A caixa – Parte 40

-Vamos, temos que ir! – Dizia Leonard, meio aflito.

Aquilo me deixou tão puto, mas tão puto, que eu dei um tapa no braço dele, tirando-o do meu ombro.

-Porra! Vai tomar no olho o seu cu, coroa! Olha pra Mara, ela levou um tiro porra! – Eu berrei, ainda segurando a mara no colo.

-Confia em mim, garoto. Não temos tempo a perder! É agora ou nunca! – Ele me disse.

-Vai se foder. – Eu gritei com ele, e me abracei ao corpo da Mara.

Nisso já tinha um bolinho de gente em volta, uma pequena multidão vinha de todos os lados para se aglomerar ao redor do corpo. Eu a abracei e comecei a chorar. Eu tinha passado por poucas e boas por causa daquela mulher, e agora ela iria embora assim. Tudo acabaria tão sem sentido…

-A ambulância vai demorar muito! Não temos tempo, Anderson! – Ouvi a Voz da Cíntia.

-Deixa ela com a gente. Vamos levar ela pro hospital! – Disse um dos professores do Cabelinho no mestrado.

-Levar pra onde? – Perguntou uma senhora no meio do povo. Eram todos falando ao mesmo tempo. Aquilo me deixava transtornado.

-Tem um monte aqui perto, disse o homem, apontando uma placa azul la na frente, que mostrava uma seta indicando diversos hospitais, como o Sírio- Libanês, 9 de julho e etc.

-Vamos garoto! Mexa-se! – Gritou Leonard, me agarrando pelo colarinho do casaco.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, a Cíntia e o tal professor agarraram a Mara e tiraram ela dos meus braços. O homem era forte e pegou a mara no colo. A Cíntia pressionava o ferimento tentando conter a hemorragia. Eu tentei ajudar a levar a Mara até o carro.

-Eu vou também! – Eu disse, sem pestanejar.

Leonard me agarrou pelo braço. -Não vai não senhor! Temos uma missão a cumprir!

-Me solta velho maluco!

-Não fode, moleque! Me obedeça!

Mas no tempo que perdi tentando me desvencilhar do Leonard, que me agarrava o braço, a Cíntia e o professor entraram no carro. Antes deles saírem, a Cíntia me disse que iam levar a Mara para o  Hospital das Clínicas, ali perto do Araçá. Mas se o transito estivesse ruim eles iam tentar o Sírio-Libanês ou algum outro.

O sujeito estava com um carro preto que me pareceu ser um Monza, mas não tenho certeza, porque eu estava muito emocionado, e minhas lembranças eram meio confusas. O carro saiu a mil por hora, cantando pneu, indo direto para a primeira emergência médica do caminho.

Após o carro sair, a multidão começou a se dispersar. Meu coração estava em frangalhos.

-Você fez o certo, garoto! – Disse Leonard, me agarrando pelo braço.

Eu olhei para a cara dele com um ódio enorme. Então, ele fez uma coisa que me surpreendeu. Arrancou a venda do meu olho. Em seguida me deu um imprevisível tapa no meio da cara, de mão cheia, estalado. Eu quase quebrei o pescoço com o tapão que levei. Então, antes que eu pudesse me dar conta, revidei o tapa num espetacular soco na cara dele, jogando o velho no chão.

Ele se levantou, limpando o sangue que escorria no canto da boca.

Eu fui pra cima dele, estava louco de ódio. Leonard representava o saco de pancadas perfeito naquele momento. Tentei dar um novo soco.

Ele agarrou o meu braço, com agilidade surpreendente, me deu uma chave de braço e falou uma coisa incompreensível, que parecia com “tktcah unavrai” no meu ouvido. E aí… É estranho o que aconteceu, mas eu não estava mais lá. Nem ele. Nós dois estávamos agora numa espécie de olho de um furacão. Uma névoa bruxuleante rodava ao nosso redor, distorcendo tudo que havia do outro lado. Eu olhei, sem entender para o turbilhão que nos circundava. Atrás dele eu vi as pessoas, como que congeladas, os olhos arregalados olhando para nós. Os carros estavam parados, não havia vento. As coisas podiam ser vistas mas não eram definidas, parecia como quando o sol aquece o solo e a luz sofre uma perturbação. Tudo era assim, borrado, indefinido e sem cor. No interior do turbilhão, estava o Leonard,puxando o meu braço para trás, me obrigando a curvar-me para não quebrar.

-Calma! Calma garoto! – Ele disse.

-Unhg! Me solta seu filho da puta! – Retruquei.

-Calma! Eu sou a única chance da Mara sobreviver! Mas se você não fizer o que digo, não vai ter jeito!

Aquelas foram palavras mágicas.  Leonard me soltou imediatamente.

-Mas que merda é essa?

-Olha, eu adoraria explicar tudo isso, mas não temos tempo. O turbilhão só vai durar três minutos…

-Você parou o tempo?- Perguntei curioso olhando as finas partículas de distorção que faziam todo o ambiente ao nosso redor dançar como num balé bruxuleante.

Leonard, como costumava fazer, não me deu respostas. Mas fez perguntas: – Está com o sangue aí?

-Sangue?

-Isso, garoto. O que eu te dei na casinha da capela.

-Tá aqui no meu bolso. – Eu disse.

-Presta atenção no que nós vamos fazer. Mas antes, tenho que te dizer uma coisa. Belo cruzado de direita você tem… Devia ter tentado a carreira de pugilista.

Eu olhei para a cara dele com uma expressão que devia dizer “o velho endoidou”.

Leonard me disse que precisou me irritar ao ponto de justificar que eu desse um murro na cara dele. Inicialmente, aquilo não fazia o menor sentido. Eu novamente descobria que tinha sido usado, caí como um patinho nas intenções daquele velho.

-Eu precisava que a Áugura visse você me surrando.

-Mas… Pra que? – Indaguei.

Ao nosso redor, o turbilhão começava a perder força. As partículas de distorção iam gradualmente perdendo energia, e o ambiente ia gradualmente se ajustando.

-O tempo está se esgotando. Você vai entender. Olha. Toma isso aqui. Eu vou te explicar detalhadamente o plano.  Não vamos ter uma segunda chance, de modo que só poderemos acertar de primeira. Ou é isso ou o mundo sofrerá as consequências do nosso erro.  Guarda esta faca no seu bolso. Agora me dá seu braço. Eu vou te explicando, mas temos que estar na mesma posição de antes. – Ele disse, puxando meu braço numa chave novamente.

-Ai, porra! Vai quebrar!

-Desculpa, garoto, temos que ser convincentes. Agora presta atenção…

Enquanto Leonard me dizia o que iríamos fazer, o turbilhão diminuiu ao ponto de não haver mais partículas. Então deu um clarão e ouvi as pessoas gritando ao nosso redor. Rapidamente, um homem se jogou no meio da gente e empurrou o Leonard para trás. Era a famosa turma do “deixa-disso”.

-Me solta! Me solta! Eu gritei.

-Vem moleque. Vem quente que eu tô fervendo! – Ele gritou.

Eu tentava me soltar, mas as pessoas me agarravam fortemente.

Leonard se recompôs e conseguiu se soltar. Seguiu direto para o cemitério.

Eu também me acalmei, e as pessoas me soltaram. A tia do Cabelinho me repreendeu:

-Você não tem vergonha de bater num senhor idoso não, garoto? Cadê sua educação?

-Mas foi ele que me acertou na cara, pô!

-Calma, calma, pessoal. Vamos esfriar os ânimos. Passou, já foi. O rapaz ficou nervoso com a namorada levando tiro. Tá todo mundo alterado. Vamos sair daqui que o ambiente está carregado. Disse uma outra dona, colega do Cabelinho lá da Usp.

Todos concordaram. A aglomeração se dispersou. Eu voltei para a entrada do cemitério.

Então eu vi o Leonard passando entre os túmulos.

-Vem cá seu velho desgraçado! – Eu gritei, e saí correndo atrás dele.

Leonard tentou correr, mas tropeçou e caiu no chão entre dois túmulos belamente esculpidos.

-Unh, minha cabeça. – Ele estava todo ralado.

Eu vim logo atrás dele. Meti a mão no casaco e saquei a faca de cozinha.

-Acabou pra você, velho! Eu quero a minha vida de volta!

-Calma, Anderson! Calma! O nosso plano…

-Plano é o caralho! Vai se foder, velhaco filho da puta! – Eu disse, e levantando a faca no ar, estoquei-a com toda força na barriga dele.

Leonard deu um grito abafado. Tentou lutar. Joguei meu corpo em cima dele, tentando imobilizá-lo e dei mais duas estocadas. Enfiei a faca até o cabo na barriga dele.

O velho ficou fraco. Começou a respirar como cachorrinho.

-Por que você fez isso, Garoto… O plano…

-Chega, velho. Eu não quero saber dessa bosta de viagem de bruxa, plano, o caralho a quatro. Eu quero a minha vida de volta. Só isso!

Então Leonard contorceu a cara de dor e desfaleceu.

Uma mão pesada acertou meu ombro.

Quando olhei, era a Áugura. Ela agora tinha um dos meus olhos. A velha não disse nada. Apenas apareceu ali, ao meu lado. Quieta. Ali apareceu, ali ficou.

-Acabou. – Eu disse, olhando para ela.

-É isso? – Ela perguntou.

-Acabou. Ele está morto. Cumpri minha parte. Agora quero minha vida como ela era antes.

Então a velha riu com aquela profusão de dentes fodidos.

-Muito bem, menino. Mas antes eu preciso do seu outro olho. – Ela disse, apontando aquele dedo magro e sujo na minha direção.

-Não, maldita! Você disse que iria sair da minha vida…

A velha não me respondeu, apenas começou a rir como uma maníaca. Aquela força misteriosa que eu havia experimentado no quarto da Mara reapareceu, só que dez vezes mais forte. Eu mal conseguia respirar. Fui erguido no ar uns quarenta centímetros.

A velha então foi até Leonard. Chutou o corpo dele.

Imobilizado, levitando no meio do cemitério, eu vi a Áugura agachar-se e revistar o paletó surrado do Leonard.  Ela arrancou dali duas coisas. Uma era uma faca toda trabalhada, cheia de pedras preciosas no cabo. A outra era aquela estranha bússola, ou relógio, cheio de inscrições.

Só então a tal da Àugura pareceu ter se convencido que o Leonard estava morto. Eu fazia um enorme esforço para conseguir respirar. A pressão no meu peito era insana. Eu tentava, em vão, alcançar o tal sangue do santo no bolso, mas a força invisível que me subjulgava era terrível.  Comecei a pensar que talvez eu não devesse ter feito aquilo. O plano tinha dado errado, era evidente.

A velha se levantou com os itens na mão. Colocou-os num saco todo sujo que ela trazia pendurado no vestido antiquado, igualmente pútrido.

Então, ela veio na minha direção, com aquele dedo com unhas sujas e enormes em forma de garra.

-N…não… – Eu tentei gemer.

-Vai ser rápido. – Ela disse.

Ela agarrou a minha cabeça com uma mão e com a outra meteu seu dedo no meu olho. Eu forçava, tentando impedi-la de arrancar o meu olho. Mas a velha era impressionantemente forte.

Porém, subitamente,  a Áugura se contraiu toda. Eu não vi o que de fato aconteceu, porque estava apertando os olhos tentando impedir a velha, mas senti uma perturbação estranha, como acontece quando passamos perto de um caminhão em alta velocidade numa estrada. Deu um vento forte e súbito, que chegou a balançar a árvore perto de nós.

E aí eu caí estatelado no chão. A força invisível que me erguia no ar simplesmente sumiu.

Eu caí aos pés da velha. Ela estava parada, o seu único olho, o meu olho, estava arregalado apontado para mim. A velha então começou a balbuciar um monte de coisa em uma língua desconhecida, que eu não entendi lhufas. Eu tratei de ficar em pé e já ia correr, quando ouvi uma voz conhecida gritar.

-Ela tá conjurando! Rápido. Joga o sangue antes que ela suma! – Alguém gritou. Eu saquei o vidro de cristal do bolso e joguei em cima dela. Imediatamente quando aquilo caiu nela, uma reação horrível começou.  Ela perdeu a fala imediatamente.

Então, para meu pavor, vi a velha começar a se dissolver numa lenta e agonizante massa de feridas e cascas. Da sua pele suja e enrugada abriam  pústulas e feridas, que se estendiam como fendas, por onde um líquido malcheiroso e escuro como um óleo queimado começou a escorrer.  A velha então caiu de cara no chão. Quando ela bateu ouvi o som de seus ossos quebrando como a casca torrada de um pão. Um creme nauseabundo verteu por entre as fraturas faciais. E foi então que eu vi aquela faca impressionante, cravada nas costas da velha. Perto da árvore estava o padre. Era o padre Amadeu, aquele que tinha surtado e tentado me matar. Ele estava ajudando o Leonard a se levantar.

Agora o que restava da velha era um amontoado borbulhante de carne, cabelos,  gosma e tecido antigo.

Leonard veio falar comigo. Estava bem machucado.

-Porra que tombo.

-Aquele estabaco não tinha sido planejado, né?

-Não, mas ficou bem realista. – Ele disse, apanhando a faquinha do chão.

-Como você teve esta ideia, Leonard? – Perguntou o padre Amadeu.

-Bom, a velha estava confiante que iria ver pelos olhos do garoto aí. O que eu fiz foi pensar num jeito de usar a arma dela contra ela. Foi preciso essa faquinha cenográfica aqui… – Ele disse, puxando a lâmina que era presa numa mola oculta no cabo, e corria facilmente cabo adentro quando encontrava um obstáculo. -… Eles usam isso em teatro e televisão. Eu também tive que instruir o garoto a como fazer, de modo que a Áugura acreditasse no que via pelos olhos dele. Só assim ela ia se revelar.

-Toma, Leonard. Aqui está Kuran. – Disse o padre, entregando a faca antiga para Leonard.

-Obrigado. – Ele disse, guardando a arma no casaco.

-Ei, essa é igual a que a velha tirou…

-Aquela era uma réplica. – Disse Leonard. -Um caçador pode usar a arma de outro, desde que peça e seja autorizado pela arma. – Falou.

-Padre… Olha, sobre aquele problema lá na cozinha… – Eu comecei a querer me explicar.

Tudo bem, garoto. Tudo bem. Não esquente com isso. Está tudo acabado agora.

-Tudo não. – Disse Leonard.  Ainda temos duas missões.

-O que? – Eu questionei assustado. – Não acabou?

-Ainda temos que encontrar o livro…

-Mas e Mara?

-Vamos salvar a Mara. – Ele disse.

-Mas como?

O que houve com a menina? – Perguntou Amadeu.

-Levou um tiro. – Eu respondi.

-Não vamos ter muito tempo. – Disse Leonard. Teremos que recorrer a uma instância superior.

O padre olhou para Leonard com uma expressão estranha. -Você não está pensando em…

-É o único jeito.

-Não podemos fazer isso. – O padre disse.

-Isso o que? – Novamente eu era deixado de escanteio em discussões misteriosas.

-Ele vai decidir. – Disse Leonard.

-Você que sabe. – Disse o padre, dando de ombros. Então se virou pra mim e disse: – Boa sorte, garoto! Você vai precisar!

O Padre Amadeu se foi. Ficamos somente eu e Leonard no cemitério.

-Então, Leonard? O que ele quis dizer com…

-O que nós vamos fazer não foi feito muitas vezes neste mundo. Há um grande risco de você não sair vivo dessa experiência, mas se der certo, podemos salvar Mara.

-Eu faço qualquer coisa que seja preciso.

-É perigoso. – Ele disse.

-Eu aceito qualquer coisa. – Respondi convicto.

-Muito bem. – Leonard sorriu. Ele não sorria muito, então, aquele sorriso pra mim era um grande mistério.

-Você comeu carne vermelha nos últimos dois dias?

-Hummm. Não. Por que?

-Isso afeta a estabilidade da transição. – Ele respondeu, o que foi quase a mesma coisa de não dizer nada.

-Rápido, vamos tire a roupa.

-Hã?

-Pelado! Rápido, garoto. É pra hoje! Antes que alguém veja.

-Eu tenho que ficar pelado?

Leonard nem me deu resposta, ele já estava tirando a roupa.

Fiquei meio sem graça, aquilo parecia maluquice.

-Tira anel, relógio, tira tudo!

-O cemitério ta quase fechando… E daqui a pouco chega o vigia, a polícia vai prender a gente por atentado ao pudor, cara!

-Cala essa boca e tira logo essa maldita roupa, moleque!  – Ele disse, apressado.

Acabei tirando. E ali estávamos nós dois, completamente pelados. O corpo de Leonard era marcado por grandes cicatrizes.

-Tu deve ter muita história pra contar hein Leonard?

-Shhhh. – Ele disse. Leonard, abaixou-se pegou a faca do bolso do paletó e então se virou para mim.

-Não olhe. Vira naquela direção e só olhe quando eu mandar. É sério!

Obedeci cegamente, afinal, eu já estava nu num cemitério no miolo de São Paulo, não estava disposto a mais loucuras que aquilo.

Leonard falou algumas coisas, então ouvi um som sibilar no ar, e uma lufada de um vendo geladíssimo nas costas.

-Brrr, que frio!

-Pronto, pode virar. – Ele disse.

Eu olhei e havia uma porta de um mausoléu aberta. No interior do Mausoléu havia uma intensa luz, e um vento frio congelante saía de lá.

-Corre e pula. – Ele disse.

-Mas e as roupas?

-Obedeça, menino! – Disse ele, correndo e saltando na luz dentro do mausoléu.

Eu corri e pulei, morrendo de medo do que iria acontecer.

Caí num gramado molhado. Estava tudo escuro e fazia um frio desgraçado.

Leonard estava se levantando.

-Nossa que gelo! – Ele comentou.

-Gelo? Eu tô congelando. Vou morrer de hipotermia! Que porra de lugar é este?

-Esta é um lugar sagrado, na Irlanda.

-O quêêê?

-Isso mesmo. Estamos na Irlanda.

-Mas… Mas como?

-Vem, vamos correr pra aquela torre lá. Antes que a gente congele!

Leonard apontou e contra o manto escuro da noite eu vi uma enorme torre de pedra erguendo-se imponente na paisagem de planície. Havia umas ruínas de construções antigas perto e o que me parecer ser um cemitério.

Enquanto corríamos nus pelo gramado que parecia nunca acabar, eu me perguntava se aquilo era mesmo real ou só um delírio. Não parecia real. O céu estava limpo, mas fazia uns dois graus apenas.

Chegamos ao pé da torre. Eu estava colocando o pulmão pela boca, de tão cansado.

Leonard bateu na enorme, gigante, porta de madeira na base da torre. A torre era completamente circular em sua base, toda de pedra, como um grande tubo de rocha erguendo-se até o céu. Estranhei que a porta tinha a dimensão de pelo menos dois homens em altura.

-Nossa, eu vou ter um troço, meu. – Eu disse, tremendo e me agitando para esquentar.

-Segura firme. Parte é frio mesmo, mas parte do que você está sentindo é o efeito da transição física.

-Que torre é essa?

-Essa é uma torre do século quatro. Existem outras aqui na Irlanda. São solo sagrado. Espaços habitados por humanos e seres do plano superior. – Ele disse, enquanto tornava a esmurrar a porta.

Então a porta pesada de madeira se abriu. Não ouvi som de fechadura nem qualquer indicativo da presença de alguém ali.

O interior da torre era mais quente, e sua circunferência interna tinha cerca de treze metros , que calculei de olho. Uma enorme e quase infinita escada de madeira surgia, prendendo-se nas paredes de pedra, circulando a torre até sumir de vista na escuridão acima das nossas cabeças.

-Vamos, vamos. – Disse Leonard, iniciando a subida.

Eu comecei a subir logo atrás dele. Era ridículo subir uma escada em caracol numa torre altíssima seguindo a bunda branca dum velho.

Subimos diversos degraus em silêncio. Minhas manias de contar e medir… No início comecei a contar os degraus, mas logo perdi a conta, dada a profusão de pensamentos. A cena de Mara caída nos meus braços na porta do cemitério não me saía da cabeça. A sensação de urgência que aquilo me dava era incômoda. Tão incômoda quanto a que eu sentia quando ela estava presa na caixa.

-Onde estamos indo, Leonard?

-Vamos falar com Omn.

-Com quem?

-Você vai ver.

-Leonard, eu não estou entendendo, este lugar, Irlanda, “transição física”… Quem é Omn?

-Omn é uma potestade. Continue a subir, lá em cima eu explico. Falar na subida vai comprometer seu fôlego. – Ele disse, arfando.

Quando finalmente chegamos ao alto da enorme torre de pedra, que despontava solitária na paisagem escura.

A escada levava diretamente a uma porta, igualmente enorme, que conduzia a uma espécie de câmara circular no topo da torre.

Leonard parou e virou pra mim.

-Que foi?

-Espere. Respira… Vamos recuperar o fôlego.

Sentamos na escada. Eu estava quase vomitando de tanto esforço.

-Cara… Que merda… é… essa? Ufa…

Leonard respirou fundo. Pigarreou e me disse finalmente:

-Anderson, eu só vim aqui duas vezes na minha vida. Na primeira, fui trazido pelo meu mestre. A segunda, prefiro não comentar. Esta torre se chama Kilmacduagh. Essas torres foram construídas pelos homens da minha Ordem, e são pontos de contato com seres sobrenaturais, de estupendo poder, desde o século III.

-E as ruínas ao redor? E o Cemitério?

-Isso veio depois, na Idade média. Primeiro eram somente as torres. Existiam varias delas, as gradualmente, terremotos, incêndios, a idade média, a destruição humana foi acabando com elas. Hoje restam poucas delas intactas, mas as suas ruínas ainda são pontos sagrados, constelações de pontos de acesso ao divino na escuridão de degradação que ameaça engolfar o mundo desde o princípio dos tempos.

-E quem é o Omn?

-Omn é uma potestade.

-E o que é uma potestade?

-Um ser humano simplório em sua interpretação do divino, diria que é Deus. Mas a verdade é que não é. As potestades estão acima dos anjos. São seres superiores, abaixo de Deus, mas muito acima dos anjos. Tão acima, que ninguém sabe até hoje se as potestades são partes de Deus ou seres individuais. Nem sempre eles são bons e justos, o que é intrigante e assustador. Seu poder é tamanho que é possível que você não sobreviva a olhar para Omn. Por isso, antes de abrir esta porta, eu preciso alertá-lo mais uma vez. Você está prestes a encontrar algo que poucos seres humanos no planeta conseguirão ver. A visão poderá ser aterradora. Por isso, repetirei o ensinamento que me mestre me deu. Não olhe. Não ouse levantar os olhos para Omn. Tente manter pensamentos puros e positivos. Ele falará diretamente ao seu coração. Peça pela vida de sua namorada. Omn pode trazer os mortos à vida.

-Sério mesmo? Tu não tá brincando comigo não, né?

-Ele pode até destruir o universo se assim desejar.  -Disse Leonard sério.

-Estou certo. Vamos nessa.

-Tem certeza? Não há retorno após isso.

-Estou certo. Abra a porta. – Eu disse.

Leonard então se levantou e bateu com a mão aberta três vezes na porta de quatro metros de altura.  Eu me levantei e coloquei minha mão no ombro de Leonard e fechei os olhos bem apertados.

A porta se abriu com um rangido ameaçador. Entramos os dois com os olhos fechados.

Após dar uns cinco passos, ouvimos a porta se fechar atrás de nós.  Então uma voz que pareceu um trovão, que me deu uma súbita vontade de chorar e parecia que ia me rasgar as entranhas por dentro me falou, soprando como um bafejo de adrenalina no meu coração.

-Pode olhar agora.

Eu abri os olhos. Ali, diante de nós, havia uma parede de tijolos de pedra, cortados em blocos quadrados. Na frente dela, uma ridícula e – por falta de nome melhor – insignificante jarra de barro.

Leonard pôs se de joelhos diante do jarro.

Ele olhou para mim com uma expressão estranha e eu percebi que devia me prostrar de joelhos diante da jarra.

-Ó amado Omn… – Disse Leonard chorando.

-Leonard… – Sinto saudades suas. – Falou a voz monumental quase explodindo os meus tímpanos. – Tem carregado seu fardo com galhardia.

-Obrigado, sagrado mestre.

-E tu? Tu és Anderson… O menino da caixa. – Disse o jarro de barro.

Eu não sabia o que dizer, e sem muita convicção se ficava quieto, e deixava o ser supremo no vácuo, eu disse um “oi”.

-Olá Anderson. – Respondeu o Jarro.

Eu apenas pensei em Mara, e o Jarro imediatamente me respondeu.

-A mulher está morrendo neste instante, Anderson.

-Não, por favor! Por favor!  – Eu implorei de joelhos a Omn. – Não permita, mestre!

-Mestre, Andrson foi uma ajuda valiosa para exterminar uma das Áuguras. Trouxe ele aqui para pedir pela vida da moça.

-Feche os olhos. – Disse Omn com sua voz tão poderosa que quase fazia parar meu coração quando ele falava.

Imediatamente obedecemos.

Então senti que meus cabelos estavam se arrepiando, como seu um enorme volume de faíscas estivessem me percorrendo. Senti um toque na minha cabeça.

Quando eu olhei, havia um homem gigante, mais alto que duas pessoas muito altas juntas. Ele vestia uma túnica branca, e tinha a pele completamente lisa e clara.  Seus olhos eram bolas escuras e ele não tinha sobrancelhas. Nem cabelos. Ele também parecia emanar uma fraca luminosidade.

-Você tem um olho místico. – Ele disse para mim.

Eu apenas concordei com a cabeça.

-Manterei este dom. – Disse Omn, e então tocou com os dois enormes dedos em meu braço morto. Uma dor colossal me atingiu no braço. Era tão horrível que caí no chão me contorcendo.

-Perdão, Anderson. Não há como fazer isso sem dor. – Disse Omn.

-Ahhhhhhhhh! – Eu gritei me debatendo no chão, segurando o braço. Gradualmente, comecei a sentir tudo. As pontas dos dedos foram a última sensação que tive antes de um insano formigamento começar. Eu podia mexer o meu braço novamente.

-Ele voltou, Leonard! Ele voltou! – Eu sorria para Leonard, mexendo a mão. Coloquei-me de pé novamente.

-Obrigado mestre. – Eu disse.

-Você perdeu muitas coisas, menino… – Disse Omn. Não é justo que perca a pessoa que ama. Mas… Espere um pouco.

-O que foi, mestre? – Perguntou Leonard, ainda evitando olhar para o gigante.

-Não há uma. São duas. -Ele disse.

-Duas? – Eu e Leonard nos entreolhamos confusos.

-Há uma semente no ventre da mulher. – Respondeu a Postestade.

-Um… Você quer dizer, um, não… Um fi- filho?

-O gigante sorriu.

-Ela está salva. – Ele disse.

-Obrigado mestre! – Eu agradeci, ajoelhando-me diante dele.

-Você perdeu um amigo. Um amigo fraterno. -Disse Omn.

Eu concordei.

-Ele se sacrificou. – Disse Omn. Foi corajoso. E a coragem deve ser recompensada. Se ainda houvesse um corpo, eu o traria de volta como reconhecimento de sua coragem.

-Obrigado mestre. – Disse Leonard. – Agradecemos seu auxílio. Peço perdão pela visita inesperada…

-Ora, Leonard. Não ha porque evitar. Tens sido um bom soldado. E que tal a imortalidade?

-Tenho tentado ser sábio, mestre…

-Tem sido, Leonard. Tem sido.  Agora vão em paz. Sigam seu caminho.  – Disse o gigante, apontando para uma abertura com pouco mais de um metro e quarenta na parede da Torre.

-Anderson, nós nos veremos de novo, eu espero. -Falou o gigante.

-Como desejar senhor. – Respondi, ainda confuso com aquilo tudo. Estava desesperado de vontade de me encontrar com a Mara.

Leonard fez uma reverência e saltou pelo buraco da parede. Eu o segui. Olhei lá para baixo e tudo que vi foi a torre sumindo na escuridão da noite fria.

-Adeus, Anderson. – Ele disse, com sua voz de trovão.

Eu fechei os olhos  e saltei:

-Jerônimoooooooo… – Sentia o frio na barriga e me preparei para a colisão com o solo.

Caí num canteiro do cemitério. Estava escuro. Acabei me arranhando nos arbustos.

-Ai, merda! Ai, ai! – Estava suando. Agora eu estranhava o calorão paulista. -Leonard? Leonard? – Eu chamei, mas não o encontrei.

Então tratei de sair a procura das minhas roupas. Quando finalmente as achei e estava vestindo, vi a lanterna do vigia.

-Ei moço! Ei! – O vigia gritava. Eu vi de longe o vigia iluminando o Leonard. Felizmente ele também já estava vestido, perto do portão.

Corri até eles. Percebi que Leonard estava contando um lero-lero para o Vigia.

-Nossa, graças a Deus, seu vigia. Eu desmaiei aqui no cemitério, me largaram para trás. Só ficou o meu sobrinho. Ah, olha ele aí!

-Oi… Tio! – Eu disse para Leonard.

O vigia caiu lindamente naquela conversa fiada de desmaio, marcapasso e sobrinho. O cemitério tinha acabado de fechar. O homem abriu o portão para nós e assim que saímos no meio daquelas duas enormes colunas decoradas de concreto, nos despedimos.

-Então é isso?

-Vou atrás do livro. Meu trabalho não acabou.

-Quer dizer que você é um imortal? – Perguntei.

-Não. Eu sou mortal, mas de causas naturais eu não posso morrer e por isso o tempo passa diferente para mim. Vamos dizer que sou “assassinável”, mas se isso não acontecer, eu vou ficando… Foi um dom que recebi de Omn por uma missão no tempo da guerra. -Ele disse.

-E nos veremos novamente?

-Talvez. – Disse Leonard. -Toma, isso é pra você. Pelo inconveniente. – Me entregou um pacote fino. Dentro havia uma chave e um numero de conta bancária.

-Que isso?

-Isso é dinheiro. É todo seu. Você é rico agora.

-Rico? Tá zoando.

-Não, já me viu “zoar” alguma vez?

-Poxa, valeu mesmo!!! – Eu disse estendendo a mão. Leonard apertou minha mão com força e nos abraçamos. Éramos mais que somente amigos.

Segui meu caminho e Leonard o dele.

 

Após virar a esquina, eis que me deparo com uma figura conhecida. Era o mendigo. O mendigo que tinha sumido bem na minha frente dias atrás. O mendigo que tinha previsto a morte da Mara.

Ele estava sentado na calçada, prendendo uma garrafa vazia de água mineral num barbante. Atravessei e fui falar com ele.

-Oi. – Eu disse.

O mendigo parecia concentrado em passar o barbante pela garrafa, então me olhou de soslaio.

-Ah, então você voltou.

-Quem é você?

-Isso não vem ao caso. Pelo menos agora, meu rapaz. Mas vejo que você tem muitas perguntas dentro de você. E quer saber dela… A moça do tiro.

-Exatamente. – Respondi.

-A que deu ou a que levou?

-As duas.

-A que deu está presa. Pegaram ela na Brigadeiro Luis Antônio… Ela é maluca, rapaz!

-E a outra?

-Essa está no São Luis. Está bem. -Ele disse.

Eu agradeci. Até hoje não descobri quem de fato era o mendigo, mas anos depois que isso aconteceu comecei a pensar se ele não era senão um elemental da cidade grande.

Peguei um ônibus e fui direto para o hospital.

Quando cheguei lá, era tarde, a hora de visitas ja tinha encerrado. Pedi informações na recepção. A moça consultou um terminal e me disse que a Mara tinha passado por cirurgia de emergência e que estava bem. Ela estava no CTI.

Eu me sentia bem tranquilo de saber que ela realmente não tinha morrido. Dormi ali na recepção mesmo, afinal, eu nem sequer tinha uma casa para onde ir.

Quando amanheceu o dia, fui o primeiro a pedir o adesivinho de entrada para visitas. A entrada de visitas no CTI obedecia a um procedimento rigoroso de acesso, e eu precisei comprar uma roupa lá para poder entrar. Quando entrei, encontrei a Mara dormindo. Parecia um anjo.

Peguei na mão dela. E então ela acordou.

-Anderson. – Ela gemeu.

-Shhhh. – Não fala. Tá tudo bem. Você está aqui. Isso que importa.

Nisso, chegou um médico. Era um senhor careca parecido com o comediante Costinha. Mas muito sério.

-Bom dia…

-Bom dia. -Respondi. Mara apenas sorriu.

-Você é da família?

-Sou o namorado dela. – Respondi.

-Pode me acompanhar um segundo? -E então, virando-se para ela disse: – Ele já volta. Já já eu devolvo seu namorado. Pode ficar calminha aí.

Dei um tchauzinho pra ela e segui o médico até a outra sala.

-Olha, ela está de parabéns. Nunca vi guerreira assim. O caso da sua namorada foi até tema de debate na sala dos médicos hoje, poque… Meu filho, eu não sei no que você acredita, mas eu vou ser sincero, isso pra mim foi milagre. Ela teve um traumatismo grave, chegou aqui entre a vida e a morte. Então… Ela, ela morreu, sabe?

-Morreu?

-Olha, eu estou falando sério. Ela morreu. Morte, sinal vital zero. Ela ficou morta uns vinte minutos, e então, do nada… Ela voltou como se nada tivesse acontecido. Pressão normal, hemorragia zero… Ninguém entendeu. Ninguém sabe explicar.

Eu apenas sorri. – Então só pode ter sido um milagre, doutor!

O medico me cumprimentou. -Alguém lá em cima gosta de vocês.  Com os exames excelentes, ela deve ser removida para o quarto hoje à tarde. Não demora ela estará de alta. – Ele me disse.

Voltei exultante para junto do leito de Mara.

-Acabou, meu amor. Vamos ficar juntos agora. Nós matamos a bruxa. -Eu disse, mostrando meu braço esquerdo se movendo no ar. Mara sorriu e iluminou o meu dia.

Então uma enfermeira chegou e me disse que eu precisava descer, pois uma outra visita estava aguardando para subir. Eu desci e encontrei o seu Stênio, pai da Mara na recepção. Ele me deu um forte abraço, emocionado.

-Calma seu Stênio. Está tudo bem. A Mara está ótima. -Eu disse sorrindo.

-Ótima? Mas como? -Stênio parecia confuso.

-Olha, procure o médico do CTI, ele vai explicar em detalhes. Foi um milagre! Um milagre!

Stênio me cumprimentou e entrou apressado para ver a filha.

Eu saí dali e fui direto para o banco. Precisava ver o tal cofre.

Logo ao entrar apresentei a chave e digitei a senha num terminal. O Gerente pediu que eu o acompanhasse. Fomos até o elevador que desceu vários andares. Passamos por um detetor de metais, uma sala guardada por dois seguranças dava acesso ao cofre. A sala tinha um cofre enorme de aço escovado na parede. Em frente, havia uma mesa simples de fórmica branca, mais  um par de cadeiras. O gerente inseriu a chave dele abriu o cofre. Ali ele pediu minha chave, abriu uma portinhola, onde sacou uma caixa de aço comprida. Veio até a mesa e colocou a caixa pesada na minha frente. Fechou o cofre, pediu licença e saiu.

Abri a caixa e ali estava uma fábula de diamantes. Incontáveis. Devia ter umas duas mil pedras grandes e incontáveis outras de tamanhos menores. Eu nunca tinha visto tantos diamantes na minha vida.  Havia uma enorme quantidade de barras de ouro, e também maços e maços de dólar e libras esterlinas.

“Cacilda!!! Eu estou rico!” – Pensei.

Tirei uns maços de dólares. Guardei o restante.

Agradeci ao gerente e saí do banco. Fui direto ao jornal, acertar umas contas.

Quando cheguei no andar da redação, só a Denise veio falar comigo.

-E aí? Que tal as férias? Perguntou a Denise.

-Foram… Incomuns. -Respondi.

-Mas você ainda tem uns dez dias!

-Sabe o que é? Vim me demitir. – Respondi.

-Demitir? Tá louco, Anderson? Logo hoje que os caras estão estranhos?

-Estranhos?

-Rapaz, nem te conto. O Cássio deu a louca.

-Deu a louca? Conta isso melhor.

-Ele estava trabalhando até tarde. Aí do nada caiu no chão. O povo acudiu e ele levantou perguntando que lugar era este. Ele disse que não era Cássio, ficou nervoso… Acho que o chefão tem dupla personalidade.

-O que? Tá falando sério?

-Ele perdeu o sotaque baiano na hora. Ele ta falando arrastado, mas o sotaque sumiu. Ele se trancou na sala dele, não deixou ninguém entrar. O povo da diretoria tá lá na porta, tentando convencer ele a sair e ir num psiquiatra.

-Eu vou lá!

-Não faz isso Andy!

-Por quê não faria? Não tenho nada a perder mesmo! -Disse já subindo as escadas para o andar do diretor.

-O que que o senhor está fazendo aqui, posso saber? – Eu conhecia aquela voz escrota. Quando olhei para cima, dei de cara com Marco Aurélio, o puxa-saco oficial e felizmente, meu ex-chefe-babaquinha.

-Não é da sua conta, seu merda! – Eu respondi, subindo as escadas.

-Este não é um dia bom pra você me irritar, Anderson. – Disse Marco Aurélio com aquele jeitinho que tinha a capacidade única de me enervar.

Quando cheguei no andar, ele veio tentando me segurar.

-Opa, opa, vai onde?

-Ei, cara. O que é isso aí no seu rosto? – Perguntei apontando um lugar na cara dele…

-O que? O que é que tem aí? Tá sujo? -Ele perguntou, virando a cara pra mim.

Tava perfeito.

Lasquei-lhe um murro tão lindamente colocado, que ele voou meio metro para cima e caiu na escada, que e desceu rolando abaixo até cair estatelado e desmaiado na frete da Denise. Aquilo sim, deu um puta dum fusuê na redação.

Avancei até a sala do diretor. Ninguém que viu o murraço teve coragem de me impedir. Nodo mundo saía na porta de suas baias com a cara de espanto e medo. Me olhavam em silencio.

Tinha uma meia duzia de lambe-botas ali chamando pelo chefe. Cheguei com moral e bati igual macho naquela porra de porta de vidro. (quase derrubando)

-Que foi? Que merda é essa aí? – Ele gritou lá de dentro.

-Abre esta porra dessa porta que eu quero falar com você.

Dois segundos depois a porta abriu.

-Anderson? – Era o Cássio, com sua barbicha de babaca, mas sem o sotaque ridículo.

-Vim pedir demissão.

-Anderson! É você!  Cara que merda é essa que aconteceu comigo, véi?

-Hã?

-Sou eu porra! Sou eu!

-O que?

-O Cabelinho, véio! Eu acordei e… Tava no chão. Aí me olhei e eu tava com uma outra cara. Uma barba, e  tá todo mundo me chamando de Cássio, véi! Eu tô doidão? Que viagem foi essa maluco??? Diz que eu tô chapado! Só pode ser cogumelo! É cogumelo é? O que foi que eu tomei?

-Cabelinho!

-Fala, sua bicha! É cogumelo, né?

Eu não podia acreditar. Abracei o meu amigo e comecei a chorar.

-Porra, meu. Tu ta chorando? Ah, é cogumelo, com certeza!

-Você morreu, cara!

-Bicho, você tomou o bagulho também?

-Calma. Eu vou te contar. Senta aí. Senta. Aí, aí mesmo! Senta, porra! Se prepara que você vai ouvir uma história muito louca…

E após algumas horas de conversa, eu convencia Cássio, quer dizer, Cabelinho, que ele agora habitava um outro corpo. Contei toda a saga da caixa para ele. Do incêndio. Da morte dele, do duplo… Das inúmeras vezes em que eu quase morri. Contei do tiro da Mara e como eu tinha ficado rico.

Cabelinho ouviu tudo em silêncio. Quando cheguei ao fim, ele sorriu e disse.

-Meu, preciso de uma birita!

Eu comecei a rir. Era ele mesmo. Meu amigo estava de volta. Eu teria que me adaptar novamente, porque ele era diferente, mas por dentro era o porra louca de sempre.

-Meu, agora tu é meu chefe! – Eu disse.

-Hummm. Até que tirando o cavanhaque afrescalhado não é tão ruim. Será que este cara tem dinheiro?

-Deve ter!

-Uhuuuu! Bora beber e jogar Mário! – Disse Cabelinho.

 

E a minha história termina por aqui. Muitas coisas aconteceram depois disso. Eu comprei o jornal, virei o dono da editora. Cabelinho raspou o cavanhaque escroto, mudou o visual, deixou o cabelo crescer e mudou a linha editorial do jornal para suas viagens mentais e elocubrações teóricas, o que fez um grande sucesso. Ele teve que assumir a identidade do Cássio, mas ele conseguiu finalmente namorar com a Cíntia.

Eu me casei com a Mara, nosso filho nasceu. Viajamos o mundo conhecendo diversos lugares e culturas. Ainda me encontrei duas vezes com Leonard. A última delas sete anos depois, num hotel chamado Il San Pietro, na costa Amalfitana. Naquele dia, numa varanda espetacular debruçada no azul mar Mediterrâneo, enquanto o sol se punha amarelando o céu com seus últimos e fugazes raios de luz, nós brindamos com um vinho caro pela nossa amizade.

Leonard agradeceu. Beijou Mara e me deu um abraço apertado.

-Onde você vai meu amigo?

-Preciso me apressar. Há um mundo a salvar! Ele disse, lacônico como sempre, partindo sem olhar para trás.

 

FIM

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. PUTAQPARIU CARA, arrepiei umas 4 vezes durante a historia, nem acredito que acabou, um dos melhores contos aqui do site, ta de parabéns Philipe

    • Também achei que o final foi meio “apressado”… entendo a intenção de fechar logo a história e partir para outra, mas talvez valha a pena revisar tudo desde o início, usando o conto como um esqueleto central e publicar como livro. Sério… vai vender muito. tá muito bom!

      Mas como disse o amigo, se rever as pontas soltas, não correr tanto no final, ficará irretocável! :) Best Seller!

      Agora, se olhar para o Omn poderia causar a morte, e a Áugura via através do olho místico… O que será que aconteceria se a BRUXA visse o OMN? Acho que ia facilitar muito né? hehehehe

      Mais uma vez… parabéns pela história!

  2. PERFEITO, MEUS PARABÉNS PHILIPE.LINDO LINDO LINDO

    VAI VIRAR FILME!!!

    MEUS PARABÉNS ,VC É MUITO BOM!!!!!!!!!!

    SOU SEU FÃ, CARA, AGORA MAIS AINDA!!!!

  3. Cara, que final incrível! Eu nunca vi um final que fosse tão bom quanto o desenrolar da história, mas o seu matou a pau hehe

    Você devia fazer um livro dessa história, ficou muito boa mesmo!

  4. Porra Philipe!

    Clap, Clap, Clap…

    Sensacional esse seu conto. Conseguiu prender a expectativa até o final.

    Muito bom, cara. Você tá de parabéns.

    O foda agora é ficar sem ter mais os capítulos da caixa pra ler.

    MAs, eae, a história do zumbi lá vai continuar?

    Abração!

  5. Perfeito, perfeito. Nunca costumei ler contos muito longos, aliás esse foi o primeiro que eu me despus a ler. E posso falar? Valeu a pena! O final foi perfeito, e final feliz ainda por cima. Sem falar que o conto ter tido exatas 40 partes ainda agradou me perfeccionismo também haha.
    Parabéns Philipe, e obrigado por nos proporcionar gratuitamente este conteúdo excelente.

  6. Parabéns Philipe, me prendeu do começo ao fim, tive crises de abstinência quando você tirava um descanso, sofri com o Anderson… enfim daria um filme digno de Hollywood. Incrível mesmo. Novamente Parabéns.

  7. Aplausos!!!!!!!!!!!!!

    Parabéns Philipe!

    É com certeza a melhor história de ficção que já li até hoje. Emocionante do início ao fim.

    Eu disse que nunca te perdoaria pelo “O relato de um MIB”, mas depois dessa, tá perdoado!

    Forte abraço!

  8. Lágrimas másculas rolaram sobre minha face! Muito lindo este final! Já li vários de seus contos e sempre gostei muito mas este foi simplesmente maravilhoso do início ao fim.

  9. Lágrimas másculas rolaram sobre minha face! Muito lindo este final! Já li vários de seus contos e sempre gostei muito mas este foi simplesmente maravilhoso do início ao fim.

  10. Cara, muito bom o conto inteiro, mas o final foi espetacular! Parabéns e obrigado por mais essa experiência literária fantástica proporcionada a nós!

  11. Muito obrigado pelas palavras gentis de vocês, amigos leitores. Também fiquei surpreso e animado com o final. No próximo produto da saga de Leonard, o Caçador, saberemos quem era o Sadduh.
    E vai sim rolar a segunda temporada do Zumbi. O meu amigo Josef esta dando uma força lendo o livro para achar as paginas que deram defeito. Eu vou consertar e republicar. Espero que a caixa vire um livro, como o Zumbi virou, e assim que eu fizer, espero que vocês me dêem uma força comprando ele, hahaha. O próximo boneco como prometido, será o Mungo! Meu plano é sortear ele entre os leitores. Alguém afim de ter um monstro aí?

  12. Philipe, valeu a pena esperar por todas as partes dessa história… Muito boa mesmo!!! Você pode lançar um livro, com certeza eu compraria. Quem sabe, suas histórias podem virar um filme também!!! Parabéns, cara!!! Tudo de bom pra você!

  13. Cara, parabéns!!!
    Em outros lugares pagaríamos muito para ler um conto destes!!!
    Muito obrigado por nos presentear com uma história tão boa!!
    E que venha Leonard, o Caçador!!!

  14. Ufa, até que enfim não é?

    Achei o final meio corrido. Mas achei muito justo não soltar todos os segredos de LOST, digo, desse universo que você criou assim de bandeja e deixar pontas soltas para outras historias. Mas enfim, esse final foi muito feliz cara, eu juro que esperava um final mais sombrio, que mudasse o Anderson para o lado negro, sei lá, ou que o deixasse um caçador sangue no “zoio” com sede de vingança.

    No fim o padre surtadinho deu a maior força e a Potestade pareceu bem boazinha, tipo “papai do céu” mesmo. Até a santíssima trindade era mais severa em A Cabana.

    Resumidamente, se levarmos em conta tudo que aconteceu e as emoções e frustrações que passamos junto com o Anderson, a minha nota é 9,5.

    Espero que você reveja algumas coisas quando publicar, sei lá, deixar esse final ai um pouco mais hard pro Anderson, caprichar mais na descrição das senas de sexo afinal o seu publico é maduro o suficiente, e providenciar uma continuação (ainda esse ano) das aventuras de Leonard, não antes de nos presentear com outro conto incrível. Mas pode deixar Leonard e cia de molho por um tempinho.

    Abraços.

  15. Excelente, cara. Sem palavras pra descrever. Tive uma segunda-feira sensacional (coisa que não tinha há anos) e ainda me deparo com esse final espetacular desse conto que tanto me envolvi. Você, Phillipe, tem o dom da escrita, toca todos nós leitores com seus contos. Nos faz ter momentos de tristeza, desespero e alegria lendo seus textos. Pouquíssimas vezes comentei em seu blog, mas o acompanhei sempre que pude. Parabéns, sucesso na sua vida. Espero o livro da Caixa pra comprar e reler, pois valerá à pena.

    Muito obrigado por escrever um conto tão bom quanto esse!
    Saudações!

  16. Bah cara, esperei tanto esse conto acabar, enlouquecendo no F5 aqui, pra depois sentir um vazio enorme pelo fim.
    Chorei muito lendo, tudo se encaixou de forma tão sensacional que eu to sem palavras.

    Parabéns!

  17. Estou estupefato até agora. Li tudo em cerca de 10 ou 15 minutos, e parece que foi bem mais. A melhor coisa nas suas histórias é que o tempo para enquanto as leio, parece que eu estou lá dentro, esqueço de tudo e entro na história. Me lembro bem de quando conheci o blog, e 6 meses depois conheci o relato de um MIB, e VIREI A NOITE lendo, apreensivo, assustado e muito puto no final hahahaha.

    Parabéns Philipe, você merece!

  18. Incrível Philipe simplesmente incrível o melhor conto do mundogump para mim com certeza, merecia um filme, se fizer um livro com certeza estarei na fila para comprar!
    Parabéns, você é um excelente escritor, continue criando novas obras de arte como essa que foi A CAIXA!
    FANTASTICO

  19. LINDO! Espetacular!!! Muuuuito bom!!! Essa história daria um filmaço do caramba, você deveria investir nisso, essa história foi épica demais! Até chorei… O Anderson merecia, poxa, ficar rico, ter um filho com a Mara, torci pelos dois desde o começo… Agora to triste que acabou, to com vontade de ver um filme dessa história, é sério! Parabéns cara, vc é demais!

  20. Muito bom mesmo.
    Deu aquele sentimento de “putz, acabou! Não tem mais.” de quando você lê uma história que te cativa.

    A descrição do potestade é semelhante a do Engenheiro do “Prometeus” por coincidência? hhehehe

    No aguardo do Mungo!

  21. PQP! Fantástico! Cadê meu exemplar do livro, por favor?! Onde eu pago?

    Parabéns, cara! Se escritor fosse uma profissão que desse boa renda no Brasil, você já tava com a vida garantida!

  22. Muito bom. Um conto que sentirei falta…todo dia a primeira cosa que vejo na net é o teu site pra ver se tem mais uma parte da historia. Quando sair o livro eu

  23. Fantástico. Ainda lembro de estar de ferias ansioso pela proxima parte da historia, ainda intrigado com o misterio sombrio dentro da caixa. Valeu a pena acompanhar, grande final.

    Vlw

  24. Muito Bom!!! Sentirei falta deste conto, todo dia eu via o site procurando uma parte nova da historia. Quando sair o livro eu quero uma versão autografada (se não for abuso neh?!) Abraços

  25. Parabéns Philipe… Achei que não ia acabar, desisti de ler por algumas vezes, mas sempre retornava pra saber o que tava acontecendo no conto. Valeu a pena cada “Refresh” na página!!

    Quando sai o livro da Caixa?? hahaha

    Parabéns cara!

  26. Parabéns Philipe… Achei que não ia acabar, desisti de ler por algumas vezes, mas sempre retornava pra saber o que tava acontecendo no conto. Valeu a pena cada “Refresh” na página!!

    Quando sai o livro da Caixa?? hahaha

    Parabéns cara!

  27. Philipe, dessa vez eu tiro meu chapéu e não boto mais. Já havia falado que você ocupa um lugar no meu ranking de escritores favoritos junto com Stephen King e Alfer Medeiros, mas o que você fez em A Caixa me deixou de boca aberta, foram quantos meses do início até a conclusão? Todo esse universo que você criou é digno de uma mente extremamente (leia 10 vezes a palavra “extremamente”) criativa e você é um dos escritores que mais me inspiram a escrever. Esse final de A Caixa conseguiu mexer com meus sentimentos de tal forma que me peguei com os olhos embaçados no meio do capítulo, e adorei a reencarnação do Cabelinho. Philipe, parabéns e muito obrigado por criar essa obra de arte e aguardo ansiosamente o livro de A Caixa.

    P.S.: Ainda não esqueci do livro do Zumbi

  28. Parabens Phil, fantastico
    Em algumas partes cheguei a pensar que você pirou na batatinha e iria se perder completamente, mas ai está o final, conseguiu fechar com chave de ouro.
    Lança em livro que eu faço questão de comprar!
    Valeu Phil

  29. Uma historia sensacional, adorei! Ri, chorei, enfim, me diverti esperando cada parte por vir.
    Parabens pra voce e pra nos que fomos presenteados com este conto fantastico!
    Abracos.

  30. Esse final realmente me surpreendeu! Todo o conto, a bem da verdade, foi cheio de boas surpresas. Muito bacana esse universo que criou, e os personagens também me agradam; vou se ‘obrigado’ a ler a Busca de Kuran agora, hehe!
    Meus mais sinceros parabéns, cara! Agradeço por disponibilizar um trabalho assim tão bom pra galera : ]

  31. UAUUUUU!!! Chorei cara, parabéns!!! Quanta notícia boa no seu comentário mais acima, boneco do Mungo (eu quero), zumbi parte dois, livro do conto A Caixa e mais aventuras do Leonard! Investe nisso Philipe, pois vc tem muito talento e vai colher muitos frutos positivos!!! E eu estarei sempre apoiando por aqui!!!! Valeu por mais esse conto tirar o fôlego!!!! Agora estou ansiosa pela parte 2 do zumbi, vou até ler a primeira novamente, rsrsrrs! Bjos, Juju.

  32. Sei que é um elogio incomum, mas cara… Tuas histórias me trazem uma empolgação, uma imersão, comparáveis aos filmes clássicos da década de ’80.

  33. ESSE “GERÔNIMOOOOOOOOOOO!!!!’, foi o máximo, hehehe!
    Comediante “Costinha”, ha, essa não. voce é muito bom de época também, PHILLIPE!
    Continuando…”A SAGA DE CABELINHO” (em um outro corpo)… Mas isso é uma outra história…. para o futuro???

  34. Sem querer ser estraga prazer, mas eu estava aqui pensando: quem sabe você não estaria querendo dizer:”comediante CASTRINHO”? O costinha não era careca, aliás era até bem cabeludo e tinha até um belo “topete”, ao contrário do castrinho que é careca e bem gorduchinho, ela era aquele que contracenava com o Chico Anizio no quadro “meu pai-pai, meu garoto!” Parece também que era ele que interpretava o personagem “fofão”. Desculpe se eu estiver enganado!

  35. Agora?…Carlos dente? Cê tava aonde?
    Mas…de quaquer jeito….apoio a campanha.
    Mas por outro lado, acho que fica meio enfadonho para o autor ficar esticando muito um assunto que à princípio nem era pra ser TÃO comprido. Ele quer MUDAR o rumo da conversa pra não cair em “monotonia”, não concordas? Até pra nós, leitores, também, que sempre “queremos” NOVIDADES, não é? ABRAÇOS!

    • Bezalel,

      Desculpe a demora em responder. Mas convenhamos que o Phillipe pode criar algo com personagens e cenários conhecidos e mesmo assim nos surpreender..

  36. Não consegui parar de ler esse conto ate o final, nossa que história!!!!!! quantos mistérios, se abrindo um atrás do outro ao longo do conto, que final espetacular, como muitos disseram, e eu concordando, Seria um Excelente livro !!!

  37. Philipe, só uma coisa: Você é demais.
    Eu li esse conto em dois dias, porque não consegui esperar mais para ler.
    E que final hein, demais, demais, demais mesmo…

    Parabens pelas experiencias que você nos proporciona, é coisa de louco ler seus contos….
    Você que merecia a recompensa que o Anderson ganhou do Leonard…kkkk

    Parabens mesmo…

  38. Olá Philipe! Fantástico seu conto! Se eu te contar que descobri seu blog quando fazia um tratamento na Índia (mal podia andar, me restava a internet para me distrair). O problema é que eu andava tão assustada naquele país que vivia fechada no meu quarto (na clínica). E dei de cara, não sei como, logo com este conto. Aumentou meu pavor naquele lugar, mas eu não conseguia parar de ler. O quarto virou minha ‘caixa’ e muitas vezes me vinha o cagaço de aparecer aquele hindu de cueca (entre outros seres) na minha janela…rs. Quero parabenizá-lo pelo blog e agradecer seus interessantes materiais. Eu não vou comprar seu livro de zumbi porque não me agrada histórias do tipo (mas posso algum dia presentear alguém). Mas já vi em alguns posts e comentários tu bolando uma forma de receber ajuda dos leitores. Eu não encontrei (posso não ter procurado direito) uma maneira, afinal, leio todos os dias e acho interessante pagar o serviço de alguma maneira (além de clicar nas propagandas, rs). Há uma alternativa? Ah, o lado bom de descobrir seu blog recentemente é que todos os dias tem várias novidades! Um grande abraço e sucesso!

  39. Cara, comecei a lê esse conto as 21:00hs do dia 02/03/15 e estou terminando agora ás 06:00hs do dia 03/03/15, não conseguir parar de lê até terminar, parabéns Philipe, você escreve muito bem, realmente tem talento.

  40. Nossa, muito bom esse conto. Desde que comecei ler, não consegui parar por nenhum momento, ainda bem que hoje é feriado e pude ler sem me preocupar com outras coisas. Na medida que que eu lia, as imagens começavam a se formar em minha cabeça, como se fosse um filme. Virei seu fã, vou me esforçar o máximo para ler todos os seus contos. Esse conto me surpreendeu, do começo ao fim, quando li esse final, meus olhos ficaram marejados. Não poderia encerrar esse comentário sem te parabenizar pela sua incrível inteligência, de criar histórias que prendem os leitores do começo a o fim e ainda usar fatos históricos e reais em seus contos, deixando os ainda mais interessantes.

  41. Philipe, não sei se irá ler este comentário, mas gostaria de te dizer que tu tem um baita talento como escritor, acompanho o site desde meados de 2011, porém só agora que parei pra ler esses preciosos contos. A maneira como eles se interligam em pequenos detalhes é intrigante, espero que você escreva mais fantásticas aventuras envolvendo Leonard e todo esse universo místico que o cerca, em breve pretendo me juntar ao Patreon! Sucesso sempre Philipe!!

  42. O Anderson só teve relações sexuais com a Mara nos ultimos 2 dias, e em 2 dias acho que ainda não tem inicio a gravidez, e segundo o Omn ela já estava grávida, ou seja… o filho é do playboy. kkkk

    história incrível não consegui parar de ler enquanto não acabou.

  43. Uma vez eu passei um sufoco e fui pesquisar sobre isso, e os sites falavam que levava uns dias. mas fico feliz que o pai é o Anderson! haha

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