com seu trabalho “Aguante”, segundo noticiou a imprensa argentina.

O espanto de Enrique se deu porque, para participar do concurso era necessário que os artistas enviassem uma fotografia de uma de suas obras de arte contemporânea, mas o artista se esqueceu de anexar o arquivo da imagem.

Eu honestamente fui pego de surpresa. Reclamei por uma semana quando percebi que não tinha anexado o arquivo no e-mail de inscrição. Ainda não sei o que pensar.

Macchi Jorce, um dos membros do júri, disse que eles interpretaram

“isso como um ato ousado, uma espécie de performance que transcendeu os limites físicos da arte”

Carlos Alberto Da Costa (esq.), diretor da Petrobras argentina, o artista Enrique Jezik (centro), e Facundo Gómez Minujin (dir.), presidente da arteBA Reprodução/minutouno.com
Carlos Alberto Da Costa (esq.), diretor da Petrobras argentina, o artista Enrique Jezik (centro), e Facundo Gómez Minujin (dir.), presidente da arteBA
Reprodução/minutouno.com

— [Foi] um desafio para as próprias bases do concurso, que buscava algo físico, um arquivo digital, mas que no final das contas é apenas e sempre uma ideia.

O curador mexicano Cuauhtémoc Medina, outro dos jurados, afirmou que “nós gostamos da ideia (…) tivemos a sensação de que ele estava quebrando o mundo digital, e foi uma atitude corajosa”.

Apesar da felicidade por receber o prêmio, Enrique declarou que se sentia “chateado porque pensaram que esse era o meu trabalho”.

— Me fez pensar se eu teria ganhado com o que, de fato, era o meu trabalho.

Nascido na província argentina de Córdoba, atualmente o artista reside na Cidade do México.

O dinheiro do prêmio, patrocinado pela Petrobras, poderá ser usado pelo artista para financiar suas próximas obras ou desenvolver novos trabalhos fora de seu país.

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É verdade que a arte contemporânea gosta que quebrar barreiras, e quando não consegue, inventa suas próprias barreiras para quebrar, ou na linguagem do povo, “engrupe os otários”. Um bom exemplo disso, da não-arte, é o caso da mulher (imbecil) que comprou um quadro de dez mil dólares onde não tinha nada pintado, era uma moldura sem tela, que ela disse ser uma “obra prima”,  onde a exemplo da fabula “A roupa nova do rei”  do  Hans Christian Andersen,  você mesmo imagina a beleza da tela na sua mente.

Acredite ou não, em pleno século XXI ainda tem gente que cai nisso.

Como não dizia o famigerado criador de um dos mais famosos circos de aberrações e bizarrices do século XIX, P.T.  Barnum,

 Nasce um trouxa por minuto.

A frase sempre foi atribuída a ele, mas na verdade não é dele. No entanto, essa frase que entrou para a história como uma verdade inalienável e inquebrantável regra sobre a humanidade, comprova-se mais uma vez aplicável no caso deste lindo prêmio.

Caso essa merda aí não seja mais uma daquelas notícias fakes que toda semana surgem do nada, o que eu não duvido, é surreal mas altamente possível, dada nossa endêmica esculhambação em tudo.

Não é possível que uma comissão de jurados não tenha parado para pensar que o cara poderia ter simplesmente esquecido de mandar a foto da obra e graças a isso, violado as regras do concurso e por conta deste detalhe que muda tudo, não poderia se sagrar vencedor mesmo que sua suposta ideia que só existiu na mente fértil e abilolada da comissão julgadora fosse real.

Mas aí chegamos no cerne da questão. Erros grotescos como este, são até perdoáveis quando rapidamente reparados. Mas no momento em que o AUTOR assume publicamente que ESQUECEU DE MANDAR A FOTO DA OBRA, o que imediatamente implica no fato de que o não envio se trata de um equívoco e não uma deliberada forma de não-arte, como o tal quadro que você imagina a pintura que quiser,  então estamos diante de um pouco caso com um dinheiro de prêmio, que em último caso, não deveria ir para o autor.

Na minha opinião, a comissão julgadora é néscia, burra, energúmena. Mas o autor é um calhorda. Por que?

Porque se você sabe que seu engano causou esta situação ridícula, se você sabe que foi premiado por uma ideia que não é seu trabalho e você aceita o prêmio, você está CIENTE que este dinheiro não veio pra você por merecimento. Uma pessoa coerente e HONESTA devia recusar esta merda de premio e ainda esculachar a organização do evento. Não aceitar a grana com esta cara de apatetado, se fazendo de sonso numa de “bom, se estão me dando, né? Então tá…”

O fato é que essa comissão técnica não podia JAMAIS premiar este cara, não apenas porque ele assumiu que não teve a tal, como é que o estrupício falou mesmo?

 “…isso como um ato ousado, uma espécie de performance que transcendeu os limites físicos da arte””

E mesmo que a intenção fosse aquela que o juri pensou que fosse, sem apurar, sem validar essa ideia, saíram premiando de cara.

Essa porra é uma burrice, uma cagada épica que transcende os limites da irracionalidade.

Como que pode, uma empresa do porte da Petrobrás entrar numa furada monumental dessa? Um prejuízo de imagem desse? É uma coisa tão tosca, tão primária, que a gente só pode rir pra não chorar.

Faz tempo que a arte que chamamos de contemporânea já não é lá essas coisas, é verdade. Cocô enlatado, tubarão empalhado, palitos jogados, quadros não existentes…  Mas chegar neste ponto, vou te contar. Este é o retrato claro da falência intelectual de toda uma geração.

EU FICO PUUUUUUTO COM ESSAS MEEEEEERDAS!

[box type=”warning”] Assim que o post caiu nas redes sociais, o R7 tirou a matéria do ar. Dada a bizarrice do caso, é bem provável que eles tenham caído -de novo- em uma notícia inventada, já que toda semana eles caem. Seja como for, real ou não, pouco importa, já que não me espanta se isso for verdade mesmo. A arte contemporânea tá de lascar e este é o tema deste post. Até o momento eu não consegui descobrir se isso aconteceu realmente ou alguém inventou. Pelo menos no tal minuto uno está lá, https://www.minutouno.com/notas/293947-se-olvido-adjuntar-un-archivo-y-gano-un-concurso-arte mas é tão surreal que recomenda os bons modos na net que vc desconfie sempre.[/box]

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Olha…um Argentino, que vive no México e ganha uma premiação de uma empresa Brasileira…tudo bem que a Petrobrás tá no mundo inteiro, mas só de ler essa soma toda aí eu já fico com um pé atrás.

    Outra coisa: eu devolveria esse prêmio no exato instante que soubesse dele, fala sério, o cidadão vai mesmo aceitar isso aí? É ridículo, é assinar em cartório que ele não tem capacidade pra fazer nada que preste realmente.

  2. Esse caso me faz recordar de outro, um quadro azul com um risco branco no meio, que foi vendido por (muitos) milhões. Segue o link de uma notícia sobre ele: http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/quadro-de-barnett-newman-e-vendido-por-us-43-84-mi. Mesmo não conhecendo pouco sobre o assunto, me arrisco a dizer que um quadro desse está muito caro. Se isso for considerado arte eu me arrependo de não ter guardado meus desenhos da época do primário. Ia ganhar muito dinheiro hoje! Parece que a busca por algo criativo e inovador está tão enlouquecedora que qualquer “coisa” se transforma em uma obra-prima, hoje em dia.

  3. hoje me dia, aliás, SEMPRE, se você faz nome, basta coçar a bunda suja e limpar o dedo de bosta,erhhh, digo XD , esfregar uma vez o dedo como pincel na tela em branco pra dizer que é arte e vender no preço de “seu nome” e não no valor de sua obra …

    o ruim é ver que muitos “ganham nome” / notoriedade por terceiros e cometem essas atrocidades (não)artísticas que vemos por ai… pinta 1, 2, 3 cores de qualquer jeito e ganham rios de dinheiro…

    é tão tenso, que até algo resultante disso:

    http://www.youtube.com/watch?v=wnZr0wiG1Hg

    seria considerado arte…

    (pra quem não lembra, esse comercial foi foda, ilustra direitinho o que o zune foi como produto para Microsoft… XD )

  4. Arte contemporânea , abstrata e essas frescuras todas que chamam de ‘arte’ é 50% pose do artista , 49% imaginação fértil de quem admira a obra e 1% arte de verdade , isso quando não é 0% mesmo como no caso das obras ao estilo “vaca no pasto” do Chaves . . .
    Se a pessoa for um bom poser é só jogar um pouco de tinta de qualquer jeito numa tela porca fazer cara de intelectual e dizer palavras difíceis pra definir o significado da pintura . . . pronto , alguns milhões no seu bolso porque sempre tem um imbecil que paga por esse tipo de historinha , já que o significado vale mais do que a obra em si .

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