A busca de Kuran – O deserto mostra suas garras

-Falta muito? – Perguntou Joseph.
Leonard não respondeu. Apenas olhou o mapa e a bússola, tentando se localizar. Agora estávamos num mar de areia que se espalhava para todas as direções ao nosso redor. Não dava para ver o horizonte. Eu sentia que alguma coisa não estava certa. Havíamos andando pelas areias escaldantes o dia todo e naquele dia, por ordem de Leonard, nós não paramos para descansar ao meio dia.
Eu percebi que os Uigures pareciam deprimidos, já não nos olhavam mais nos olhos. A morte de dois homens e o sacrifício de um dos camelos havia realmente afetado a moral deles.
Percebi que para os Uigures a morte do camelo tinha sido muito mais que uma desgraça ocasional e passageira. Era um sinal de que nos aproximávamos do começo do nosso próprio fim. Eu temia que eles estivessem certos. Pela expressão preocupada de Leonard, ele também.

Vi o mestre tirar o chapéu e coçar a cabeça. O ar era quente demais, sufocante, o que deixava as conversas sempre meio cortadas. Os olhares muitas vezes diziam mais que as palavras no Taklimakan.

Todos os uigures, os franceses e Joseph estavam sentados nas dunas, esperando que Leonard se pronunciasse. Até os camelos se sentaram, dobrando as patas daquele jeito estranho como sempre faziam.
Eu estava parado ao lado de Leonard, tentando entender o mapa antigo que o guiava. Ao meu lado, também de pé, o profeta. Olhei para ele e sorri e ele me devolveu o sorriso, como num espelho. Leonard não dizia nada. Parecia concentrado. Eu já me preparava para sentar na areia junto aos franceses quando Leonard rompeu o silêncio.

-Já era pra termos cruzado com eles.- Ele disse. – Talvez tenhamos passado do ponto de encontro.

Os franceses cochichavam lá atrás e os Uigures pareciam confusos sobre o que ele havia dito. Joseph Frankiel levantou-se mancando e veio até nós. Eu já havia percebido uma certa animosidade de Leonard com Joseph, mas tentei manter os ânimos amainados.

-E agora Leonard? – Pressionou Joseph.
-Não sei.
-Acho que devemos andar mais para o sul. – Joseph disse.
-Não acho que seja necessário. – Respondeu Leonard, secamente. Ele estava determinado a cortar o rumo da conversa. Mas Joseph parecia não ter muita noção e provocava Leonard sempre que podia.
-Foi uma burrada buscar água desse jeito. – Grunhiu o fotógrafo. – Agora vamos morrer!
-Você veio porque quis. Ninguém te chamou. Eu não te convoquei. – Leonard se exaltou. Eu olhei ao redor e os uigures estavam com os olhos arregalados olhando a briga dos ocidentais. Eu entrei no meio dos dois, temendo que se engalfinhassem.
-Você é um idiota. Não serve como líder! – Gritou Joseph com seu forte sotaque alemão.
Os franceses a essa altura tinham parado de conversar e todos prestavam atenção à confusão no alto da duna.
-Não encha o meu saco, chucrute! – Respodeu Leonard, no mesmo tom.
-Verdammt! – Berrou o alemão e partiu com tudo para cima de Leonard. Eu tentei contê-lo, mas o fotografo era forte.
Joseph saltou sobre Leonard e os dois rolaram duna abaixo. Os homens levantaram-se. Os Uigures gritavam coisas que eu não entedia. Os soldados franceses, todos membros da Legião Estrangeira, estavam mais que acostumados a ver brigas no deserto e começaram a torcer pelo alemão. Aquilo me preocupou, pois eu já havia percebido por diversas vezes que havia uma hostilidade silenciosa entre os homens franceses e os ingleses da expedição.
Eu corri duna abaixo, para tentar separar os dois.
Quando finalmente os alcancei, vi que Leonard estafa levantando-se mas Joseph continuava caído, com a cara na areia.
-Vem me ajuda a levantar ele. – Disse Leonard.
-O que houve com Joseph? – Sussurrei para Leonard.
-Ele está desligado. Daqui a pouco ele volta.
Nisso, ouvimos os uigures aflitos no alto da duna.
-Eles acham que eu matei Joseph. – Disse Leonard. – Isso não é nada bom.
-Vamos levá-lo lá pra cima. – Eu sugeri. Leonard concordou e quando os franceses viram que estávamos carregando o corpo desacordado do alemão, vieram ajudar.
-Ele morreu? – Perguntou Robin.
-Não. Ele desmaiou.
-Você viu ele beber água? – Perguntou Leonard. Eu entendi a razão da pergunta dele. E ajudei o mestre.
-Ele estava sem beber água há muito tempo. – Eu respondi.
Levamos o corpo pesado do fotógrafo alemão até o alto da duna e o estendemos junto a um dos camelos. Os uigures jogaram um pouco de água sobre ele. Mas Joseph não acordou. Os homens ficaram abanando Joseph, como faziam com desmaiados. Leonard me puxou de lado e sussurrou pra mim:
-Ele está em coma.
-E agora?
-Não sei. Temos que improvisar. – Ele respondeu. – Tudo que não podemos é deixar os Uigures se impressionarem ainda mais. Estamos à beira de um motim aqui.
Percebendo que um dos franceses prestava atenção em nós, caminhamos pela duna cerca de vinte metros, nos distanciando do grupo.
-Meu medo é que sujra um pânico na equipe. Se um desses mercenários franceses cair na real que não temos muitas chances, ele pode passar fogo em todo mundo, pegar o camelo mais forte dos que sobraram e partir para leste, tentando chegar em Mazar Tagh, onde encontrará água.
-Entendo.
Nossa conversa foi subitamente interrompida por uma gritaria. Os uigures vieram correndo na nossa direção, com uma expressão desesperada. Eles falavam coisas ininteligíveis, apontando para a direção noroeste.
-Veja! – Apontou Leonard.
-O que é aquilo? – Perguntei afobado.
-Uma tempestade de areia. Ela chegará aqui em poucos minutos.
Pela expressão de terror no rosto dos Uigures eu concluí que estávamos lascados. Os uigures corriam agora para amarrar os camelos. Eles estavam desempacotando a tenda na maior velocidade que podiam. O jeito como pareciam atônitos e com medo me deu a dimensão do grau de perigo daquelas tempestades.
-Leonard! O que podemos fazer?
-Temos que enfrentar.
-Mas Leonard… Não pode usar magia? Desviar a tempestade?
-Eu tentei, Wilson. Não quero te preocupar, mas isso não é uma tempestade comum! – Disse Leonard.
Então percebi que os camelos pareciam nervosos como na planície da pedra redonda.
-Droga… – Gemi.
Agora onde antes havia apenas o infindável céu azul, nuvens densas se agrupavam, surgidas do nada. Um súbito vento frio passou ao nosso redor. O sol ficou encoberto e e rapidamente o horizonte desapareceu na neblina cinza-amarelada.
-Consegue ver alguma coisa? – Perguntou Leonard, segurando o chapéu na cabeça para que não fosse levado pelo forte vento.
-Nada! – Eu respondi. A visibilidade havia caído para cerca de 200 metros.
Minutos depois, vi uma coluna de areia girando e dançando enlouquecidamente.
-Toma, pega essa corda. – Disse Leonard, me estendendo uma corda. Eu olhei para trás e vi que todos os membros da expedição haviam se agarrado naquela corda, que estava amarradas aos camelos. Eu me agarrei também.
-Fecha bem os olhos e a boca. Não fale! – Gritou Leonard, tentando fazer com que eu conseguisse ouví-lo em meio ao rugido dos ventos ao nosso redor. Os uigures tamparam as cabeças com o pano.
Nos reunimos em um círculo, ao redor dos camelos. Todos segurado fortemente na corda.
O vento parecia controlado por uma força maligna. Toneladas de areia caíam sobre nós. Em meio ao assovio e as rajadas de vento, eu mantinha os olhos firmemente cerrados, a boca travada. O pano cobria meu rosto e eu mal podia respirar.
Em meio ao ruído do vento, pensei ter escutado um dos homens gritando. Mas não pude abrir os olhos. A areia me chicoteava de todos os lados. Senti um puxão na corda e quase soltei. Calculei que um dos camelos estava nervoso.
O vento e as areias do Taklimakan nos açoitou por quase uma hora. Quando eu finalmente abri os olhos, estava quase enterrado na areia até os joelhos.
O vento estava diminuindo rapidamente de intensidade e em menos de dois minutos as nuvens que tornavam o deserto escuro haviam desaparecido.
Leonard se batia tentando remover a areia do seu corpo.
Olhei ao redor e percebi que havia alguma coisa errada. Estava faltando gente. Henry Dubois, Andreus Moreau, Joseph Frankiel e um Uigur haviam sumido do mapa.
Haviam desaparecido misteriosamente em meio a tempestade de areia.
Nossa caravana tinha se reduzido a Leonard, eu, o profeta, um uigur e Robin Broca e dois camelos.
O profeta, Robin e seu ajudante Uigur cavavam buracos pelo chão, tentando localizar os desaparecidos.
Eu me juntei a eles, espalmando a areia em busca de localizar os corpos.

Subitamente, enquanto eu cavava, me contive e vi Leonard ao longe. Ele estava de braços cruzados, olhando para nós. Do nada, uma ideia surgiu na minha cabeça.
“O deserto os comeu”. Era a frase que ele havia dito quando O risadinha e o jovem uigur foram tragados pela areia.
Eu me levantei e também fiquei esperando que os homens desistissem de procurar. Um a um eles foram perdendo as esperanças, e até que resignados, levantamos e seguimos caminho pelas areias escaldantes.
-Vamos para leste. – Apontou Leonard.
Seguimos o líder em silêncio.
Andamos pela tarde adentro até que a noite começou a se aproximar. Eu estava perto de Leonard quando ele me contou que estimava que tivéssemos percorrido cerca de doze quilômetros desde o oásis. As dunas agora eram montanhas gigantescas, quase intransponíveis. Os uigures estavam achando que iríamos todos morrer. Leonard estimou que estivéssemos a cerca de 600m de altitude.
-Em mais dois dias os camelos estarão nas últimas. – Ele disse.
-O que faremos? – Perguntei aflito.
-Não sei, mas temos que ser rápidos. Estamos atrasados e não há força de vontade para tirarmos a diferença. Cada quilômetro já está parecendo o triplo.
-Leonard?
-Sim?
-Por que não conseguimos encontrar o outro grupo? O que você acha que aconteceu?
-Eu temo que eles não tenham conseguido água.
-Você acha que eles morreram?
-Não. Pelo menos Petrus está vivo. Isso eu sei. Posso sentir. Mas acho que eles mudaram a rota para o sul em busca de poços. A outra possibilidade é que nós tenhamos chegado tarde no ponto de encontro. Petrus pode ter concluído que nós mudamos a rota e seguiu em frente. Bem, vamos parar e acampar aqui. – Disse ele, fazendo o sinal de acampar para o profeta.
Horas depois, estávamos todos sentados ao redor da pequena fogueira que aquecia o frio do deserto.
Robin comentou que estava mais frio do que de costume. Todos concordamos. Eu tremia feito uma vara verde.
-Pelo menos não está ventando. – Disse Leonard.
Da barraca atrás de nós surgiu o profeta, carregando um saco. Todos olhamos com expressão de nojo quando o profeta e Suleiman, o outro uigur começaram a cortar pedacinhos da carne do camelo. O cheiro de podre empesteou o ambiente.
-Que merda. Não vai dizer que nós vamos comer isso, né? – Perguntou Robin a Leonard.
-Se não comer vai ser desfeita. – Respondeu o líder.
Nessa fase da expedição enfrentei um dos piores momentos da viagem. Suleiman estava enfiando os pedaços de carne em espetinhos e colocando na fogueira para assar.
-Leonard, não sei se consigo comer isso. – Eu sussurrei.
-Vai conseguir. – Disse ele, secamente.
Olhei para Robin Broca. O francês parecia que iria desmaiar a qualquer momento. Ou vomitar.
Leonard foi o primeiro a comer. Pegou um dos espetinhos da fogueira e enfiou na boca, arrancando um naco de carne de camelo. Eu e Robin ficamos olhando pra ele, esperando alguma reação de nojo ou coisa do tipo, mas Leonard parecia satisfeito.
-Hummm. É bom garotos!

Aquilo me deu coragem para experimentar. Esperei a carne tostar bem no fogo, já que o saco com os restos do camelo morto tinha passado muito tempo no sol. Quando finalmente experimentei me impressionei com o gosto bom que tinha, apesar de ser uma carne fibrosa e muito dura. Passei meu espeto para Robin.
-Hum, nada mau! – Disse ele. – Melhor que a comida da minha mãe!
Todos rimos. Havia finalmente uma sensação pálida de congraçamento entre nós. Ninguém ousava falar ou lembrar dos homens que haviam sumido na tempestade. Muito menos dos que haviam sido tragados pelo deserto diante dos nossos olhos.
Após comermos, estávamos todos cansados demais e fomos para a barraca. Todos Dormiram rapidamente, mas eu não. Eu fiquei ali pensando nos que haviam sumido. Todos mortos.
Lembrei-me com carinho do fotografo alemão de hábitos rudes. Embora ele tenha se revelado um chato no decorrer da missão, eu gostava dele.
Levantei-me do saco de dormir e fui até a sacola dele. Ali estavam alguns livros em alemão. Um bloco, artigos pessoais, muitas caixas de filme, lentes diversas e a câmera. Eu peguei a câmera dele, pois pensei que se estivesse vivo, Joseph Frankiel certamente iria querer que eu registrasse aquela aventura, dando continuidade ao seu trabalho. Felizmente, ele havia me ensinado a usar o aparelho quando fui sozinho em direção à pedra redonda.
Guardei a câmera na minha mochila. E voltei para dormir.

No alvorecer da manhã seguinte, eu e Leonard escalamos uma duna bem alta para poder vislumbrar alguma coisa ao longe. Leonard me acordou com o sacolejo silencioso de sempre e partimos sem falar nada. Eu sabia que ele queria falar comigo. Enquanto andávamos, íamos conversando sobre o futuro.
-Pra que viemos matar este demônio, Leonard?
-É uma longa história, Wilson. Mas basicamente, quando um grande erro aconteceu, uma legião de antigos e poderosos demônios atravessou para nosso mundo. Eles estão escondidos. Minha missão sagrada é ir atrás de um deles e mandá-lo de volta.
-E como você vai fazer isso? – Indaguei, curioso.
-Você vai ver, quando chegar o momento.
-Ah, tá. O mesmo papo de sempre. “Vai ver quando chegar o momento” – Imitei Leonard desmunhecando.
-Ei, eu não falo desse jeito! – Disse Leonard, em meio aos risos, me dando um soco no ombro.
-Tá, mas me fala sobre o velho que apareceu pra mim. Quem era aquele sujeito?
-Ele é um poderoso guardião. Existem outros. Se você diz que era um velho com olhar assustador e manto preto, é provável que seja Vetrahl.
-Vetrahl?
-Foi um grande feiticeiro na Caldeia. Ele é muito, muito antigo. Ele é um espírito desencarnado, extremamente poderoso e ardiloso. Dizem os grimórios que Vetrahl quando estava vivo não tinha escrúpulos. Ele queria ser um mago negro, para obter certos conhecimentos, realizou diversos tratados com entidades do submundo. Para ganhar acesso a um séquito de espíritos de baixo nível, Vetrahl invocou demônios com o qual não sabia ainda lidar. Esses demônios apossaram-se dele, seduzindo-o com grandes habilidades como o poder sobre a matéria e controle psíquico das pessoas que o cercavam. Entretanto, como ocorre com todos os feiticeiros, sobretudo os que fizeram pactos com seres de baixa frequência, acabou prisioneiro dos próprios despojos carnais.
-Hã?
-Ele morreu mas seu espírito continuou no corpo. Sem ação sobre ele. Dessa forma, Vetrahl presenciou os vermes se alimentando de seu corpo, enquanto sua mente, agora desgovernada era manipulada ao bel prazer das criaturas com os quais ele se uniu em conluio. Vetrahl foi atado a amarras fluídicas e levado para regiões profundas da erraticidade, onde sofreu torturas inimagináveis nas mãos de seus antigos comparsas. O sofrimento foi tão brutal, tão inimaginável, que o feiticeiro implora para se tornar um servo do demônio que um dia teve a ilusão de controlar. E foi isso que aconteceu. Hoje Vetrahl está sob controle de forças malignas de zonas obscuras da erraticidade. Não sabemos que demônio controla Vetrahl, se soubéssemos, poderíamos tentar libertá-lo.
-Ele não pareceu muito afim disso.
-Ele está sob o controle do mal. Imagine-o como uma entidade semi-diabólica, semi-humana, sem controle de seus atos ou mesmo consciência. Ele está como que hipnotizado. É curioso como a coisa se inverteu. Antes, quando encarnado, em sua inconsequente fantasia de poder, o feiticeiro controlava o ser das trevas para seu propósito. Mas ao morrer, isso se inverte, e o ser que antes estava subjulgado passa a dominar seu antigo mestre, tornando-o seu guardião, com ações físicas neste mundo. Por isso ele conseguiu agarrar seu braço.

Diante de nós o sol surgia no horizonte. Abaixo de nós o acampamento voltava lentamente a sua rotina. Os uigures davam água para os dois camelos. Para o norte e para o leste, via-se apenas a contínua e ameaçadora linha de colinas de areia, suas formas distorcidas e exageradas pelas sombras escuras.
-Eu adoro esta hora.
-Eu também. Apesar do frio. – Respondi. – Você realmente pretende prosseguir por ali? – Apontei o leste que nos parecia intransponível.
-No estado dos camelos, parece que nossas chances não são muito boas.
-Eu sei. – Disse ele, pegando uma coisa do bolso.
-O que é isso?
-Um relógio magico. – Disse Leonard.
Eu comecei a rir mas ante a seriedade e solenidade dele com o objeto, percebi que tinha dado uma mancada. Ele estava falando sério.
-O que isso faz?
-Me aponta o caminho. – Ele disse. – É esta coisa que me diz onde devo ir. Não a bússola.
Eu estava estupefato. Me impressionei ao vislumbrar pela primeira vez uma determinação e fé que até então nunca havia visto. O homem à minha frente, conhecedor dos mais obscuros e herméticos segredos da natureza confiava a própria vida e a dos membros de sua expedição a um antiquado disco de prata e bronze, com estranhas inscrições em árabe.
-Vire-se de costas, por favor. – Disse Leonard.
Eu obedeci e ele ficou olhando para o objeto.
Ouvi o barulho de uma catraca. E em seguida o silêncio. Leonard disse que eu podia me virar e vi que ele já guardava o misterioso artefato com cuidado no bolso do jaquetão.
-Como que isso funciona? – Perguntei.
-Esse equipamento capta a energia fluídica em diversos planos e orbes. Com ele eu posso traçar uma rota até um alvo de natureza sutil, como um espírito, um demônio, um elemental e até mesmo, um outro mago. Mas ele só funciona com a energia que obtém da minha força magnética…
-Força magnética?
-Sim, mas essa é de outro tipo. Não é igual a do ímã. Só tem o mesmo nome.
-Ah, entendo. – Mentira, eu não estava entendendo lhufas. Mas aquilo estava ficando muito, muito estranho. Então me lembrei da maquina do falecido Joseph.
-Posso tirar uma foto disso aí?
-O que? Tá louco? Claro que não!
-Qual o problema, Leonard? Ninguém nem vai saber o que é isso. Só você. Vamos fazer isso como uma homenagem ao Joseph.
-Hum. Tá certo, tudo bem. Mas não toque. – Disse ele, pegando o objeto de volta. Colocou na mão e estendeu para mim. Eu me esforcei para fazer o melhor retrato que podia. Regulei a lente e mirei para a mão de Leonard.
-O que o relogio diz?

-Que daqui devemos seguir em direção Sudeste. – Falou, pegando um papel dobrado no bolso interno do jaquetão de lã. Era o antigo mapa de Petrus.

-Veja. Seguindo pra sudeste, com mais um ou dois dias em linha reta, vamos chegar nessas montanhas.

-A caravana foi pra lá?

-Não. A caravana seguiu para leste. Mas Kuran está lá nessas montanhas.

-Quem é Kuran?  – Perguntei.

Leonard sorriu.- Eu vou lhe contar quem é Kuran…

CONTINUA

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Putz !!!!
    Philipe, acabei de ler o conto do caçador e já sei o que é Kuran!!!

    Agora sim! Show Super mega master hiper liper huper, interessante!

    Tipo, o conto do caçador é no futuro neh? Antes do Leonard encontrar Kuran!

    Ta ficando doido o negócio!

    Vou continuar acompanhando!

    Abraços!

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