A livraria mais estranha do mundo que só tem 1 livro pra vender

Eu adoro livrarias. Posso passar horas e horas dentro de uma. Seja livraria de livros novos, como essas enormes que tem surgido ultimamente, ou um simples sebo. Aliás, poucas coisas me agradam mais que o cheiro de livros velhos. Por isso sou rato de biblioteca.

As livrarias evoluíram muito de uns tempos pra cá. Antes eu era praticamente enxotado da livraria quando parava lá depois da escola. Hoje as livrarias oferecem sofás confortáveis e até cafés para os clientes ficarem ali, criando raízes. Uma das livrarias mais incríveis que eu já fui na vida fica em um teatro abandonado, em Buenos Aires. O teatro deu lugar a uma livraria simplesmente sensacional, com um acervo gigantesco, e um café de primeira. Ela se chama El Alteneo.  Enquanto nossos teatros e cinemas de rua deram lugar a igrejas evangélicas onde espertos sugam dinheiro do povo, lá esse lugar pelo menos virou uma belíssima livraria. Ir a Buenos Aires e não ir nesse lugar é pecado mortal. Veja as fotos:

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Agora, em termos de livraria esquisita, essa aqui que vou mostrar agora, é a mais estranha que eu já vi.

A livraria que só vende 1 livro por vez

Os caras levaram a antológica afirmativa de que “o excesso de oferta confunde o comprador” a sério.

O livreiro japonês Yoshiyuki Morioka surgiu com este bizarro conceito altamente incomum para uma livraria – ele vende um livro de cada vez em uma pequena loja localizado em Ginza, distrito de compras de luxo de Tóquio. Desde que lançou a loja em maio, ele tem abastecido sua livraria com cópias de um único título por semana.

Você pode argumentar que com um só livro disponível, o negócio desse senhor não é exatamente uma livraria, já que lá você não pode entrar e passar pelo menos algumas horas navegando através de centenas de volumes. Mas Morioka diz que não está nem aí. Ele nunca teve a intenção de criar uma livraria clássica. Seu estabelecimento funciona como um guia de ‘sugestões de leitura’ – você simplesmente entra e pegar o livro escolhido para aquela semana, e se sente aliviado por não ter ônus da escolha. Morioka disse ele teve essa ideia depois de organizar vários lançamentos de livros em sua antiga livraria.

“Antes de abrir esta livraria em Ginza, eu tinha sido empresário de uma outra em Kayabacho por 10 anos”, disse Morioka ao jornal The Guardian.

“Lá, eu tinha cerca de 200 livros em estoque, e costumava organizar vários lançamentos de livros por ano. Durante tais eventos, um monte de pessoas visitavam a loja por causa de um único livro. Como eu experimentei isso há algum tempo, comecei a acreditar que talvez com apenas um livro, uma livraria poderia ser rentável. “Para financiar a loja, Morioka vendeu sua enorme coleção de propaganda de guerra japonesa, famosa pelos gráficos fortes.

Minimalismo ao cubo

Como seria previsível, a loja é minimalista. Com paredes de concreto e teto mal coberto por uma fina camada de tinta branca, e o piso também de concreto, mas este cru, ela é só um espaço vazio. Uma caixa vintage de gavetas funciona como um balcão, enquanto uma mesa frágil no centro exibe o único título da semana.

Morioka-bookstore

De acordo com Morioka, seu conceito tem uma vantagem clara: a livraria pode servir como uma exposição para o livro e seu mundo, permitindo a história vir direto para os clientes. “Por exemplo, quando a venda de um livro sobre flores, na loja poderia ser exibidas flores que realmente aparecem no livro”, disse ele. “Além disso, peço aos autores e editores para estar na livraria por tanto tempo quanto possível. Esta é uma tentativa de tornar o livro, que é bidimensional em ambiente e experiência tridimensional.  Acredito que os clientes ou leitores, devem sentir como se eles estivessem dentro da obra.

Não está claro como Morioka faz a escolha de quais livros ele vai mostrar e vender, mas seu conceito tem sido muito bem recebido – ele afirma ter vendido mais de 2.000 livros desde maio. “O conceito deste livraria parece ter ganhado a simpatia de muitas pessoas, e eu recebo um número expressivo de visitantes de todo o mundo”, disse ele.

livrariabizarra

Morioka é uma das pessoas old school que acreditam fortemente que os livros nunca saem de moda, apesar de a infiltração de ebooks no mercado. “Um livro é um objeto físico com a atração especial que foi, é, e será sempre o mesmo”, ele insiste. “Muitos vão continuar a utilizar os livros físicos, especialmente como uma ferramenta de comunicação.”

Eu concordo com ele quanto a isso. Hoje é possível ler em diferentes suportes, mas o livro físico é mais que apenas um suporte para leitura.

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. uma curiosidade sobre o El Ateneo, na verdade é uma franquia e essa loja do post é a maior, abrigada dentro do antigo teatro Gran Splendid, mas existem outras que tambem sao feitas dentro de teatros menores tao bonitos quanto, e eles utilizam isso como branding, ja que mesmo as lojas da rede que nao sao feitas dentro de teatros tem uma decoracao inspirada no estilo colonial tambem.

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