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Espadas lendárias

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A maioria de nós tem a primeira associação com uma espada medieval  com a famosa Excalibur, do rei Artur (claro que Espada Justiceira do Lion e a do Conan não contam).

Apesar desse fato, de acordo com muitos mitos e lendas, durante as batalhas de cavaleiros houve muitas outras lâminas que se tornaram armas verdadeiramente lendárias. Neste post pretendo falar sobre essas armas.

1. Durandal


Esta arma, assim como seu dono, o cavaleiro Roland, é cercada por muitos mitos e lendas. Segundo uma lenda antiga, dentro do punho da espada há um dente de São Pedro, o cabelo de Dionísio de Paris, o sangue de São Basílio e uma peça de roupa da Virgem Maria. (haja espaço!)

Além disso, segundo a lenda, esta lâmina foi a mais afiada já criada. O valente guerreiro recebeu-o das mãos do próprio Carlos Magno. De acordo com uma versão, Roland enfiou a espada na rocha para que seus inimigos não a pegassem.

2. Zulfiqar


Dizem que esta espada pertencia ao profeta Maomé. Antes dele, a lâmina foi empunhada por Munabbih ibn Hajjaj. Após a morte do fundador do Islã, a arma passou para um dos califas justos, Ali ibn Abu Talib.

Não se sabe muito sobre a espada, nem sobre o seu destino. Há uma versão de que os turcos apreenderam as armas e ainda as escondem no palácio de Istambul.

3. Ulfbert

A diferença fundamental entre essas espadas (havia várias delas) é a ausência de muitas lendas nas quais fossem dotadas de quaisquer propriedades mágicas. Apesar de sua produção em massa, elas eram de altíssima qualidade – extremamente duráveis ​​e leves.

Um análogo de qualidade igualmente alta foi produzido na Europa apenas no século XVIII.

4. Legbeater


O Legbeater era a lâmina do Rei Magnus III da Noruega. O monarca esteve no trono de 1093 a 1103. Foi o dono da arma quem realmente o glorificou. Esta espada participou de muitas batalhas militares e reprimiu revoltas.

A lâmina foi apelidada de mágica porque Magnus não conhecia a derrota. No entanto, tudo terminou de forma bastante inglória, pois Magnus e seus camaradas morreram na Irlanda quando foram emboscados após combates ferozes enquanto esperavam que os irlandeses lhes trouxessem gado. Desde então, o destino de Legbeater é desconhecido.

5. Skofnung


O rei dinamarquês Hrolf Kraki forjou esta espada com as próprias mãos. Segundo a lenda, o monarca aprisionou as almas de 12 fiéis furiosos em armas, que deram suas vidas em batalhas ferozes. Outro nome para a lâmina é Blood River.

Mais tarde, a arma teve muitos donos e ele conseguiu se meter em vários problemas. De acordo com a versão mitológica, o fim da espada veio de forma bastante estúpida. Diz a lenda que um dos heróis, libertando o deus do engano Loki das algemas, tirou Skofnung da bainha na presença de mulheres, o que era proibido.

Isso irritou as almas dos furiosos, e eles mataram o azarado guerreiro e, ao mesmo tempo, destruíram a arma.

6. As espadas Tizona e Colada


Do épico espanhol pertenceram ao herói popular Rodrigo Diaz de Vivar. Segundo o folclore, a arma foi dada ao guerreiro como troféu quando ele derrotou o rei mouro Bukar. Presumivelmente, você pode ver esta mesma lâmina na catedral da cidade de Burgos, onde, de fato, está localizado o túmulo de Rodrigo Diaz De Vivara.

Sua segunda espada é Kolada. E mesmo que não seja tão famosa, os espanhóis têm muito orgulho dela e a reverenciam. Os nobres de Falces possuem a relíquia.

7. Espada de Wallace


O herói cavaleiro escocês William Wallace liderou uma revolta contra os ocupantes ingleses no século XIII. A espada participou de muitas batalhas, por isso é frequentemente mencionada no folclore. Quando Wallace foi executado, sua lâmina foi para o comandante do Castelo Dumbarton, John de Menteith. Vários séculos depois, a arma foi encontrada na Torre. Agora é mantido no salão do Monumento Wallace.
A espada do Coração Valente é grande, mas não é a maior. Se liga nesse espadão aqui. 

8. Espada da Misericórdia


Esta lâmina é usada durante a coroação dos reis da Grã-Bretanha. Segundo algumas versões, a espada foi criada no século XI. O primeiro proprietário foi o monarca Eduardo, o Confessor. A arma deve seu nome à ponta quebrada da ponta. As lendas dizem que a espada foi danificada quando o cavaleiro Tristan a enfiou no crânio do gigante Morholt. Outra lenda diz que um anjo quebrou a ponta da arma, evitando um assassinato sem sentido.

9. Joyeuse

Apesar das dúvidas dos especialistas sobre a autenticidade desta arma, a espada de Carlos Magno tem sido usada durante a cerimônia de coroação dos governantes da França desde o século XIII. A última vez que a lâmina participou de uma coroação foi em 1824 e agora está guardada no Louvre.

Segundo a lenda, a lâmina foi forjada a partir da lança que foi usada para perfurar o próprio Jesus Cristo! A dica teria sido obtida na Palestina durante as Cruzadas.

Condomínio para o apocalipse: Venha morar num bunker!

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Durante 25 anos, esses bunkers foram usados ​​para armazenar bombas e munições, mas estão vazios desde 1967. A incorporadora “Vivos” (hahaha o nome é uma piada pronta) agora quer vender 575 bunkers por US$ 55 mil cada.

A empresa vê as pessoas comuns como clientes que desejam estar preparados para qualquer desastre. Eles enfatizam que não têm como alvo bilionários ou obcecados com o fim do mundo. Considerando que até o Tio Zuk que espiona a vida do mundo todo e sabe de tudo já se adiantou e mandou fazer um bunker milionário na casa dele…

Várias opções de layout estão disponíveis para os clientes. O menor bunker possui cinco quartos e um banheiro, enquanto o maior possui oito quartos e três banheiros. Mansão apocalíptica!

As condições não podem ser chamadas de totalmente ascéticas – por exemplo, em uma das fotos você pode ver um home theater.

O interesse, como dizem na imobiliária, é simplesmente extraordinário, e eles também estão trabalhando em um projeto desse tipo na Alemanha.

“As consultas e inscrições aumentaram mais de 2.000% em relação ao ano passado e as vendas aumentaram mais de 300% e estão crescendo exponencialmente”, garante a empresa.
Também, com um apoio de vendas como o Putin, né? Seja com apocalipse zumbi ou guerra nuclear, eles querem estar prontos para vencer a corrida por ser o último a morrer.

Conheça o hotel submarino

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O luxuoso quarto Muraka é um destino de férias literalmente inesquecível, com peixes cercando seu quarto e o oceano ondulando suavemente do lado de fora de suas janelas, mas vem com uma facada de de £ 17.000 por noite. (mais de 107 mil reais por diária)


Localizado abaixo da Ilha Rangali, no Oceano Índico, o quarto do hotel transporta você para impressionantes 4,88 metros  abaixo da superfície das Maldivas e para a terra dos sonhos dos amantes do oceano.

Para mergulhar tão profundamente, os visitantes do quarto principal do hotel devem usar um elevador privado ou descer uma escada em espiral de madeira.

Lá você será saudado por milhares de peixes que olham diretamente para você através de paredes totalmente transparentes.  Essa incrível suíte subaquática foi construída diretamente no fundo do mar, criando o lar perfeito para férias diferenciadas.

O quarto está repleto de comodidades luxuosas, incluindo um enorme closet, um frigobar caro e uma cama e sofá confortáveis.

Mas o aspecto mais impressionante da sala está dentro das paredes desse hotel estranho.

Combinado com um teto transparente e paredes transparentes em todos os lados, os hóspedes têm uma vista deslumbrante de 180 graus da área circundante.

A vida florescente dos corais e os peixes vibrantes e nunca antes vistos enchem as janelas em abundância, como se os dias simplesmente desaparecessem no passado se você ficar muito tempo abaixo do convés admirando a vista para o mar.

A vida exuberante dos corais e os peixes coloridos e nunca antes vistos enchem as vigias em abundância, e os dias simplesmente voam se você ficar muito tempo no seu quarto admirando as diferentes espécies de vida subaquática.

Mas para quem quer não só olhar a água, mas também tocá-la, há uma área externa com piscina infinita no deck superior.

Para completar, o resort ainda oferece ao sortudo hóspede um mordomo pessoal 24 horas durante a estadia.

HW12GN Maldives, Rangali Island. Conrad Hilton Resort. Couple at Ithaa underwater restaurant. (MR)

Nada mal, hein? Pena que não é pro meu bico.
Por que ninguém ainda fez um desse em Arraial do Cabo é um mistério pra mim. Ia explodir de ganhar dinheiro.

Aditivo do pesadelo: A sanguessuga monstro

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Sanguessuga monstro. Era só o que faltava! Se tem um bicho que eu abomino tanto quanto mosquito e lacraia é a tal da sanguessuga. Só pode ser o capeta que colocou isso na Terra. Uma merda dum verme que sua única meta na vida é morder a sua pele e ficar lá, chupando seu sangue de canudinho. Parece coisa de filme de terror.

Agora quando ela é enorme, a minha vontade de meter um napalm em cima aumenta proporcionalmente.

O pior: Essa merda de monstro está aqui NO BRASIL!

Haementeria ghilianii ou Sanguessuga Gigante da Amazônia é a maior sanguessuga do mundo por uma margem bastante significativa, crescendo até 18 polegadas (46 cm) de comprimento.

As sanguessugas são encontradas em áreas úmidas em todo o mundo e, embora a maioria seja menor que o dedo indicador de uma pessoa comum, algumas podem crescer muito mais do que isso. Mas uma espécie específica de sanguessuga pode ficar tão grande que é considerada objeto de pesadelos. Haementeria ghilianii também conhecida como Sanguessuga Gigante da Amazônia, é uma sanguessuga esquiva que só pode ser encontrada na Guiana Francesa e em algumas áreas no norte do Brasil, então é improvável que você encontre uma, a menos que resolva dar um rolê em Manaus e adjacências, mas fotos desta criatura viscosa deve ser suficiente para causar arrepios na espinha. Embora a maioria dos exemplares meça entre 30 e 35 centímetros, exemplares excepcionais podem crescer até 46 cm de comprimento.

Descoberta pela primeira vez pelo naturalista italiano Vittore Ghiliani em 1849, a Sanguessuga Gigante da Amazônia alcançou um status quase mítico, principalmente devido ao seu tamanho incomum. Histórias e lendas sobre vários destes bichos sugando o sangue de um ser humano adulto inteiro em poucas horas ficaram famosas, embora não existam dados científicos que comprovem isso.
Parece algo que você veria na ilha do King Kong.

Reivindicações que datam de 1899 afirmam que várias sanguessugas poderiam matar cavalos e o gado drenando seu sangue em tamanha quantidade que o bicho vai a óbito. Pelas poucas informações que encontramos online, a sanguessuga gigante suga sangue a uma taxa de 04 a 15 mililitros por minuto.

Deus me livre de acordar e ver uma merda dessa em mim!

Ao contrário das sanguessugas com mandíbula, que possuem uma fileira de dentes para perfurar a pele do hospedeiro, a sanguessuga gigante amazônica usa uma tromba – um apêndice afiado em forma de agulha que se estende desde a boca – para perfurar a pele de suas vítimas, tipo aqueles baratões do meu livro “O experimento Carlson“.

Chupando de canudinho

 

Essa tromba de 10 centímetros se estende bem profundamente sob a pele, mas é improvável que você a sinta, por causa de um coquetel de produtos químicos secretados pela sanguessuga para anestesiar a área que ela perfura. A saliva da sanguessuga também contém um forte anticoagulante que mantém o fluxo fluindo muito depois de ela ter se separado do hospedeiro.

Haementeria ghilianii  pode sobreviver durante meses sem se alimentar, esperando pacientemente que vítimas inocentes passem. Durante o período de emagrecimento, parecem bastante pequenos, mas o seu peso corporal aumenta 3 a 6 vezes por alimentação, por isso, quando deixados a devorar sangue livremente, podem tornar-se verdadeiramente gigantescos.

Apresentando fortes músculos longitudinais, a sanguessuga gigante amazônica é muito mais robusta do que parece. De acordo com Mark Siddall, do Museu Americano de História Natural, você provavelmente poderia pisar nela e não matá-la. Então você terá que encontrar outra maneira de garantir que ela esteja morta caso você se depare com uma dessas monstruosidades.

Manhêêêê, traz o napalm aí!

 

Após um acidente de carro, este australiano passou a falar chinês fluente e esqueceu o inglês

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Imagine acordar do coma e só falar chinês!
Ben McMahon se envolveu em um acidente que quase ceifou sua vida e quando acordou do coma só conseguia falar mandarim.

Ele se lembra de como, ao acordar, viu uma enfermeira de aparência asiática parada ao seu lado e disse a ela em chinês:

“Com licença, enfermeira, estou muito dolorido aqui.”

Ele então pediu que ela lhe desse papel e caneta e escreveu em mandarim:

“Eu amo minha mãe, amo meu pai, vou me recuperar”.

Seus pais e médicos ficaram perplexos com sua habilidade linguística recém-descoberta. Os médicos disseram aos seus pais que seria um milagre se ele sobrevivesse.

Recebemos uma ligação do hospital e [o funcionário do hospital] estava dizendo ‘Oh, Mark, olhe, eu só queria ligar e avisar que Ben realmente começou a sair do coma’… e ela disse, ‘Eu não sei como dizer isso… ele só está falando em chinês”

Mark, o pai de Ben, disse ao Channel 10’s, The Project “Nenhum de nós fala mandarim, nunca falamos, então apenas balançamos a cabeça, mas no fundo estamos bastante preocupados com o que está acontecendo.”

Ben estava estudando mandarim na escola, mas ainda não era fluente no idioma. Não foi encontrada ainda uma explicação para ele saber fluentemente a língua.

“Eu não estava pensando conscientemente que estava falando mandarim, foi o que acabou de sair e foi o que era mais natural para mim”

Ele levou cerca de dois a três dias para se lembrar de suas habilidades na língua inglesa. Desde então, sua nova linguagem lhe trouxe enormes oportunidades. Ele agora lidera turnês chinesas em sua cidade natal e apresenta um programa de TV em mandarim. Ele também se mudou para Xangai, onde estuda comércio na Universidade. Ele está grato por estar vivo e por poder falar fluentemente numa segunda língua.

Ben não é a primeira pessoa a passar por tal experiência. Em 2010, uma menina croata de 13 anos acordou falando alemão fluentemente, em vez de sua língua nativa.

Recentemente, um veterano da Marinha dos EUA foi encontrado inconsciente num quarto de motel em 2013. Ele não conseguia se lembrar quem era, mas falava sueco fluentemente.

Pankaj Sah, neurocientista do Queensland Brain Institute, acredita ter uma explicação para o que aconteceu com Ben. Segundo ele, o cérebro possui diversos circuitos que auxiliam na linguagem, na fala, na respiração e no pensamento – assim como nos circuitos eletrônicos. É possível que as partes do cérebro de Ben que conseguiam se lembrar do inglês tenham sido danificadas durante o acidente, enquanto as partes que retinham o mandarim foram ativadas quando ele acordou do coma.

fonte

Os dias que não existiram

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Em 1582, os dias 5 a 14 de outubro não existiram no papel.

Tudo graças ao Papa Gregório XIII e seu novo calendário, nomeado, não à toa, “gregoriano”.

Para reorganizar a folhinha em compasso com as estações do ano e introduzir o novo sistema, no lugar do calendário juliano, o pontífice eliminou 10 dias de outubro.

Posto assim parece que Sua Santidade simplesmente limou uma dezena de dias sem pensar!

Não. Amparado por uma comissão comandada pelo astrônomo jesuíta Christopher Clavius e pelo físico Aloyisius Lilius, e que se debruçou por quase 5 anos sobre o tema, Gregório XII assinou a bula Inter gravíssimas, retirando os dias do calendário.

Então, a quinta-feira, dia 4 de outubro de 1582, foi imediatamente seguida da sexta-feira, 15 de outubro, compensando um desequilíbrio temporal acumulado por séculos com o calendário estabelecido por Júlio César, 46 anos antes do nascimento de Cristo.

“Tudo isso aconteceu porque o ano da Terra tem cerca de 11 minutos a menos que os 365 ¼ dias estabelecidos por Júlio César. São realmente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Se o desarranjo se mantivesse, a Páscoa acabaria celebrada no verão e o Natal na primavera [no hemisfério Norte]”, escreve a revista Wired.

Os primeiros países a adotarem o calendário gregoriano foram Itália, Espanha e Portugal. Nos anos seguintes, outras nações ocidentais aderiram ao novo sistema. Hoje, ele é o mais difundido do mundo.

Em 1752, os britânicos viveram uma “aventura” semelhante. Foram para a cama no dia 2 de setembro e só acordaram no dia 14!

“Eu vi o inferno”

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Em 1988 eu estava trabalhando para uma empresa de intermediação de comércio internacional chamada Triestes Ltd, com sede em Washington.

Nós tínhamos clientes em todas as partes do mundo e não raro, eu precisava viajar a Europa três vezes ao ano para resolver problemas de contratos, pois havia uma série de “complicações cambiais” que muitas vezes precisavam ser negociadas no esquema olho-no-olho-dinheiro-no-bolso, se é que você me entende.  Claro, alguns países europeus eram mais corruptos que os outros. Mas foram dois os que mais se destacavam nesse aspecto: A Espanha e a Itália.

Especialmente na Itália, sabíamos que os problemas aconteceriam em função de interesses de figurões influentes na Sicília. Volta e meia carregamentos de vinho eram travados e mercadorias desapareciam no pátio do porto de Nápoles.

Foi numa dessas viagens que seguindo para Nápoles, que ouvi uma das histórias mais estranhas da minha vida. Eu embarquei de Nova York com destino a Nápoles. Faríamos uma parada Em Portugal.
No assento do meu lado no avião, sentou-se um homem magro com bigodinho engraçado.

Ele tinha um grande nariz adunco e vestia ternos caros, escuros, com uma gravata vermelha. Sua roupa era de boa qualidade, mas era um homem muito feio. Ele parecia nervoso, e suava muito antes da decolagem. Pensei que não seria uma boa aguentar aquele cara do meu lado por quase nove horas de voo.

Imaginei que o homem, que julguei medir cerca de 1 metro e sessenta de altura não gostasse muito de aviões. Ele estava desassossegado, muito ansioso. Mexia toda hora nuns papeis que trazia dobrados no colo.

Nesses momentos, eu nunca sei bem o que falar, não tenho jeito para psicólogo, então me limitei a dar-lhe às costas e olhar pela janela, vendo as luzes da cidade ficando cada vez menores conforme subíamos.

Quando o avião deu sua guinada em curva e avançou sobre o mar.  Pude dar uma última  olhada na “Grande Maçã” que se esvaía no lusco-fusco do início da noite. O horizonte parecia uma mancha acinzentada, levemente alaranjada em cima e escura em baixo, onde era ponteada por milhares de pequenas luzes, e os prédios pareciam palitinhos pretos que estavam cada vez menores. Quando o avião finalmente estabilizou sobre o oceano, já estava bem escuro lá fora.

O homem ao meu lado pareceu mais calmo. Não suava tanto. Ele pegou uns papéis dobrados que trazia no bolso interno do casaco e estava lendo com atenção.
A luz de desafivelar os cintos se acendeu e ele rapidamente tratou de puxar aquela geringonça com dificuldade, tentando se livrar do cinto. Eu vi que ele estava meio atrapalhado pelos papéis no colo e disse, “Ei amigo, puxe essa lingueta ali!”.

Ele conseguiu e me agradeceu. E então, perguntou se eu não ia desafivelar meu cinto. Eu respondi a ele que nunca faço isso.

É estranho, eu sei, mas eu também me dou ao direito de ter algumas manias. Eu nunca desafivelo o cinto no avião enquanto ele está voando. Só ato o cinto quando ele está no chão e só abro quando está no chão novamente.

Eu não sei como nem porquê comecei a fazer isso, mas já me poupou bons sustos com zonas de turbulências inesperadas.
Eu expliquei isso ao meu amigo de poltrona e ele ficou me olhando sério por um segundo, talvez esperando que fosse uma piada, mas quando ele viu que não era, sorriu amarelo e disse que era uma boa ideia. Então, pegou seu cinto de segurança e começou, tão desajeitadamente quando tirou, voltar a prendê-lo. Os papéis no colo estavam atrapalhando, então ele me entregou aquilo:

–“Segure pra mim um momentinho, por favor”.

Eu gentilmente segurei os papéis e bati o olho no material. Havia ali o inconfundível selo papal, notei que o papel era um pouco velho, um pouco oxidado. Sob um texto datilografado em máquina de escrever, eu pude ler uma série de siglas que não me diziam  nada, a princípio.

Quando o homem me viu olhando o papel, ele rapidamente estendeu sua mão magra e com dedos compridos, para que eu lhe devolvesse. Eu devolvi, é claro.
Ele me agradeceu e virou-se para olhar a comissária de bordo que estava passando. Assim que ela se aproximou, o homem perguntou se ela poderia trazer um pouco de água.

Voltei minha atenção para a escuridão lá fora. Na ponta da asa, eu via a luz vermelha do avião brilhando e perdendo luminosidade quando ele atravessava nas nuvens.
Enquanto olhava, fiquei mentalmente tentando entender aquelas siglas do papel do homem feio.

–“Me dá agonia não conseguir ver nada lá fora…” — Ele me disse. Eu me virei para o homem.
–“Estamos nas mãos do piloto.” — Eu respondi.
–“Permita-me discordar. Estamos nas mãos de Deus.” — Ele respondeu, pegando a água que a comissária estendia pra ele.

Ela me ofereceu uma bebida. Peguei um uísque e continuei:

–“Pois foi o que eu disse. Eu só não expliquei quem era o piloto.”
Começamos a rir, e assim, já estava quebrado o gelo.

Olhei para os papéis dobrados no colo dele e perguntei à queima-roupa: “O senhor trabalha no Vaticano?”

Ele me olhou, como que escolhendo cuidadosamente as palavras. “Sou pesquisador para eles.” –Disse. E antes que eu pudesse pensar numa outra pergunta, me bombardeou:

— E o senhor? Está viajando a passeio?”
— “Bem que eu gostaria…” — Respondi.

Expliquei a ele a natureza dos meus negócios de intermediar compras de diversos produtos. Na Itália, tínhamos a representação de uma linha de importação de vinhos e pedras de Mármore para Nova York que não raro, acabavam em problemas com a Máfia Russa nos EUA (que dominam vários portos na costa leste) e a máfia italiana do outro lado. Problemas com duas máfias de uma só vez. E ainda tinha os romenos…

O homem magro do nariz grande e bigodinho parecia muito interessado. Notei seus olhos esbugalhando conforme eu explicava a ele que não raro, era preciso pagar propinas para liberação de documentos básicos nos despachos aduaneiros. E os caminhoneiros romenos eram uma pedra no sapato, pois se eles se negassem tudo parava.

“A propósito, Douglas McKinnon, muito prazer.”
Ele apertou minha mão com força e disse: “Simon Paluzzi”.

Pela cara dele eu achei que ele estava usando nome falso. Eu não sei como consegui esse feeling para pegar mentirosos. Talvez de tanto negociar com os gerentes belgas e com os despachantes aduaneiros na máfia.

Nos acomodamos para esperar a viagem. Eu até tentei dar um cochilo, mas logo seria servido o jantar. Fiquei de olhos fechados pensando naquela figura ali do meu lado.

Eu simplesmente sabia que aquele nome não era o verdadeiro, e então, de imediato, como que num sopro mágico, veio na minha mente: Ali estava um agente secreto.

Foi aí que a sigla fez sentido.

Eu sabia! Eu sabia que tinha visto aquela sigla! Ela estava num livro que eu tinha lido há muitos anos atrás, sobre uma organização secreta do Vaticano, chamada “O Círculo de Octogonus”. Esse homem certamente pertencia a Santa Aliança – hoje conhecida por outro nome “A entidade” – o serviço secreto mais antigo e mais eficiente do mundo. Por isso, ele tinha ficado incomodado quando eu olhei para o papel.

“Então, senhor Simon… O senhor pesquisa o quê para o João Paulo Segundo?”
“Bem, não exatamente para o Papa, mas para um… Um… um… (ele estava gaguejando, imaginei que estava tentando falar sem entregar algum segredo) …consórcio de pesquisas internas do Vaticano sobre a física quântica…”

Se até no nome o que ele dizia parecia mentira, você certamente concordará que puxar “física quântica” para o Vaticano pareceu meio despropositado.

“Então o senhor é um físico?”
“Podemos dizer que sim, mas não dos melhores. Mas trabalho com eles.”

Simon disse rindo, e ali eu senti um tom de forte mentira. Ele era bom. Ele sabia que era e estava tentando soar humilde pra mim, não sei o motivo, afinal mal nos conhecíamos. Talvez ele estivesse temendo que eu fosse algum agente da KGB ou do MI6, sondando ele.

Passamos a conversar amenidades. Quanto mais ele falava, mais eu ia observando suas características, e como ele parecia assertivo ao falar sobre o que ele dominava. Eventualmente nosso papo derivou para tecnologia e computadores. Eu disse a ele que havia acabado de comprar um computador IBM para meus filhos e agora havia briga em casa para usar o computador.
Aproveitei para perguntar se ele tinha filhos, ele me disse que não, e passou ame contar uma história muito trágica de como sua esposa grávida morreu atropelada no Queens.
Nesse momento, testemunhei uma forte emoção que tomou conta dele, e o vi pegando o lenço para enxugar as lágrimas.
Sem saber como agir, peguei minha carteira do bolso e mostrei a ele as fotos das crianças. Ele elogiou a beleza da minha esposa Lucy. Então, vendo que talvez eu estivesse mostrando pra ele a família que ele nunca mais iria ter, guardei a carteira e tentei trocar de assunto, falando do ar condicionado do avião.

A essa altura ele havia também pedido a comissaria um uísque para ele e eu mandei vir outro pra mim. Quando fomos servidos, brindamos e voltamos a falar sobre amenidades, o que nos levou a falar sobre filmes.

Eu havia acabado de assistir o filme do Scorsese “A ultima tentação de Cristo” e ele também.

Meu anovo amigo Simon, agora muito mais aberto e falador, devido às propriedades mágicas de um Scotch 12 anos,  confessou que ficou muito impressionado e num segundo fugaz falou algo que eu ainda não sabia naquele momento, mas iria provocar uma das mais estranhas experiências de minha vida:

Ele disse “…Eu gostei daquele rapaz que interpreta Jesus… (ele estava falando do Willem Dafoe) …Ele é mesmo muito parecido com o verdadeiro… — E prosseguindo na frase sem sequer perceber o que havia me dito, continuou — …Sabe aquela hora que ele pega uma pedra e traça um círculo no chão? Foi bem assim mesmo e…

Eu fiquei parado, bebendo um golinho do meu copo e então ele pareceu cair em si e percebendo que falou demais, se retraiu rapidamente, o que só me deu uma enorme certeza de que Simon havia sido traído pela língua.

” Bem, isso ninguém sabe, ninguém sabe, não é mesmo?” — Ele sorriu amarelo.

“Sem dúvida.” Respondi. Mas para não deixar o assunto morrer, levantei a bola para “Mas o que você achou do Bowie como Pilatos?”
Meu amigo Simon deu uma risada um pouco alta, fazendo uma senhora da fileira em nossa diagonal se virar de cara feia para trás.  Ele percebeu e sussurrou:

–“Nada a ver. Pilatos era bem mais gordo e o olho não era daquele jeito. Coisas de Hollywood. Sabe como é: Vamos botar o astro de rock e atrair uma molecada para o cinema!”

— “Simon, você parece conhecer bem a História de Jesus, não é?”
Simon apenas sorriu e me fitou no fundo dos olhos. Então ele falou assim:

–“Mais do que qualquer um no mundo, senhor McKinnon.”

Eu senti que era a verdade.

— “Por que um físico se interessa tato por história e religião, senhor Simon?”
–“Bem, não sei. Tem pessoas que gostam de Jazz, outros gostam de carros de corrida. Eu sou um, digamos, aficionado pelos tempos de Jesus. E o senhor? Também gosta?”

Talvez por força do uísque – que nessa altura já era meu terceiro – acabei falando o que não devia:

–“Eu não acredito em nada dessas balelas. Pra mim Jesus foi inventado, e tudo aquilo que fizeram foi só para controlar as pessoas…”

Imediatamente Simon pareceu levar um choque. Ele ficou quieto me olhando. Pareceu um pouco triste. Olhou para baixo e manuseou os seus papéis no colo em tenebroso silêncio que me fez sentir mal por expor meu ceticismo. Estava claro pra mim que apesar de cientista -ou agente secreto – Simon era um crente.

Temi ter ferido seus sentimentos e me culpei por ser tão delicado quanto um elefante numa loja de louças.

Nisso, a comissária apareceu com o carrinho perguntando do jantar e felizmente a decisão entre massa ou carne afastou um pouco aquele clima.
Pedimos massa. E um vinho de boa qualidade acompanhou. Entre garfadas no meu Fettuccine ao molho branco e o vinho tinto, pedi desculpas por minha resposta tão contundente ao meu novo amigo.

Eu era um ateu convicto, mas isso não me tornava uma pessoa com ódio da religião ou mesmo da História de Jesus. Eu justamente gostava porque achava que era uma história muito boa, feita por muitas pessoas através de séculos, e disse isso a Simon.

O físico assegurou que não havia problema algum com isso, e começou novamente a me explicar que ele não era exatamente um crente. Ele apenas sabia como eram as coisas. E ele me disse com tanta certeza que me intrigou como ele estava literalmente convencido de Jesus e tudo mais.  Era estranho para um cientista.  Eventualmente, nossa conversa (já na sobremesa) terminou numa frase:

— “Mas isso é sua fé. Você não sabe, você acredita. Acredita tanto, que sua mente se convenceu de que você sabe.” — Eu disse.

Simon apenas me sorriu, saboreando o pudim.

Vendo que daquele mato não iria sair coelho, resolvi deixá-lo em paz. Peguei meu tapa olhos pedi licença e me virei para a janela. Em minutos eu estava dormindo pesado, cheio de vinho na cabeça.  Sonhei com leões do Zoológico.

Só fui acordar quando uma criança desatou a chorar. Levantei meu tapa-olho e vi que ja estava de dia. O sol entrava forte por algumas janelas do avião. As poucas que estavam abertas. Meu amigo do bigodinho dormia segurando os papeis. Aproveitei para dar uma olhada no que era possível ali sob a mão dele.  Parecia um trecho de um relatório, um memorando, cheio de siglas.

Logo a comissaria veio com o carrinho oferecendo o café da manhã. Meu amigo acordou todo amassado.  Disse que ia mandar arrumar um tapa-olhos daquele e um protetor de ouvidos porque a criança estava fazendo um verdadeiro escândalo no voo.

Não me lembro bem como foi mas no café da manhã voltamos a falar de nossas crenças e Jesus e sobre o que ele imaginava saber.

–“Não, Doug. Eu sei. Entenda, eu não acho que é, eu não imagino que é. Eu sei porque… ”

Então ele meio que se tocou e tentou parar de falar bem no meio da frase. O porque saiu quase como um arroto baixo. Mas então, eu não ia deixar essa bola quicando no meu campo. Disparei à queima-roupa o argumento definitivo:

— “Sabe como? Você não estava lá!”
–“Eu vi, Doug. ” — Ele sussurrou.

Nesse momento, eu comecei a temer que talvez estivesse viajando de avião com um mitomaníaco. Talvez ele estivesse apelando para invencionices apenas para não perder no argumento. Sabe como são os cientistas e sua vaidade que beira o patológico. Parei e perguntei a ele:

–“Viu?”

Simon balançou a cabeça assertivamente comendo a ultima colherada no potinho de salada de frutas. Depois entregou o material com o resto do suco de laranja para a comissária que estava recolhendo as bandejas e o lixo.
Quando voltamos a ficar a sós, notei Simon olhando ao redor para se certificar de que todos no voo estivessem distraídos.

Uns liam a Newsweek, outros ainda estavam dormindo, a velha estava fazendo palavras cruzadas e o bebê havia aliviado um pouco o berreiro.
Simon ajustou a poltrona, se aproximou de mim e falou baixo, tão baixo que quase nem consegui ouvir direito:

–“Eu trabalho com um equipamento do Vaticano que é capaz de mostrar imagens do passado. Mas é secreto.”

Entre a total incredulidade e a perplexidade de me deparar com um mentiroso de tal calibre a 30.000 pés de altitude, eu fiz o que sabia fazer de melhor. Eu dei corda!

Simon então começou me fazendo jurar segredo sobre o que iria me falar. Obviamente, prometi nunca contar a ninguém.
Simon começou me falando que o projeto começou com um padre que era físico, chamado Pellegrino Ernetti. Ele começou a servir a igreja e a humanidade a partir dos 16 anos. Além do sacerdócio, foi um estudioso musical e também um exorcista proeminente. Ele tinha grande interesse em assuntos ocultos, mas o fato mais fascinante sobre Ernetti foi seu amor pela física quântica. Esse carinho o transformou em um cientista, e entusiasta de um novo tipo de ciência, que segundo ele soube, era uma tentativa de comunicação com “pessoas mortas”.

Simon disse que naquela época, o Vaticano tinha montado um laboratório desse tipo de investigação, que era na época o mais avançado do mundo. Ernetti era extremamente engenhoso e curioso e começou a construir equipamentos visando uma comunicação com seres desencarnados, e até segundo ele, “de outros mundos” usando tal dispositivo. Não era bem claro como, Simon não deu detalhes, mas Ernetti conseguiu um positivo sucesso nessa comunicação com seres chamados de “Povo do outro lado”.

Essas pessoas orientaram Ernetti no desenvolvimento de um sistema de antenas, que consistia em múltiplas  faixas de captação de ondas possíveis de som e luz.

O dispositivo tinha uma ferramenta de localização de direção. E com a ajuda de comprimentos de onda, a ferramenta era ativada e recebia sinais. O dispositivo precisava, no entanto, de um elemento chamado “O canal”.

O canal era uma pessoa. Por alguma razão, a chave para o funcionamento daquele aparelho dependia fundamentalmente da presença de um certo indivíduo. Foi necessária uma longa busca para localizar o “canal”. Ernetti finalmente conseguiu um menino órfão, de nove anos, vindo de um orfanato Católico em Gallipoli chamado Miguel Geri.

Tempos depois, eles descobririam que o aparelho só funcionava com crianças até 10 anos.

Miguel era dopado com um tranquilizante leve. Depois seu corpo era atado a uma cadeira onde duas hastes de cobre eram presas em suas mãos. Essas hastes levavam a um aparelho complexo.  Era necessário esperar até que Miguel G. começasse a dormir para que o aparelho funcionasse em plenitude. Isso vinha durante o estagio REM.

Inicialmente, Ernetti pensou que o aparelho que ele construiu era um dispositivo para registrar em imagens estáticas os sonhos do menino, mas conforme as comunicações com “o outro lado” continuaram, mais e mais informações levaram Ernetti a entender que ali estava não uma máquina de ver sonhos, mas uma máquina de ver o tempo. A essa maquina ele deu o nome de “Cronovisor”.

Mas o Cronovisor tinha um problema: Ele de alguma maneira levava o pobre Miguel G. à exaustão física. O menino ficava terrivelmente debilitado após cada sessão.
Um intenso trabalho foi feito e o Vaticano, diante das primeiras provas de que Ernetti estava certo, investiu fabulosas somas de dinheiro no aperfeiçoamento da máquina.
Ernetti então mobilizou uma equipe de doze cientistas para trabalhar no equipamento sob sigilo. Em paralelo, o serviço de inteligência do Vaticano foi acionado para encontrar outra criança no mundo que pudesse oferecer o serviço de “canal”. Miguel G. Morreu quando fez exatos dez anos, após diversas tentativas de verificar a história de Jesus no aparelho.

Os cientistas que trabalharam nesse projeto já haviam conseguido saltar tecnologicamente de imagens estáticas para curtos trechos em filme. Mas isso veio com um preço muito alto a pagar. Infelizmente, a perda do canal impossibilitou as pesquisas por nada menos que sete anos.

Após sete anos de buscas mais de 100 crianças foram aprovadas nos testes iniciais para serem usadas como uma parte do cronovisor. A maioria delas foram sequestradas, e acabaram sendo sacrificadas no processo. Segundo Simon, esse foi um tenebroso e triste “efeito colateral” da pesquisa do aparelho. Uma verdade que a Entidade enterrou o mais fundo que podia.

A essa altura, Simon parecia tão sério e verdadeiro, que eu já não me questionava em absolutamente nada. Apenas absorvia com total atenção tudo que ele me contava, porque aqueles nomes, datas e informações técnicas, ele não tinha como estar inventando tudo aquilo!

–“Mas o que deu? Conseguiram fazer funcionar?” –Perguntei afoito.

Simon moveu sua cabeça positivamente, e me contou que Houve um grande “erro” no projeto. Ele me disse que Ernetti havia falado com um grande amigo, que julgava de sua total confiança sobre o Cronvisor.  Sem que pudesse impedir, esse amigo revelou os fatos ao jornal Domenica Del Corriere, que acabou publicando a história.

Logo, Ernetti se viu cercado por jornalistas. O grupo de desenvolvimento do cronovisor percebeu o grande risco dos jornalistas especulando sobre a máquina. Logo, um gabinete de crise foi montado no Vaticano. Nele, os sacerdotes do Vaticano, do serviço de espionagem Papal e da contraespionagem, o Sodalitium Pianum decidiram estabelecer uma contrainteligência para descredibilizar os rumores do Cronovisor. Assim, imagens claramente falsas seriam atribuídas ao Cronovisor, e depois elas seriam desmascaradas levando o assunto ao descrédito, criando também uma cortina de fumaça para as operações e pesquisas com o aparelho.
Isso então foi feito usando a foto de uma estátua e fotos de pinturas e correu exatamente conforme planejado. Queimados, os jornalistas do Domenica del Correiere saíram da jugular dos pesquisadores e o trabalho continuou. Mais seis crianças pereceram durante os estudos.

–“Você tomou parte nisso?” — Questionei surpreso.

Simon olhou para o alto e disse que não. Ele falou apenas que fazia parte do “terceiro grupo”. Eu não soube bem o que esse grupo fazia. Quando ele entrou no projeto, o  projeto cronovisor já estava começando a ser desmantelado.

Fiquei curioso pois me parecia um contrassenso. Algo que já havia levado à morte de tantas crianças sequestradas de suas famílias em todo o mundo pelos agentes do governo do Vaticano… Foi então que Simon me disse algo que me arrepia até hoje:

— “O povo do outro lado… Eles não eram confiáveis!”

Segundo o homem da poltrona ao meu lado naquele voo, o “povo do outro lado” parecia muito interessado em que nós aperfeiçoássemos o cronovisor conforme suas orientações. Muitas vezes, esbarramos em impedimentos teóricos da Física e da Matemática, e eles nos deram respostas que avançaram em muito nossa compreensão do universo. Mas de alguma forma, alguém dentro dos círculos mais altos na Cúria Romana, que Simon suspeita que seja o próprio Papa, estabeleceu que “o Povo do outro lado” estava interessado em abrirmos um canal direto entre nós, neste lado e eles do outro lado. Mas a troco de quê?

Antes que pudéssemos entender se estávamos cegamente construindo uma arapuca para nossa própria existência, veio a ordem papal de desativar tudo e paralisar o projeto. Simon trabalhava no terceiro grupo de desativação. A máquina era tão sofisticada que o segredo dela não poderia estar ao alcance das pessoas que estavam trabalhando nela. Grupos de pesquisas separados e compartimentalizados foram usados para o desmanche do projeto.

–“Mas então você viu o aparelho funcionando?” — Perguntei.
–“Sim”, ele disse. “Vi Jesus e pelo menos quatro dos Apóstolos, mas não sei qual é qual”.
–“Simon, o que foi que você viu que mais lhe impressionou?”
Simon ficou em silêncio um tempo. Pegou o lenço do paletó e passou no bigode. Estava nervoso, parecia tremer um pouco. Ele chegou bem perto do meu ouvido e sussurrou:

–” Eu vi… O inferno.”

Questionei aquele homem sobre sua visão. Não seria um tipo de imagem gerada pela mente das crianças?

Ele negou. Disse que os grupos de pesquisa haviam conseguido aperfeiçoar o aparelho ao ponto de encontrar pontos específicos da História e alguns deles realmente desconstruiriam totalmente o que sabemos. Mas alguns dos fatos Históricos eram reais, como Jesus. Ele então desabotoou o cinto de segurança, foi até o compartimento superior de bagagem de mão e pegou uma pasta de couro. Ele voltou a se sentar, abriu a pasta e mexendo nela puxou um envelope pardo não muito grande, que estava fechado com elástico. Enquanto abria ele foi dizendo:

–“Havia uma menina, chamada Mary Knight, que era muito forte. Essa menina nos permitiu ver outros planetas, lugares ainda desconhecidos no espaço… E então, um dia, ela nos permitiu ver algo que ninguém esperava. Nós vimos o que muitos concordam que é o inferno. E aqui está ele. Ele apareceu nos cronovisors quatro, seis e sete…” — Disse, estendendo o envelope pra mim. Ali dentro estavam algumas fotos impressionantes. Nela, uns aparelhos de televisão meio antiquados ligado num monte de fios mostravam imagens de escadarias e construções estranhas.

Eu estava perplexo diante daquilo. As horas haviam se passado rapidamente. Foi o voo mais estranho da minha vida.
Pegamos um pouco de turbulência e o avião começou a balançar.

Simon se amarrou correndo na cadeira e tornou a suar em bicas.
Devolvi o pacote com as fotos polaroid do aparelho e ele enfiou no bolso do paletó.
Eu tentei em vão acalmar aquele pobre homem.

–“Como está o projeto agora?” — Perguntei tentando fazer com que Simon concentrasse em outra coisa e não na possível queda do nosso avião.
–“Estamos trabalhando em outro equipamento, mas não posso falar dele.”
–“Uau… Mais complexo?”
–“Muito mais… E temo dizer, meu caro, talvez até mais perigoso!”
–“Mas e o Papa?”
–“Ele está perdendo força lá dentro. Carol não durará para sempre. Em breve virá outro papa, e há grupos interessados na retomada do desenvolvimento. Acredito que o próximo Papa irá conduzir o experimento. Rumores internos já indicam isso.”
Fiquei em silêncio olhando pela janela. Já estávamos descendo em Lisboa.
Enquanto pousávamos, perguntei o que ele achava do próximo Papa.
–“Doug, o que eu sei é que se tivermos problemas sérios, do tipo grave mesmo, o próximo papa vai ‘jogar a toalha’.”
–Hã?
–Vai renunciar… — Ele disse.– …Depois vão desmontar tudo novamente. Mas ai talvez o estrago esteja feito.
–Como assim? Nenhum papa jamais renunciou! E aí? Ainda vão sequestrar as crianças?
–Veja, Doug. Esse…É o preço do progresso. — Ele me disse.

Apertou minha mão com força, pegou sua malinha de couro e desceu, junto com os passageiros que estavam saindo do voo naquela escala.
Quando o avião voltou a cabeceira da pista para decolar na direção da Itália, um passageiro me chamou e apontou o chão. Ali eu vi o envelope pardo com as fotos.
Guardei comigo e nunca as mostrei a ninguém.

 

Miostatina: Descubra o touro mais forte do mundo

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Grande parte dos aficionados por academia se dedica a anos de treino rigoroso e disciplina ferrenha para desenvolver músculos volumosos. Para chegar a uma definição muscular impressionante, muitas vezes é necessário um esforço hercúleo, repleto de desafios e sacrifícios. Imagine, no entanto, possuir de maneira inata uma estrutura corporal esbelta e musculosa. É justamente essa a realidade dos touros azuis belgas! Esses touros, notáveis por seu porte muscular, provocam espanto e curiosidade na internet. Descubra a seguir o segredo por trás do tamanho extraordinário dos músculos dos touros azuis belgas.

Por que os touros azuis belgas são tão musculosos?


Touros azuis belgas destacam-se não apenas como qualquer touro, mas pela sua massa muscular excepcional, diferenciando-se significativamente das demais raças. Essa característica faz com que pareçam ter sido alterados geneticamente, embora sua musculatura avantajada seja completamente natural. O motivo por trás desse desenvolvimento muscular extraordinário é uma mutação genética conhecida como “hipertrofia muscular”.

Ausência de miostatina no touro

A hipertrofia muscular é resultado da ausência de uma proteína específica, a miostatina, que tem a função de limitar o crescimento dos músculos.

Uma alteração no gene MSTN, responsável pela miostatina, pode causar uma redução na sua produção ou atividade, levando a um aumento significativo na massa muscular.

 

A condição é cientificamente conhecida como “hipertrofia da miostatina”. É uma condição muito rara e os animais afetados, como os touros azuis belgas, podem ter até o dobro da massa muscular normal e maior força muscular.

Importância da Miostatina

Como afirmado anteriormente, a miostatina é a proteína que regula o crescimento muscular em animais. No entanto, essa não é a única função da miostatina. Pertence à família de proteínas do fator de crescimento transformador beta (TGF-beta) e é produzido principalmente nas células do músculo esquelético.

A miostatina desempenha um papel vital no controle do tamanho dos músculos de todo o corpo, inibindo o crescimento e a diferenciação das células musculares. Esta proteína é secretada pelas células musculares e viaja através da corrente sanguínea até as células-tronco musculares conhecidas como “células satélite”. A miostatina liga-se então a estas células satélites e inibe o seu crescimento e proliferação, limitando em última análise o crescimento muscular.

Além do seu papel na regulação do tamanho muscular, a miostatina também desempenha um papel crucial na manutenção da qualidade muscular. Ajuda a prevenir o acúmulo de fibras musculares danificadas ou disfuncionais, o que pode levar à perda de massa muscular e à fraqueza.

Os humanos também podem obter a mesma mutação genética que o touro com músculos enormes?

A hipertrofia da miostatina pode afetar qualquer mamífero, incluindo também humanos. Embora seja incrivelmente raro em humanos, houve alguns casos documentados de pessoas com esta condição. Um desses casos é o de Nguyen Hoang Nam, um garoto vietnamita.

As fotos de Nguyen se tornaram virais na Internet por ter músculos incríveis desde muito jovem! Ele foi diagnosticado com hipertrofia de miostatina aos seis anos de idade, quando seus músculos começaram a parecer muito mais proeminentes para sua idade. Muitas pessoas nas redes sociais o confundem com um adulto em boa forma com nanismo. Além disso, o menino não apresentava nenhum problema médico devido à sua condição.