O 3d nem sempre é seu amigo

Os diretores de cinema deviam tatuar o título deste post em seus braços.

Não me entendam mal. Eu adoro CGI, eu amo 3d. eu até trabalho com isso… Mas não é porque dá pra fazer uma coisa em 3d que ela deva ser feita. Hoje esbarrei com este video no facebook e ele me lembrou essa máxima. TRata-se de um teste de maquiagem com uma mascara de silicone controlada por servomotor. Este teste de maquiagem seria para o filme “Eu sou a Lenda”, com o Will Smith.

 

 

Bem sinistro, né? Temos que lembrar ainda que isso é um teste e não a cena dum filme, que leva vantagem por ter correção de cor, correção de imagem, luz, composição e o caramba a 4 em cima.

Mas aí os caras resolveram fazer os infectados em 3d, e cagaram tudo.

I-Am-Legend-Zombie

O 3d é super sensacional nas partes da cidade abandonada, repleta de animais selvagens… Mas quando entra na parte dos personagens 3d, é uma decepção enorme.

Em 1997, o diretor de Aliens – Ridley Scott, ia dirigir Eu sou a Lenda e na ocasião, encomendou a Amalgamated Dynamics uns testes de maquiagem para as criaturas vampirescas, que contracenariam com Arnold Schwarzenegger, no papel que mais tarde veio para Will Smith.

Eu Sou a Lenda é (bem vagamente) baseado no livro de Richard Matheson, que foi adaptado para o cinema duas vezes antes da versão com os contaminados 3d e Will Smith, (um filme onde o melhor ator é o cachorro). Os dois filmes anteriores foram Omega Man, com Charlton Heston e o anterior, que e quase uma comédia nos padrões dos dias de hoje The Last Man On Earth com Vincent Price, saca só:

(obs: tem inteiro no youtube!)

Quando a Amalgamated Dynamics apresentou seus estudos de infectados, lá atrás, em 97, eles já eram muito mais maneiros que a bosta tecnológica usada no filme, e a ideia que considero um lixo completo daquele bocão gigante que o monstro abre, completamente fora do realismo, um balde de água fria, que ajuda a foder muito o filme.

Há uma lição que podemos tirar daí! Se você pode solucionar no mundo real, o 3d não vai ser seu amigo. Ele pode até baixar o custo, pode acelerar as coisas, mas se o resultado ficar comprometido, é como abrir buracos no casco do seu barco. Pode demorar mais ou menos, mas ele VAI afundar.

Claro, em 1997 estávamos num certo estágio da tecnologia. Hoje já avançamos muito e o famigerado Uncanny valley, vem sendo constantemente atingido por tentativas de suplantá-lo completamente.
Para alguém que viveu e fez 3d em 1997, é surreal que hoje em dia, um único cara (um cabeçudo chamado Fabrice Visserot) consiga fazer algo assim, sozinho, em casa, for fun, já que isso envolveria milhões de dólares e a mais alta tecnologia disponível na época.

Gollum Project from fab on Vimeo.

Veja como ele fez aqui

Na prática, isso é bem legal e tal. Há outros bons exemplos de 3d que parecem reais…

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Mas a questão é: Você não deveria apelar para o 3d a menos que não tenha jeito de fazer isso de outra forma.

O 3d é legal, é útil pra um monte de coisa, tipo quando um ator morre no meio do filme, como quando o Brandon Lee morreu… Ou quando você precisa, por alguma razão de alguém que simplesmente já não existe mais. É o caso de Audrey Hepburn:

Agora, no caso de Eu sou a lenda, eu acho que vale aquela máxima, se você soluciona bem pra dedéu o monstro com efeito físico, a solução 100% 3d me parece um deslumbramento que mais atrapalha do que ajuda.  Não vejo a coisa como tendo esta ou aquela técnica melhor que a outra, (aliás, sou adepto de soluções mistas) mas  o que importa mesmo é o resultado final. E os monstros 3d do Eu sou a lenda eram, mesmo muito fraquinhos. Espero que talvez um dia façam um remake com efeitos decentes.

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. falando em ressuscitar gente morta, já viu o comercial da Johnnie walker, que ressuscitou o Bruce Lee?
    Tudo bem que ele era abstêmico, mas que ficou foda ficou.
    No mais, ótimo post.

  2. Oi Philipe.
    A uns 2 anos eu concordaria 100% contigo, mas hoje tenho minhas ressalvas. Há muita coisa que pode ser implementada tanto em efeitos praticos quanto em 3D de forma eficaz, mas que no fim acaba sobrando pra visão do diretor.
    Já viu Todo mundo odeia o Cris? Sabe aquele bairro onde ele vive? É tudo 3d. Poderia ser gravado num bairro de verdade ao ar livre? Sem dúvida, e ficaria mais barato até. Mas, em estúdio é possivel controlar a luz e as condições atmosfericas, evitar imprevistos de gravação…

    Outro bom exemplo é o filme Zodíaco. O filme poderia ter sido filmado usando somente recursos tradicionais. Mas, não é. Metade do cenario é fake, e as cenas noturnas foram gravadas de dias pra evitar a granulação do filme.
    Mas, se ninguém contar ninguém percebe.

    Sei lá cara. Acho que o diretor, ou tem que ser um tecnical director ou ter um na cola dele pra ter bom senso na aplicação dos efeitos visuais.

    • Mas então, vc me dá bons exemplos do uso do 3d, que é como eu falei que ele se sai melhor: Em ambientes. Porém, quando se trata de fazer personagens e personagens principais, é difícil a coisa não sair cagada. Claro que tem exceções, como o king kong, stuart little, o Cesar, aquele macaco esperto de Planeta dos macacos, e o proprio Gollum… Mas algumas vezes eu acho que nego exagera e a coisa fica fake demais, pondo a perder a credibilidade da história. Não to dizendo que o 3d seja ruim, pelo contrario até. Quando eles conseguem fazer a parada super realista e convincente eu tiro o meu chapéu mais que todo mundo, pq sei na pele como que é difícil.
      è fato que em muitos casos, o 3d tornou as possibilidades quase ilimitadas, e de uma certa forma isso afetou muito a estética do cinema. Os filmes se tornaram portadores de DDA, praticamente as cenas lentas ou plano sequencia complexo e inteligente foi para o saco. Hoje é tudo meio videoclipe, corte em cima de corte, som de ensurdecer, explosões, um tal de implodir cidade, é detrito voando pra todo lado, é câmera fazendo movimento que chega a dar labirintite…

      • Philipe tá descrevendo algum filme do Bay nesse comentário!

        Um bom exemplo de 3D dispensável : Dollynho – podiam ter usado uma garrafa pet de verdade!

      • Concordo que hoje em dia o ritmo frenético dos filmes foi possível graças ao 3d. Algumas vezes fico imaginando como seriam os filmes atuais sem a ajuda do 3d.

        O 3d ajuda sim, e muito, na composição dos cenários. Mas quando se tem a oportunidade de comparar cenas criadas em computador e filmadas ao vivo, não sei se estou sendo ranzinza, mas essas últimas se sobressaem. Sou muito fã de 3d, mas o 3d ainda tem lá seu jeito artificial de ser.

        Concordo com a matéria acima que os personagens deveriam ser maquiagem ou animatrônicos. Nesse caso, me lembro do boneco Yoda da velha e o criado por CGI. O boneco ainda passa uma sensação de realismo, de algo vivo.

  3. O maior exemplo de 3D fracassado é a cena do segundo filme Múmia

    [youtube]RYHaarxQTFk[/youtube]

    O filme é de 2001 e muita coisa mudou. Uma coisa que me surpreendeu foi saber que no filme “Prometheus” a maioria dos cenários e muitos dos monstros eram físicos. O Space Jockey foi construído de verdade em escala 1:1 (diferente de Alien que fizeram em escala e usaram crianças). É um filme recente que souberam dosar entre CGI e efeitos mecânicos, o resultado ficou ótimo, pena que esqueceram de fazer um roteiro bom.

    Existem muitos filmes recentes que imaginamos que tudo é CGI mas não é, e outros que parece ser tudo cenário, mas não é.

    Pra mim o maior exemplo de equilíbrio entre CGI e efeitos mecânicos é Jurassic Park (o primeiro de 1993) que até hoje, 20 anos depois, continua incrível e supera muitos filmes atuais.

  4. Eu amo 3d. ultimamente comprei uma tv de 55 3d, quero ver todos os filmes possiveis que puder baixar da net.
    Mas na minha opinião tem muitas cenas que não fazem juz ao 3d, principalmente aquelas de muito movimento. 3d fica bem melhor en cenas mais paradas, (acho que é pq dá tempo do cérebro assimilar mais o efeito) do que em cenas muito corridas.
    Agora outro aspecto que eu queria ressaltar era o de que os diretores de filmagens deviam explorar mais aqueles momento em que os objetos se aproximam da câmera ou são arremessados na sua direção. Aqueles efeitos de objetos saindo da tela é muito cabuloso. Na verdade são esses os melhores, divertidos, e mais assustadores momentos da diversão!

    • O 3D citado no tópico não é de imagens polarizadas, isso até Hitchcock fazia com “Disque M para matar” na década de 1950, é uma tecnologia bem antiga, mas sim o CGI, gráficos produzidos em computador para criar os efeitos especiais dos filmes, como cenários e monstros, substituindo pinturas, miniaturas e bonecos de silicicone.

  5. Não sei se você já viu essa Philipe; na verdade a mudança não foi pra 3d, mas é um exemplo legal de como a primeira versão era muito melhor (ao menos na minha opinião) que a posta em ação:

    http://www.youtube.com/watch?v=QEZBhL5lpqg

    A primeira versão do Duende Verde do Spider-man do Sam Raimi, uma máscara animatrônica. Achei simplesmente perfeita, a expressões são aterradoras.

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