A fúria

A agonia dos anjos estremeceu o céu
Escurecendo a alma dos mentecaptos
O fogo consumia  a última folha do papel
E o sangue gotejou no mato, para a alegria dos carrapatos

O sol não surgiu quando deveria
A Terra tragou os resquícios da luz
E a tristeza de uma agonia fria
Foi o que restou à carne, para alegria dos urubus

As folhas secas se espalharam pelo ar
Perfumando a morte e decorando as rochas
Enquanto o peito das pedras ainda insistia em pulsar
estendendo abismos, para surpresa das minhocas

Não teve choro, não houve lamentar
Os trovões explodiram nos céus escarlates
E os raios refletindo no mar
que já secava, para desespero das jubartes

O deserto tragou as cidades destroçadas
As areias cobriram as lembranças intactas
e engolfaram os corpos das pessoas ressecadas
fazendo a alegria das baratas

Quando a vida enfim cessou, num fraco suspiro do vento
Sem esperança, ou pensamento
Sem choro, lamento ou emoção
Na imensidão cósmica do firmamento
Findava outra civilização.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Cara, na mora, esse poema seu tá mto heavy metal!

    Parecendo letras do Nightwish, Cradle of filth…
    Esse aí daria uma boa melodia, já pensei até em um arranjo inicial e um solo daqueles melancólicos que terminam é frases extremamente velocistas!
    Nessa eu vou ver se crio e te mando! hehehehehe

    Boa

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