A cadeira obscura – Parte 23

Três cigarros depois e ali estávamos… Sentados na grama, olhando a fumaça ganhar os céus.
-Não tá queimando, cara. – Ele me disse, com um tom meio desesperado na voz. Concordei em silêncio.

Renato se levantou e andou até a beira do fogo, que amainava.

O fogo já havia diminuído sua atividade brutal. A fogueira se resumia agora a um monte de entulhos fumegantes, onde diversas latas velhas apareciam entre os destroços de montes de cinzas. A cadeira estava preta, parecia quase carbonizada, mas não havia nenhum sinal de desintegração.

-Está intacta. – Eu concluí.

Estava intacta mesmo. Renato mal tinha forças para falar alguma coisa. Apenas ficamos ali olhando aquela coisa, que contrariando toda a lógica, havia passado incólume à explosão, e ao fogo violentíssimo. O assento de couro não parecia ter sequer chegado perto do fogo. Parecia completamente intocado pelas chamas.

-O que a gente faz? – Perguntei a ele. Renato deu de ombros. Respondeu com seu clássico silêncio Brechtiano, que dizia mais do que qualquer palavra.

O fogo estava extinto. Só montes fumegantes de lixo ainda mostravam sinais de uma queima lenta, interna, que de alguma forma parecia refletir a angústia interna do meu amigo.

-Se o fogo não destruiu essa merda, que tal a água? – Perguntei, na esperança de que dizendo qualquer coisa, ele fosse se animar.
Renato me olhou com alguma esperança.

-Como assim? O que você quer dizer com isso?
-E se a gente tacasse essa porra dum penhasco no mar?

Renato concordou, movendo a cabeça positivamente.

Entramos com cuidado em meio às cinzas. Ainda poderiam ter brasas no fundo, ocultas pela fuligem. Pegamos a cadeira e saímos com ela. Ainda estava quente e sujou nossas mãos de fuligem.
Jogamos aquela merda de qualquer jeito na caçamba da caminhonete.

-Eu conheço um lugar, cara. É um penhascão maneiro, perto dum mirante. A gente pode jogar ela lá de cima. Mas o lugar fica lá em Niterói! – Eu disse.
Renato não disse nada. Apenas dirigia. Eu percebi que ele tinha ficado bem abalado com o lance da cadeira escapar ilesa à explosão.
Tentei entabular uma conversa, mudar de assunto, tentava a todo custo reanimar o Renato. Apelei para memórias. Falamos dos nossos amigos da rua. Onde estariam? Quem casou com quem? E assim aquela longa viagem de quase uma hora se tornou menos pesada, menos sofrida. Por instantes, eu vi ressurgir o velho e animado Renato da rua. Mas logo ele olhava pelo retrovisor e era como se uma nuvem negra se abatesse sobre ele.

Foi quase uma viagem até nos encontrarmos do meio da ponte Rio-Niterói.
Eu olhava para aqueles navios ao longe, pensando em como deveria ser a vida à bordo de um deles.
-Navio pra caralho… – Eu disse.
-Sabe, quando essa merda acabar, acho que vou voltar pra Europa de navio. -Ele respondeu.
-Deve ser legal mesmo.
-Falam que a comida é boa à bordo.
-Falando nisso, estou com uma fome monstra. A última coisa que comemos foram aqueles petiscos no bar ontem…
-Vamos ver se a gente faz um rango bacana em Niterói.
-Niterói é pra comer peixe, né?

-Ei! – Ele me disse, arregalando os olhos com uma expressão maníaca.
-Que?
-E se a gente jogasse essa merda aqui da ponte? – Ele perguntou, apontando a cadeira com o polegar sobre o ombro.
-Boa ideia! – Eu disse, enquanto Renato já freava a caminhonete bruscamente em pleno vão central. Um fusca tirou fino de nós buzinando feito louco.
-Caralho, tu quase mata a gente, viado!
-Foi mal, seu merda!
-Vamos, vamos logo! – Eu disse, saltando do carro.
Lá fora o vento era implacável. Ventava absurdamente, e para os lados das montanhas da Serra do Mar uma nuvem escura de tempestade parecia se avolumar.
-Vem um pé d´água daqueles! – Disse Renato, tentando arrumar o cabelo.
-As famosas chuvas do Rio…
-Vamos, pega aí. Antes que dê merda!

Subi na caçamba e peguei a cadeira. Mas para meu espanto, ela estava anormalmente pesada.
-Está notando algo estranho? – Perguntei.
Renato respondeu positivamente com dois balanços na cabeça.

A cadeira não queria. Ela estava mudando o próprio peso.

A cadeira agora pesava tanto que parecia estar colada magneticamente na caçamba do carro.

Mas a sorte estava a nosso favor. Logo estacionou ali uma Variant creme e saiu um sujeito muito forte, com um bigodão farto e óculos rayban claramente falsificados.
-Tudo bem aí garotos? – Ele perguntou.
Olhei para o cara, sua camisa xadrez, suas calças sujas e seu visual de policial matador em férias.

-Tudo bem.
-Problema no carro? – Ele perguntou, sem tirar os olhos da cadeira. Por um segundo, temi que fosse a cadeira tentando nos impedir pelo controle de uma mente fraca. Estava na cara que aquele homem estava armado, afinal, uma figura daquelas sem arma seria quase que um aborto da natureza.
-Não senhor. Estamos tentando jogar essa cadeira no mar. – Respondeu Renato.
Ante aquela resposta tão direta, o homem da Variant fez uma cara estranha e coçou a cabeça.

Foi nessa hora que pensei: “É agora que vai dar merda!”

Mas o homem apenas perguntou por que razão nós íamos jogar a cadeira da ponte. Todos nós estávamos gritando, porque o vento era constante. A tempestade se aproximava rápido. E os carros e caminhões passavam zunindo perto de nós.

-Vocês são malucos? Essa ponte não tem acostamento! Vão acabar batendo aí em vocês! – Ele disse, apontando para o nosso carro.
-O senhor pode ajudar a gente? – Gritou Renato, tentado erguer a cadeira, que parecia ter uma tonelada.
Percebi que o peso estava aumentando cada vez mais.
O homem bateu as mãos como se limpando uma poeira qualquer e se juntou a nós na caçamba da caminhonete.
-Mas por que afinal querem jogar isso no mar?
Eu e Renato nos entreolhamos por um breve segundo. Eu não disse nada, pelo simples motivo que não sabia o que dizer. Renato, hábil negociante e 171 nato, fez o que fazia melhor: Mentiu.
-Essa cadeira era do meu avô. Ele amava tanto essa cadeira que quando morreu ordenou que jogássemos ela junto com suas cinzas no mar.
“Porra, como que ele pensa essas merdas tão rápido”- Pensei, olhando estupefato para Renato.
-E cadê as cinzas? – Perguntou o homem do bigode, ainda desconfiado.
-Já jogamos o vovô.
-Então vamos logo fazer o último desejo do vovô, garotos! Mãos à obra. – Ele disse.
Pegamos a cadeira. Ela parecia pesar como se fosse de puro chumbo.
-Puta merda! Que peso! – Disse o homem, enquanto tentava erguer a cadeira junto conosco. O sujeito do bigode estava vermelho feito um pimentão.
Com um sacrifício quase indescritível, tiramos a cadeira da caçamba da caminhonete. Nós fomos com ela até a beirada da mureta da ponte.
-Um, dois, três e…
Empurramos juntos a cadeira obscura. Ela raspou no concreto grosso da mureta e desabou no vazio. Caiu girando e estourou numa explosão de espuma branca lá em baixo.
Segundos depois, as ondas cada vez mais agitadas pela tempestade que se avizinhava da Baía da Guanabara engolfaram a espuma. A cadeira havia sumido na escuridão das águas abaixo de nós.

A felicidade de Renato foi tamanha que ele me abraçou apertado.

Sem entender, o bigodudo comentou algo sobre nós gostarmos mesmo muito do “vovô”.
Estávamos todos com as mãos sujas de fuligem. O homem pareceu não se ater a este detalhe e apertou nossa mão mesmo assim. Despediu-se e entrou na variant.
Voltamos para a caminhonete e partimos rumo ao almoço em Niterói. Já era quase três horas da tarde quando paramos num famoso restaurante do bairro de pescadores de Jurujuba.
A fome era brutal, mas mesmo com ela, eu percebia que Renato parecia ter tirado uma tonelada das costas.
Pedimos uma moqueca com risoto de camarão. Renato comeu tanto que parecia que ia explodir. Como não podia deixar de ser, conversamos sobre a cadeira. Renato havia ficado impressionado com a habilidade mostrada pela cadeira, de aumentar seu peso.
-Sua massa. – Eu corrigi.
-Foda-se. Você e suas frescuras de CDF… Massa pra mim é Caneloni! – Ele respondeu, com a boca cheia de risoto.
-Porque tu é burro.- Eu disse.
Renato ergueu no ar o copo de cerveja gelada e berrou a plenos pulmões:
-Um brinde à burrice!
-Antes burros vivos que espertos mortos. – Eu falei. O garçom, um legítimo português de dentadura nos olhava de longe, com expressão desconfiada.
Lá fora, caía a tempestade digna de filme. Raios, trovões e muita água desabava, deixando a praia deserta dos urubus que se refastelavam lá quando chegamos.

Obviamente Renato pagou a conta e não me deixou dividir. Eu aceitei, afinal, era o mínimo que ele poderia fazer, por me meter em roubadas por tantas horas. Fiquei feliz de não ter mais a Janaína para dar explicações pela minha ausência. Fosse em outro tempo, eu teria que explicar e praticamente prestar depoimento em casa pelo meu sumiço. Ainda mais que a Janaína era uma louca ciumenta do caralho… Ia mais uma vez fazer aquelas cenas, jogar minhas roupas pela janela lá no playground, como fez tantas vezes. A vantagem mais imediata da separação é a liberdade. É a sensação de ter o controle da própria vida novamente.
Nos despedimos com um abraço apertado, na porta do restaurante. Renato ia voltar para o Rio, mas eu pretendia esticar o final de semana em Niterói. Talvez pegar um cinema. Todo mundo dizia que Niterói tinha umas meninas bem bonitas e eu estava bastante curioso para colocar esta investigação à prova.
-Vai ver qual filme? – Renato Perguntou.
-O pessoal tá falando muito de um tal “Karatê Kid”, mas devo ir ver um chamado “Caça Fantasmas”. – Respondi.
Renato concordou, afinal, tinha mais a ver com tudo aquilo que eu estava vivenciando.

Renato se foi e eu fiquei esperando o taxi, já que o ponto em frente ao restaurante estava vazio.

– Choveu é isso. Eles somem todos! – Disse o gerente do restaurante, me trazendo uma xícara de café como cortesia. Nada mais justo, a julgar pela fortuna que gastamos no estabelecimento careiro de Niterói.

Quando o taxi finalmente apareceu, estava quase escurecendo. Agradeci ao gerente a hospitalidade e parti para Icaraí. O cinema ficava na praia, em frente a uma pracinha. Cheguei a tempo de ver as pessoas encolhidas perto da parede, na fila para pagar o ingresso.
Por sorte, a fila andou rápido e eu nem me molhei muito sob a marquise.

Entrei e escolhi um lugar bem posicionado. Entrei um pouco atrasado e só achei lugar quando a tocha da moça da Columbia Pictures iluminou toda a enorme sala de azul.
Eu não esperava muito do filme, e minhas expectativas estavam bem baixas sobretudo quando vi que ele começava de modo bem chato, numa biblioteca, após um longo close em uma estátua de leão…
O filme transcorreu na tela prateada, se tornando mais e mais divertido a cada minuto. Quando finalmente acabou, eu estava feliz como uma criança, vendo o carro dos caça fantasmas buzinando de modo ridículo em meio à multidão de pessoas que aparecia acenando para eles, alguns até correndo atrás do rabecão que lembrava uma ambulância. De longe vem um fantasma verde esquecido e quase engole a câmera.

Subiram os créditos finais e aí eu finalmente me levantei da cadeira. Estava moído, mas o filme tinha enfim valido à pena. Na certeza de que tinha feito uma escolha melhor do que ver lutadores de karatê, saí do cinema.
A chuva havia passado, mas ali, na porta lateral, diante das pessoas que saíam do filme, encontrei a caminhonete de Renato estacionada. Encostado nela, fumando um cigarro estava ele. Renato me olhou nos olhos e não se moveu. Parecia molhado, e congelado com o cigarro soltando fumaça no canto da boca.

-Vai pegar a próxima sessão? – Perguntei, meio que sem saber o que ele fazia ali. Meu medo se confirmou quando ele finalmente resolveu falar, numa frase direta e assustadora:

-Ela voltou!

-Ah, não fode.
-Voltou.
-Como?
-Não sei. Quando entrei no quarto, ela estava lá. No mesmo lugar. Molhada e até com umas algas agarradas nela.
-Puta que pariu.
-Eu não sei mais o que vou fazer cara. – Ele me disse, batendo a mão pesadamente no meu ombro.
-Essa eu quero ver!
-Tu quer ir lá mesmo? Não acredita em mim?

A verdade é que eu estava inclinado a achar que Renato era meio maluco. Talvez tivesse ficado tão profundamente impressionado com toda sorte de acontecimentos macabros evolvendo a cadeira do bode que ele talvez estivesse enlouquecendo. Talvez estivesse tendo um tipo de alucinação…

-Claro que acredito, mas eu quero ver aquela porra lá. Vamos lá!
-Ok. – Ele disse, abrindo a porta do carona pra mim.

Ele entrou no carro e partimos para Copacabana. Já estava de noite. Nós passávamos na ponte e eu via os navios ao longe, com as luzes acesas. Imaginei por alguns minutos o desespero do Renato ao entrar no quarto e dar de cara com a cadeira que havíamos queimado, explodido e jogado no mar.

-E você fez o que quando viu? – Perguntei.
-Abri a porta, dei de cara com aquela porra! Tranquei e saí. Voltei pra Niterói no mesmo pé! – Ele disse.
-E se nós chegarmos lá e não tiver cadeira nenhuma, cara?
-Seria o meu maior desejo se realizando!- Renato respondeu.

Quando finalmente chegamos em Copacabana, Renato penou para achar vaga pra deixar a caminhonete. Só achou vaga bem longe, lá perto da Hilário de Gouveia. Acabamos comendo um lanche lá mesmo, no Mc Donalds.
-Sabia que esse é o primeiro Mc Donalds do Brasil? – Renato me perguntou.

Notei que ele estava querendo mudar de assunto. tentava inutilmente se agarrar a qualquer assunto que pudesse distraí-lo da ideia de rever a cadeira.
-É mesmo? Tão pequeno… Tão apertado. Nem imaginava…
-Pois é. – Ele disse, entre dentadas no sanduíche.

Após lancharmos, seguimos pela Nossa Senhora de Copacabana até chegarmos ao hotel.
Dessa vez, diferente do visual monótono e decadente da madrugada, o Hotel parecia fervilhar. Diante dele, um homem tocava uma guitarra ensebada com uma pequena multidão em volta, escutando atentamente.
-Eu curto esses artistas de rua. – Eu disse.
Renato queria ficar ali assistindo, mas eu precisei ser enfático. Queria subir e ver se a tal cadeira estava mesmo lá dentro do quarto dele.

-Vamos cara. – Eu disse, segurando Renato pelo braço.
Ele fez uma expressão de sofrimento, mas concordou. Seguimos pelo saguão até a recepção. O vigia não estava, porque certamente seu turno não havia começado, mas tinha uma moça com dentes horríveis. A boca dela parecia um limpa-trilho de trem. Era uma moça de uns vinte anos ou menos, bonita, bem tratada, mas aqueles dentes estragavam todo o patrimônio. Eram dentões encavalados. Ela era a pessoa mais dentuça que vi em toda a minha vida, coitada. Naquela época aparelhos ortodônticos eram itens muito caros e certamente ela não podia pagar para dar uma ajeitada.

Ela logo entregou a chave ao Renato e apontando sobre o ombro dele com uma caneta Bic, disse que havia um homem esperando por ele. O Renato fez uma expressão estranha. Me olhou com os olhos arregalados. Vi na hora que ele não estava esperando ninguém.
Olhamos para trás e no sofazinho de couro perto da parede forrada com madeira escura da recepção estava um anão lendo um jornal. O cara era tão pequeno que quando entramos, eu havia passado por ele e pensado que se tratava de uma criança. Olhando para ele, vi que estava muito bem vestido, com um terno clássico, coisa fina, certamente comprado em alfaiate, já que não devia existir terno de anão nas lojas do ramo.

-Quem?
-Aquele senhor ali. O anão. – Ela disse, sussurrando na parte do “o anão”.

Renato e eu ficamos debruçados no balcão olhando para aquela diminuta figura que lia o jornal compenetradamente.
-Eu não sabia que você era amigo do Nelson Ned. – Eu disse, sorrindo.
-Não sou. Não conheço nenhum anão. E ninguém sabia que eu estava hospedado aqui. Que merda é essa? -Me perguntou, assustado.

Fomos juntos até o sofá. Renato parou diante do anão. Ninguém disse nada. Eu parei um pouco mais atrás do Renato.

-Olá? – Ele perguntou.
O anão abaixou lentamente o jornal. Seus olhos pequenos fixaram-se no Renato por alguns segundos.
-Renato né?
-Pois não? – Ele respondeu.

-Eu gostaria de ter uma conversa com o senhor… Pessoalmente. – Disse o anão, sacudindo os pés no ar como uma criança.
Visivelmente, estava claro que o anão não queria falar com ele perto de mim.

-Eu vou ali fora ver o cara tocar guitarra. – Eu disse. Mas Renato não deixou.

Ele me agarrou pelo braço com tamanha força que parecia refletir seu desespero interior:
-Você não vai em lugar nenhum. – Ele gemeu entre dentes. E então, virando-se para o anãozinho no sofá falou: Esse aqui é meu amigo Roberto. Tudo o que o senhor tiver para me falar, pode falar perto dele.

O anão fez uma cara feia. Já parecia enfezado, mas aceitou, me olhando com um certo desdém.
-Que seja. Podemos subir?
-Mas afinal, que assunto o senhor quer conversar comigo? – Renato indagou.
-É sobre a cadeira. – Disse o anão.
Renato me olhou novamente com a expressão de pavor.

Agora eu também estava todo arrepiado. Percebi claramente que ele havia me arrastado para a vida de loucuras dele, e ela era como um poço de areia movediça de onde era impossível escapar.

Subimos em silêncio. Felizmente haviam consertado o elevador. O anão trazia consigo uma maleta que era bem grande perto dele e ele quase arrastava a mala no chão.

Renato abriu a porta e para meu espanto e choque a cadeira estava mesmo la dentro. O cheiro de maresia inundava o quarto. Ela estava ainda molhada e cheia de areia e sal. Era como se tivessem resgatado a cadeira do fundo da Baía e recolocado no quarto.

-Pelas barbas do profeta… – Eu disse. Sentindo-me um legítimo Caça-fantasmas, sentei-me na cama, diante da cadeira.
-Ah! Aqui está ela! Como disseram que estaria! – O anão bizarro estava sorrindo, olhando para a cadeira obscura com grande admiração.
Renato deu a volta, passou por trás da cadeira e sentou-se também na cama. Como sempre fazia acendeu um cigarro.

Ficamos ali, os três olhando a cadeira até que o anão resolveu finalmente se apresentar.
-Meu nome é Bertold. – Disse, estendendo aquela mãozinha com dedinhos estufados para mim. Apertei meio se jeito, pois minha mãozona praticamente engolfava aquela mãozinha diminuta.
Ele também apertou a mão de Renato, que ainda tinha um olhar desconfiado para o tal Bertold. Notei seu sotaque à medida em que ele falava. Dava pra ver que era estrangeiro. Talvez inglês.

Bertold nos disse que estava em busca de Renato havia pelo menos duas semanas. Já havia passado por diversos hotéis em busca dele.

-Vim a pedido de Leonard… Ele disse.

-Leonard?- Perguntei, pois já nem me lembrava direito quem era Leonard, mas o anão não me deu ouvidos. Parecia interessado em falar apenas com Renato.

-Como ele está? – Perguntou Renato.
-Não sei. – Disse Bertold. – Nem sei se está vivo ainda… Falou o anão, baixando os olhos.
-Mas o que você quer comigo, afinal?
-Vim para tirar essa coisa da sua vida.
-Hã?
-Bem, sem mais perda de tempo, vamos aos fatos da missão. – Disse o Anão, colocando a maleta de couro sobre a cama. Ele abriu a mala com uma chave dourada bem pequena que trazia no bolso do minúsculo terninho.
-Missão?

O anão nada respondeu. Tirou da maleta uma antiga machadinha que parecia ocupar todo o interior da mesma. Era uma machadinha de prata, com inscrições feitas numa lingua desconhecida, no pequeno cabo. Enrolado num pano grosso, estava uma garrafa. Havia um liquido escuro dentro dela.

-Que isso?
-O sangue de uma porca virgem. – Ele disse, como quem diz “sabão”. Só que sussurrando.
-Mas… O que…?
-Shhhh! – Bertold disse, com o dedo indicador pequeno na frente dos lábios, enquanto olhava para a cadeira. Era como se ele quisesse nos dizer que a cadeira poderia ouvir o que falávamos.
Lentamente o anão recolocou tudo na maleta.
-Afinal, quem é você? – Perguntou Renato.
Notei que meu amigo parecia incrédulo com aquela estranha figura. Achei compreensível, porque sob alguns aspectos, Bertold não parecia ser de fato uma pessoa do mundo real.
-Não interessa. Isso não vem ao caso. Estou aqui para cumprir uma missão. Não é dado a você, e muito menos ao seu amigo, saberem mais do que precisam. Até porque seria um risco para vocês mesmos.

Concordamos com o anão. Em silêncio, ele acenou para que erguêssemos a cadeira. Apontou para a porta.
Obedecemos, até porque a coisa estava ficando tão bizarra que receber ordens de um anão almofadinha misterioso já não parecia muito diferente das coisas loucas que vinham acontecendo desde que encontrei Renato no restaurante.

Bertold foi apontando o caminho. Descemos pelo elevador com a cadeira. Felizmente Bertold era um anãozinho pequeno que ocupava pouco espaço. A cadeira ocupava quase todo o espaço restante do elevador Atlas.

Eu temi que fosse dar merda quando saímos carregando a cadeira pelo saguão. Mas muito estranhamente para ser algo normal, todos ali pareciam não estar enxergando a gente. Ninguém sequer olhou para nós, mesmo com aquela cadeirona enorme cheia de chifres nos braços e um anão que parecia saído de um livreto de conto de fadas.

Fomos até a rua. Bertold me disse para pegar o carro. Ele e Renato esperariam em frente ao hotel.
Renato não ousou discordar. Eu não dirigia muito bem, mas pelo menos tinha carta. Meu amigo jogou as chaves para mim e eu parti em busca da Hilário de Gouveia, deixando o anão e o Renato esperando na calçada.

Quando finalmente cheguei até onde eles estavam, vi que Bertold e Renato estavam conversando. Renato parecia concordar com o que o anão misterioso dizia. Vi a cena de longe e notei que eles pararam de falar quando cheguei. Só aquela cena bastou para que minha mente se cobrisse de especulações. Por que eu não podia saber? Seria o anão um enviado do mal? Seria aquele anãozinho feioso um duende, um bruxo ou sei lá o que querendo me colocar na cadeira? Confesso que minha vontade foi de largar os dois ali mesmo e passar direto, fugindo com o carro do Renato… Mas não consegui.
A curiosidade, ou seja lá o que for, me fizera encostar o carro. Não havia vaga e parei atravessado na rua mesmo. Enquanto Renato pegava a cadeira e colocava na caçamba, uma longa fila de carros se formou, com buzinas e gritos.
Diante do caos, vi o anão levantar a mão para o alto e de súbito, foi como se todas as buzinas dos carros dessem defeito. O som dalas focou fraco e rouco e então, um segundo depois, já não havia mais buzinas.

Eles entraram no carro. Pulei do banco de direção para o carona. O anão se apertou ao meu lado.

-Mas que merda foi essa? – Perguntei intrigado. O anão sorriu e não me disse nada.
Bertold tinha a expressão carregada. O rosto vincado e enrugado indicando que talvez tivesse cinquenta ou sessenta anos. Os cabelos eram muito lisos e brancos, compridos, quase até os ombros, contrastando com o terno cuidadosamente cortado. O nariz era horrendo, quase como uma batata enfiada no meio da cara.

-Pra onde vamos? – Perguntou Renato.
-Vamos para o lugar onde vocês fizeram o fogo.
Eu estranhei que o anão soubesse daquilo, mas calculei que na minha ausência, Renato talvez tivesse contado toda nossa saga tentando destruir a cadeira obscura.

Partimos rumo a Jacarepaguá.

A noite estava tenebrosa quando finalmente chegamos ao local ermo. Dessa vez, entramos com carro e tudo pelo terreno. O carro passou pelo terreno baldio afundando em buracos e raspando o fundo no matagal. Os faróis virados em farol alto, iluminavam as touceiras de mamona e os bambuzais ao longe.

Chegamos numa velha carcaça de carro enferrujada que indicava a proximidade do local onde havíamos tentado queimar a cadeira naquela manhã.

Descemos os três da caminhonete, mas Renato manteve os faróis ligados por ordem de Bertold.

Andamos até o ponto ao lado da fogueira. Ainda tinha cheiro de fumaça no lugar. Acima de nós, o céu repleto de nuvens espessas se abria como um buraco no teto, revelando um infinito manancial de estrelas brilhantes.

-O que fazemos agora? – Perguntei ao anão. Ele apontou a cadeira e mandou baixar ela da caçamba.

Eu obedeci e Renato em ajudou a descer a cadeira. Senti o cheiro de maresia exalando dela quando peguei.

Bertold me disse que eu devia sair pelo terreno em busca de alguma coisa para cavar um buraco.
Vamos enterrar ela? – Perguntei.
O anão apenas acenou positivamente. Ele enfiou a mão no bolso e arrancou de lá um isqueiro muito bonito e antigo, provavelmente de prata com incrustações de madrepérola. Bertold era feio como um monstrinho, mas tinha bom gosto.

-Pra que isso? Já queimamos ela e ela não queima! – Eu disse.
O anão fez uma expressão que indicava que estava prestes a dizer que eu era retardado mental, mas então pacientemente me mandou caçar pelo terreno baldio algo para fazer uma tocha e com ela procurar algum material que me permitisse cavar um buraco. Obedeci tal qual um bom soldado que não questiona as ordens que recebe. Saí pelo terreno baldio em busca de alguma coisa queimável. Precisei andar muito até finalmente achar uma pilha de farrapos. Mas estavam úmidos devido a chuva. Por sorte, numa caixa de papelão emborcada achei pilhas de jornais e pelo cheiro, papel higiênico usado. Juntei aquela merda toda, que me deu uma vontade de vomitar do caramba. Com um pedaço de galho eu improvisei uma tocha.
Iluminei o caminho em busca de algo com que eu pudesse cavar. A tocha era mais eficiente que a tênue luz da chama do isqueiro.
Finalmente achei um pedaço de metal oxidado que parecia ter a forma perfeita de uma pá sem o cabo. Eu estava tentando retirá-la da terra quando ouvi uma buzina. Era o Renato. teria acontecido alguma coisa? O anão maldito tinha conseguido me afastar do meu amigo. Seria parte de um plano maligno? Já imaginei renato sentado na cadeira. Corri desesperado pelo meio do matagal até chegar no carro. Mas ali estava Renato e o anão. Ele segurava uma picareta novinha nas mãos.
-Mas que merda é essa? O que houve?
-Achei numa obra abandonada ali atrás! – Ele disse, me mostrando a picareta.

Bertold voltou para perto de nós e disse olhando para um relógio de algibeira: – Vamos! Vamos! Temos pouco tempo! O tempo é crucial!

Nós não entendemos nada, mas tratamos de começar a cavar uma cova para a cadeira.
Estranhamente, havíamos cavado bem pouco. O Renato desferia os golpes de picareta, abrindo fendas no solo e eu removia o restante com a placa de metal. Bertold mandou parar. – Já deu! – Ele disse, avaliando o buraco.

-Mas não dá nem o espaldar da cadeira aí dentro, porra! – Eu disse. Estava intrigado com os desmandos do anãozinho.
-Você, pega lá a maleta no carro. – Ele disse, apontando pra mim.
Fui até o carro e peguei a maleta dele.
Bertold abriu a maleta na caçamba da caminhonete. Era engraçado porque ele tinha que ficar quase que na ponta dos pés para ver a maleta ali. Abriu a maleta e tirou a garrafona de sangue.
Foi até o buraco e abrindo a garrafa, derramou uma copiosa quantidade de sangue dentro do buraco, enquanto sussurrava coisas que nem eu e nem o Renato entendemos.
Ele não derramou tudo, mas cerca de metade da garrafa o um pouco mais.
Ele estendeu a garrafa ao Renato e deu uma ordem estranha:
-Lava as mãos no sangue.
-Hã?
-Cala a boca e obedece. – Disse.
Renato assim obedeceu. Com enorme nojo, derramou o sangue fedido nas mãos e esfregou, espalhando aquela coisa que manchou suas duas mãos.

Em seguida, Bertold voltou-se até o carro. Pegou a machadinha brilhante e veio até nós. Estendeu a machadinha ao Renato.

-Como é pesada!
-O peso é o de menos! Se você pegasse nisso sem lavar suas mãos no sangue você teria morrido agora. – Disse o anão secamente.
-E o que eu faço?
-Destrua a cadeira! – Ele disse, apontando a mesma.

Assim, iluminado pela luz do farol, Renato foi até a cadeira e começou a desferir diversos golpes com a machadinha nela. Cada golpe cortava a cadeira como se fosse uma faca quente na manteira. Em poucos minutos a cadeira estava toda quebrada, resumindo-se a um amontoado de madeira escura e pedaços de couro e chifres.
EM seguida, Bertold começou a pegar os pedaços e jogou tudo no buraco que eu havia cavado.
Quando finalmente o último pedaço da cadeira foi jogado ali dentro, Bertold pegou o resto da garrafa de sangue e derramou tudo sobre eles, recitando alguma coisa incompreensível, que mais parecia uma reza.
Ele etão apontou o monte de terra. Mandou que eu cobrisse o buraco com ela.
Renato devolveu a machadinha para o anão, que a guardou na maleta.
Eu já estava cobrindo o buraco. Com o pedaço de latão oxidado, eu varri grandes porções de terra para cima do buraco onde estavam os pedaços da cadeira.

-Acabou? – Perguntou Renato.

Bertold acenou positivamente com a cabeça.

-Mas é assim que acaba? Quebramos ela toda e pronto?
-Bem… Mais ou menos. Vocês podem ir agora. – Disse Bertold. – Estão livres.

Renato deu um adeus para o anão com sua mão suja de sangue de porco. Então correu para o carro.
-Bora! Entra logo! – Ele berrou lá de dentro.
Eu ainda me virei para o anão e perguntei se ele não queria uma carona para o centro, Mas Bertold, aquele anão mal educado, me deu as costas.

Renato acelerou balançando o carro pelo terreno baldio. Estava em fuga. Fugia da própria vida. Eu estava ficando bom em diagnosticar os comportamentos do Renato.
Saímos do terreno baldio com um salto da calçada em direção a uma rua mal iluminada e erma.

-Porra… Tu viu como aquela merda cortava a cadeira? – Ele me perguntou.
-Impressionante. – Eu disse.
Renato parecia finalmente mais aliviado.

-Cara posso dizer uma coisa? – Perguntei.
-Não. Não fala nada. Não quero ouvir porra nenhuma. Quero fechar a conta naquela espelunca de hotel, comprar uma passagem e retomar minha vida.
-Foda-se que você não quer ouvir. Eu achei aquele anãozinho tenebroso.
-Ah, isso quem não achou? Só quem não acha aquele anão, como você disse, tenebroso, é porque não o viu.
-Quem garante que o anão está mesmo a serviço do tal Leonard? – Perguntei.
Renato pisou fundo no freio. O carro cantou pneu no asfalto e quase capotou.

-Ei porra! Cuidado aí seu puto.
-Tu acha que ele não está do nosso lado? – Renato parecia pálido e assustado.
-Eu… Eu não sei, cara.
Vi no rosto do renato que ele parecia estar caindo na real. Havia participado de um ritual sem saber de quem exatamente. Seriam os velhos da ordem do mal lá tentando uma nova abordagem?

-Puta que o… Por que você não me falo antes essa merda?
-Não deu, pô. O anão maldito não saiu de perto da gente! E agora?
-O anão ficou lá. Será que ele vai remontar a cadeira? – Renato parecia transtornado.
-O que a gente faz?
-Vamos voltar pra ver.
-Ah, não. Me tira dessa. Eu vou pra casa, Renato.
-Cara… E se o anão for um daqueles bruxos? Eles mudam de forma. Eu te falei!
-Eu não tenho nada com isso, cumpadi!
-Porra cara. Vamos lá comigo. A gente olha de longe.

E foi assim, graças a maldita curiosidade, esse meu maior defeito, que eu finalmente vi com os olhos que a Terra um dia há de comer, as assombrosas coisas que relatarei a seguir:

Nós seguimos com o carro à toda. Renato passou umas seis ruas e deu diversas voltas por ruas cada vez mais estranhas e perigosas até chegarmos do outro lado do terrenão. Era uma pequena mata. Ele parou o carro do outro lado do terreno baldio. Fomos correndo pela escuridão da rua até o muro do terreno. Pulamos o muro. Embrenhamo-nos pelo matagal, andando com cuidado. A madrugada já ia adiantada, com o frio e o sereno comendo solto. Chegamos ao bambuzal.
-Cuidado que essas merdas tem cobra! – Disse Renato, todo preocupado.
Vimos de longe a luz azulada vindo do lugar em que estávamos.
-Olha aquela luz! – Eu apontei.
-Caralho, meu. O anão ainda tá lá!
Avançamos com toda cautela, nos escondendo no mato.

Chegamos perto pelo outro lado e vimos o anão sentado em posição de lótus perto do lugar onde a cadeira estava enterrada. Ele estava de olhos fechados, como meditando. Uma enorme bola azul levitava perto da cabeça dele, iluminando todos os arredores com sua intensa luminosidade fantasmagórica.

Vimos quando o anão consultou o relógio do paletó. Ele se levantou, bateu o pó das roupas.

Impressionado, eu vi a terra onde havíamos enterrado a cadeira se mexer. Lentamente ela começou a estufar e o que parecia um choro de criança ecoou no vazio do terreno baldio.
-Ca-ra-lho! – Sussurrou Renato, se agarrando ao meu braço.
Eu pensei que fosse fazer xixi nas calças quando vi surgir uma pequena cabeça preta do buraco.
Ante nossos olhos incrédulos, surgiu um filhote recém nascido de bode do pequeno buraco. O anão então metendo a mão no paletó, pegou uma correia comprida. Amarrou com cuidado no pescoço do bodinho, e saiu puxando.

Ele foi andando e puxando o bodinho preto pelo pescoço. E ao longe, ficamos ouvindo aquela coisa gemendo como uma criança: “Bééééé…”

A cadeira nunca mais apareceu.
Renato voltou para a Europa onde desfruta de uma vida confortável e mantém suas lojas de antiguidades. Eu acabei voltando para a Janaína dois anos depois.
Mas nunca mais me esqueci daquela cena, que me marcou muito.
Ainda posso visualizar em minha mente e ouvir os sons. O anão, ou seja lá o que for aquilo, puxando o bodinho e seus berros ecoando sob a fraca luz do dia que amanhecia: “Bééééé…”

FIM

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. DO CARALHO!
    agora pode fechar o blog.. brincadeira AHAUHAUAHAUAHA
    Continue assim Philipe, você com certeza terá muitos apoiadores
    e escreva mais kkkkk

  2. MUITO FODA.

    Para mim esse conto foi especial porque foi o primeiro que acompanhei na integra aqui no Mundo Gump. Lembro de ler freneticamente e sempre querendo saber o próximo capítulo da história. Lembro de fazer paralelos com “A caixa”. E lembro de todo dia entrar aqui no blog (mesmo quando estava fechado, esperando uma notícia) para ler mais um conto ou algo gump.

    E como disse o Clenio Cruz aqui nos comentários, você com certeza tem vários pessoas que te apoiam. Continue assim.

    • Fico feliz que tenha gostado. A cadeira nunca foi planejada para ter tantas partes, eu ia escrever somente umas seis partes, mas o conto pode ganhar vida propria e seguir sozinho.

      • Acho bacana quando isso acontece porque o universo fica vívido. Você já chegou a pensar em adaptações dessas histórias para outras mídias (quadrinhos/jogos)? Com certeza eu jogaria “A caixa” e adoraria destruir cadeiras demoníacas com machadinhas virtuais =)

        • Sim, eu tenho planos para isso, mas antes preciso amplificar ainda mais esse universo. Alguns projetos aqui do blog ja viraram franquias, como o Relato de um Mib e o Zumbi. Aliás, ainda este ano sai o Zumbi pela editora Avec.

  3. Parece que terminou só por terminar. Fiquei chateado quando fechou o blog mas talvez teria sido melhor, acompanho o blog a 7 ou 8 anos principalmente pela qualidade do conteúdo e sua preocupação com os leitores.

    Ps.: Não me agrada este novo modelo de vídeos como tenho certeza que não agrada a muitos. Tenho amigos que também acompanham, maioria até indicada por mim que possuem a mesma opinião.

    Não é uma crítica, opinião de um fã. ?

    • Não há problema algum em criticar, Gabriel. Se você não criticar, como saberei onde devo melhorar, né?

      É um direito seu não gostar dos videos. Meu conselho é que se não gosta, não veja. Mas é egoísmo você não gostar e por isso achar que não devo fazer para quem gosta, certo?

      Também não abandonei os textos nem o blog para me dedicar ao canal, de modo que ainda estou tentando entender sua indignação, sugerindo até que era melhor o blog acabar.

      Eu nunca (ok, de vez em quando sim, mas é muito raramente) termino as coisas por terminar, e a Cadeira com certeza ABSOLUTA não foi este caso.

      • A respeito dos vídeos, eu realmente não assisto principalmente por falta de tempo. Quanto a questão do egoísmo, como disse na minha postagem conheço por alto mais umas 13 pessoas que acompanham o blog regularmente, a maioria até influenciada por mim, que concordam comigo. Não foi este tipo de conteúdo que nos atraiu incialmente.

        Não estou desmerecendo seu trabalho, até pq se acompanho a tanto tempo é pq gosto, nem que a cadeira foi ruim. Pelo contrário, o desenrolar foi excelente como a maioria, só acho que pecou no final.

        Mas é isso, as vezes mudanças são boas. Se perde alguns e ganham outros.

        • Então, Gabriel. Como você pode perceber, você tem 15 amigos com o mesmo perfil que você. Pessoas que gostam de ler mas não tem o perfil da audiência de videos. Isso não significa que ela não exista, até porque seria complicado para explicar como que alguns videos tem mais de oitenta mil views em duas semanas sem que exista audiência querendo ver.
          Entenda os videos como um produto EXTRA do Mundo Gump. É um extra, você só vê se quiser. O blog continua, com seus posts, curiosidades, fotos, bonecos e etc. Tenho postado pouco porque tô trabalhando feito um corno nos bastidores do blog. Não é culpa do vídeo (que aliás, estou atrasado para fazer tb) e sim da TROLHA de trabalho que tenho para entregar aos meus clientes.

          • Deu pra perceber a trabalheira. .Só de ver quantas salas comunitária você participa..face…Twitter. .Google + …etc
            imagina atualizar todo isso todos os dias? Eu já me vejo doido só com wats App e face….!

  4. Mto bom o conto Philipe, muito bom mesmo, seus contos prendem a gente, a narrativa é ótima.
    Agora escreve um com o Leonard que eu fiquei preocupada com ele!!!!

    Continue assim Philipe, vc esbanja talento!

  5. Fantástico esse final!
    É como se eu estivesse vendo um filme, tamanha a tua capacidade de descrever as cenas e envolver o leitor.
    Abraço!

  6. No boa cara, repito o que o Clenio falou: DO CARALHO!
    Cara, pensei que essa cadeira não ia sair da vida dos dois nem tão cedo, de certo o bode continuou vagando por aí!
    Philipe, meus sinceros agradecimentos por proporcionar uma leitura tão genial e fabulosa como as tuas escritas!
    Parabéns mesmo!
    “A caixa” e a cadeira são de longe as melhores leituras que tive!

  7. E o melhor de tudo é que sempre fica uma “ponta sem amarrar” dando possibilidades ao assunto (historia, causo) de voltar à tona a qualquer hora, ou quando a poeira já tiver abaixado, pra matar a saudade e ou salvar a pele do editor (autor), não é P…?

    • As histórias do Leonard são todas interligadas. Essas pontas são pontas de conexões entre as histórias. A maioria dessas pontas eu sei como vão se conectar, mas nem todas, hehe. Preciso sempre deixar um espaço de criação entre elas, para que eu possa elaborar sem ficar engessado. Como ja dizia Chapolim, “todos os meus movimentos são friamente calculados”. Algumas coisas que parecem pontas largadas, são só a galera lendo sem atenção. POr exemplo, quem me pergunta se o Leonard morreu, não prestou atenção. Ora, se o cara vai no cinema ver Caça Fantasmas, que estreou em 1984, deveria perceber que A cadeira acontece ANTES da Caixa, que rola em 1991 ou 1992, não me lembro bem, mas era governo Collor. Dessa forma, se o Leonard aparece na Caixa, ele obviamente não morreu.

  8. Genial minhas leituras noturnas são: julio verne ( a volta ao mundo em 80 dias) e vc, e, em tds as vezes a cadeira teve prioridade de leitura, parabéns.

    Ps. ainda não achei teu texto sobre aquela teoria do pq não fizemos contato com aliens ainda.

  9. Philipe, já li quase todos os seus contos, tanto os curtos, como os mais extensos (pra alguns, confesso, me falta tempo), mas esse foi o primeiro que acompanhei na íntegra, capítulo por capítulo, e garanto, eu o considero o cara mais inteligente dessa nosa era virtual, não há outro blog que eu tenha acompanhado por tanto tempo.
    Esse conto me fez ter uma espécie de déjà vú, não sei explicar… não é como se eu já tivesse visto essa história em algum lugar, mas parece que a sequência de fatos tentou despertar do meu sub-consciente alguma outra história “semelhante”, que consigo lembrar de alguns flashes, mas não a história toda.
    O fato é que isso já está me fazendo pensar a um tempo, tanto é que esse final do conto já saiu a alguns dias, mas só agora venho aqui comentar.
    Pensando nisso, gostaria de pedir uma coisa: me autoriza me “apropriar” da idéia central desse conto, e fazer a minha versão? imaginei ela com o final dessa outra história que me lembro. Se eu fizer, e concluir, te mando uma cópia (não tenho intenção nenhuma de publicar on-line ou qualquer coisa, só tenho mesmo vontade de desenvolver a história).

    • Talvez essa história seja real… Quem sabe? Talvez ela seja real num universo paralelo e eu consiga dar um pulo lá de vez em quando. Ou quem sabe o Leonard não me contou isso? Fique à vontade!

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